É verdade. “Tangled”, o mais recente filme dos estúdios Disney e uma das obras mais aguardadas do ano cinematográfico, chegou às salas de cinema portuguesas sem uma única cópia da versão original assegurada. Para mim, isto é quase um escândalo e vem, uma vez mais, pôr a nu a crescente incompetência (e irresponsabilidade) das distribuidoras nacionais. Portugal deve ser um dos poucos países ditos “modernos” e “civilizados” que ainda continua a encarar o género da animação como algo de menor valor artístico e cujo conteúdo possui relevância apenas para um público mais jovem. Ora, nos tempos que correm, tal coisa não poderia estar mais longe da verdade. Já vão longe os tempos em que os filmes de animação eram pouco complexos e se dirigiam claramente a uma audiência infantil. Hoje em dia, graças aos esforços da Pixar, da DreamWorks Animation e até da própria Disney, o género da animação cresceu a olhos vistos, afirmando-se como um tipo de cinema que merece ser respeitado e que consegue competir com as melhores obras de imagem real. Não é à toa que temos visto Óscares atribuídos a filmes como “Up!”, “WALL-E”, “Beauty and the Beast”, entre muitos outros. Os melhores filmes de animação esforçam-se cada vez mais por construírem histórias com múltiplas camadas interpretativas, não olhando a despesas para agradar a TODOS os públicos; não apenas ao infantil. Isto é um facto que qualquer cinéfilo reconhece. E por essa mesma razão, trata-se de um facto que as distribuidoras portuguesas tinham obrigação de respeitar.
Pois acima de tudo, é disto mesmo que estamos a falar: respeito. Respeito pelos espectadores portugueses que há muito compreenderam que nem todos os filmes de animação se dirigem exclusivamente a um público infantil. Já era altura de os responsáveis pelas exibições de cinema em Portugal compreenderem a diferença entre um “Sininho Salva as Fadas” e um “WALL-E”. Admito que o primeiro seja distribuído só com cópias dobradas em português. Mas o segundo, apesar de ser um filme de animação, tem uma mensagem subjacente e uma qualidade artística que, decerto, um público mais maduro apreciará e gostará de ver na sua versão original (na sua versão imaculada, portanto). “Tangled”, pelas críticas positivas que tem recebido e pelo seu forte apontamento aos Óscares da Academia, afirma-se como um produto cinematográfico semelhante a “WALL-E”. E como tal, por respeito para com os cinéfilos portugueses, deveria chegar às salas de cinema nacionais com um mínimo de cópias originais, legendadas em português, distribuídas.
Que fique claro que este meu manifesto de descontentamento não pretende criticar o trabalho de dobragem (cada vez mais competente) dos actores portugueses. O que eu pretendo aqui expressar é o meu profundo desagrado pela forma como as distribuidoras nacionais consecutivamente desrespeitam e maltratam os espectadores portugueses. O mínimo que se podia exigir era uma cópia da versão original para os distritos mais significativos do país. Mas não. “Tangled” estreia só na versão dobrada (inevitavelmente mais infantilizada do que a original) e, quem quiser, que se amanhe. Custava assim tanto assegurar uma exibição da versão original, pelo menos, nas sessões nocturnas de alguns cinemas do país? Ou será que as distribuidoras pensam que o pessoal que frequenta as sessões da meia-noite tem um interesse desmedido em visionar o filme em português? Ou então pensam que, a essa hora, ainda se encontram muitas crianças nas salas de cinema… E se é uma questão de verbas monetárias, então que não poupem o dinheiro com aquelas obras que mais expectativas criam em torno dos espectadores. Só para dar uma sugestão, da próxima vez, estejam-se nas tintas para a compra de cópias de filmes como “Ponha Aqui o Seu Dentinho” e gastem esse dinheiro na aquisição da versão original de filmes de animação de qualidade aparentemente indiscutível.
Sei que isto não aborrece absolutamente ninguém, mas graças a isto, não deverei ver “Tangled” nos cinemas. Apesar da ansiedade com que o esperava, prefiro aguardar pelo DVD e desfrutar da obra tal como ela deve ser desfrutada (na sua versão original, entenda-se). Pelo menos para o filme aqui em questão, os cinemas portugueses perderam um espectador. E se muitos outros pensarem como eu, então “Tangled” poderá sofrer um revés no Box-Office que, certamente, não estaria à espera de sofrer. E quem mais perde com isto são os artistas que tanto trabalharam na sua concretização; eles que, obviamente, não têm culpa nenhuma desta autêntica vergonha em terras lusitanas.
Pois acima de tudo, é disto mesmo que estamos a falar: respeito. Respeito pelos espectadores portugueses que há muito compreenderam que nem todos os filmes de animação se dirigem exclusivamente a um público infantil. Já era altura de os responsáveis pelas exibições de cinema em Portugal compreenderem a diferença entre um “Sininho Salva as Fadas” e um “WALL-E”. Admito que o primeiro seja distribuído só com cópias dobradas em português. Mas o segundo, apesar de ser um filme de animação, tem uma mensagem subjacente e uma qualidade artística que, decerto, um público mais maduro apreciará e gostará de ver na sua versão original (na sua versão imaculada, portanto). “Tangled”, pelas críticas positivas que tem recebido e pelo seu forte apontamento aos Óscares da Academia, afirma-se como um produto cinematográfico semelhante a “WALL-E”. E como tal, por respeito para com os cinéfilos portugueses, deveria chegar às salas de cinema nacionais com um mínimo de cópias originais, legendadas em português, distribuídas.
Que fique claro que este meu manifesto de descontentamento não pretende criticar o trabalho de dobragem (cada vez mais competente) dos actores portugueses. O que eu pretendo aqui expressar é o meu profundo desagrado pela forma como as distribuidoras nacionais consecutivamente desrespeitam e maltratam os espectadores portugueses. O mínimo que se podia exigir era uma cópia da versão original para os distritos mais significativos do país. Mas não. “Tangled” estreia só na versão dobrada (inevitavelmente mais infantilizada do que a original) e, quem quiser, que se amanhe. Custava assim tanto assegurar uma exibição da versão original, pelo menos, nas sessões nocturnas de alguns cinemas do país? Ou será que as distribuidoras pensam que o pessoal que frequenta as sessões da meia-noite tem um interesse desmedido em visionar o filme em português? Ou então pensam que, a essa hora, ainda se encontram muitas crianças nas salas de cinema… E se é uma questão de verbas monetárias, então que não poupem o dinheiro com aquelas obras que mais expectativas criam em torno dos espectadores. Só para dar uma sugestão, da próxima vez, estejam-se nas tintas para a compra de cópias de filmes como “Ponha Aqui o Seu Dentinho” e gastem esse dinheiro na aquisição da versão original de filmes de animação de qualidade aparentemente indiscutível.
Sei que isto não aborrece absolutamente ninguém, mas graças a isto, não deverei ver “Tangled” nos cinemas. Apesar da ansiedade com que o esperava, prefiro aguardar pelo DVD e desfrutar da obra tal como ela deve ser desfrutada (na sua versão original, entenda-se). Pelo menos para o filme aqui em questão, os cinemas portugueses perderam um espectador. E se muitos outros pensarem como eu, então “Tangled” poderá sofrer um revés no Box-Office que, certamente, não estaria à espera de sofrer. E quem mais perde com isto são os artistas que tanto trabalharam na sua concretização; eles que, obviamente, não têm culpa nenhuma desta autêntica vergonha em terras lusitanas.
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