domingo, 31 de outubro de 2010

Crítica - Paranormal Activity 2 (2010)

Realizado por Tod Williams
Com Brian Boland, Sprague Grayden, Molly Ephraim, Katie Featherston, Micah Sloat

Saído da mente do realizador Oren Peli, “Paranormal Activity” - um filme de baixo orçamento rodado na própria casa do realizador, foi um autêntico fenómeno de popularidade à escala mundial. A sua premissa era simples e bastante original: um casal de jovens sente-se assombrado por um fantasma ou poltergeist e, com o intuito de compreender o que se passava enquanto dormiam, ambos decidem recorrer às filmagens de uma câmara para captar todo e qualquer fenómeno paranormal. Acima de tudo, o filme valia pela sua densa atmosfera de tensão, criada através de subtis jogos de som e de luz. Imediatamente, a crítica especializada bafejou a obra de Peli com uma montanha de elogios, chegando mesmo a haver quem dissesse que se estava perante um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Num ápice, também o público aderiu em massa ao novo fenómeno do cinema de terror, havendo mesmo relatos de pessoas que desmaiavam em plena sala de projecção e rumores acerca de países que proibiam a exibição do filme, supostamente por este se tratar de uma obra demasiado perturbadora. Campanha de marketing bem sucedida aliada a histeria por parte do público? Talvez. Mas ainda assim, ninguém podia negar que “Paranormal Activity” era um filme bastante assustador. Uma obra que pecava por alguma falta de arrojo nos seus minutos finais, mas que havia reservado o seu merecido lugar na História da Sétima Arte.
E como não podia deixar de ser, perante tão avultada fama e tão aclamado sucesso, os produtores da Paramount Pictures não perderam tempo em engendrar uma sequela. Três anos depois do ilustre filme original (porque apesar da maior parte do público só o ter visto no ano passado, o filme de Oren Peli já datava de 2007), “Paranormal Activity 2” chega às salas de cinema mundiais com um orçamento muitíssimo superior e expectativas mais elevadas do que nunca por parte de todos os cinéfilos. Para esta sequela, o factor surpresa não era mais um trunfo. Ao contrário do que havia acontecido com a obra original, ao entrar na escuridão da sala de cinema, desta vez já todos sabem ao que vão. E talvez por causa disso (e também de muito mais), “Paranormal Activity 2” não consegue ter o mesmo impacto do seu predecessor.
De certa forma, “Paranormal Activity 2” está mais próximo de ser uma prequela do que uma sequela. Ao contrário do que se poderia pensar, não acompanhamos os acontecimentos posteriores à morte de Micah (Micah Sloat), mas sim os acontecimentos que precedem tudo aquilo que nos foi permitido visionar na película original. Desta vez, Katie (Katie Featherston) e Micah são relegados para segundo plano (apesar de Katie continuar a ser uma personagem preponderante no desenrolar de toda a narrativa). Esta obra de Tod Williams leva-nos antes a conhecer a família de Kristi Rey (Sprague Grayden) – a irmã de Katie, da qual já tínhamos ouvido falar no primeiro filme. Após um violento assalto à moradia da família Rey, Dan (Brian Boland) – o marido de Kristi – decide instalar um sistema de câmaras de vigilância por toda a casa como forma de precaver uma segunda ocorrência do mesmo fenómeno. Nos primeiros dias após a instalação das referidas câmaras, nada de anormal é captado pelo sistema de gravação. Porém, aos poucos, o demónio que viria a assombrar Katie começa a aterrorizar a família Rey com consequências incomensuravelmente trágicas para todos aqueles que os rodeiam. E para deleite do espectador, todo o horror fica registado nas câmaras de vigilância.


Comecemos já por abordar aquilo que, provavelmente, todos quererão saber. Afinal de contas, “Paranormal Activity 2” é melhor ou pior do que o filme original? A minha resposta não é mais do que uma mera opinião pessoal; mas ainda assim, é uma resposta peremptória: apesar dos orçamentos mais elevados e apesar dos valorosos esforços do realizador Tod Williams, “Paranormal Activity 2” é consideravelmente mais fraquinho que o seu antecessor. Não sou daqueles que defende que o primeiro filme é o melhor filme de terror de todos os tempos. Todavia, sempre reconheci que “Paranormal Activity” era uma obra bastante interessante e deveras assustadora. Um daqueles filmes raros que tem a força necessária para nos tirar o sono por algumas noites. E isto é algo que a sua sequela, apesar de também possuir momentos de absoluta tensão e arrepiante pavor, não consegue fazer.
Estamos a falar de uma película que tem os seus momentos. Ao bom estilo do filme original, os espectadores podem contar com vários momentos em que terão dificuldades em manter os olhos abertos. Principalmente no seu último terço, “Paranormal Activity 2” proporciona minutos de alta tensão; minutos em que os espectadores estão constantemente a saltar das suas cadeiras. Contudo, não consegue despoletar em nós a mesma sensação de terror que tanta fama deu à obra original. Por um lado, isto deve-se ao tal factor surpresa que já se evaporou. Mas por outro lado, deve-se também a uma realização mais fraquinha por parte de Tod Williams e a um argumento que nos deixa a torcer levemente o nariz.


Em vários momentos da película, ficamos com a nítida sensação de que tudo está a decorrer de forma demasiado apressada. Algumas das cenas nocturnas passam tão rápido que nem deixam o espectador saborear a tensão do profundo silêncio. E tal como no primeiro filme, muitas dessas cenas terminam quando estão precisamente a ficar mais interessantes. A realização de Williams não dá espaço a que as personagens desabrochem, nem permite que elas se aprofundem. Como consequência disto, o espectador acaba por não se identificar tanto com o sofrimento das personagens e isso reflecte-se na forma como muitos acabam por perder o interesse pelas mesmas, começando até a soltar gargalhadas quando deviam estar arrepiados de medo. “Paranormal Activity 2” é um filme bem mais desequilibrado e inconsistente que o seu antecessor. Tal como já foi dito, o argumento também não ajuda, presenteando-nos com uma narrativa que, a espaços, se nota que é demasiado forçada e pouco credível. Na minha opinião, a ponte de ligação que tentam fazer com o primeiro filme é inverosímil e chega mesmo a apresentar algumas pontas soltas que só confundem o espectador.
Concluindo, pode dizer-se que “Paranormal Activity 2” desilude um pouco. Mas ainda assim, acaba por não estar muito longe daquilo que a obra original já nos tinha oferecido. Razão pela qual penso que será justo dizer que a maior parte dos espectadores não deverá sair defraudada da sala de cinema. Embora duvide que voltemos a ouvir relatos de pessoas desmaiadas e vetos governamentais.

Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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