sábado, 30 de outubro de 2010

Crítica - Ondine (2009)

Realizado por Neil Jordan
Com Colin Farrell, Alicja Bachleda, Tony Curran

A ilusão de fantasia reina em Ondine”, um romance dramático onde somos confrontados com uma sobreposição constante entre a realidade e o misticismo irlandês, uma sobreposição meramente ilusória que foi magistralmente montada por Neil Jordan, um experiente cineasta que mais uma vez conseguiu rentabilizar uma história aparentemente vulgar. Syracuse (Colin Farrell) é um humilde pescador irlandês com vários problemas financeiros que dedica todo o seu tempo livre à sua única filha, Annie (Allison Barry), uma menina sonhadora que se encontra gravemente doente. Um dia, Syracuse encontra presa à sua rede de pesca uma bela e misteriosa mulher, Ondine (Alicja Bachleda), por quem se apaixona perdidamente e que rapidamente cativa a sua filha que acredita que ela é uma selkie, uma mítica sereia/ninfa com poderes mágicos que apareceu subitamente nas suas vidas para resolver todos os seus problemas.


À semelhança do que fez com “Breakfast on Pluto” (2005) ou com “Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles” (1994), Neil Jordan conseguiu transformar uma história relativamente comum numa fantasia edílica que utiliza vários elementos folclóricos para nos manter ”amarrados” a um enredo simples que se centra, neste caso concreto, num incandescente romance entre Syracuse e Ondine mas que também explora vários temas complexos como o alcoolismo ou o tráfico de narcóticos, no entanto, nenhum destes temas é alvo de uma abordagem exaustiva porque o que realmente está no centro desta história é o amor, um poderoso sentimento que está presente nas três relações que são estabelecidas entre as três personagens principais e que é claramente rentabilizado pela fantasia e pelo misticismo inerentes à lenda das selkies. Ao contrário de “Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles”, “Ondine” utiliza apenas uma ilusão de uma fantasia/lenda para nos manter presos à sua história, no entanto, só muito perto do seu final é que nos apercebemos que nunca estivemos perante uma verdadeira fantasia mas sim perante uma história romântica em que alguns dos seus intervenientes foram induzidos em erro por uma série de coincidências e de suposições baseadas em lendas populares. A sua conclusão também oferece às três personagens principais um final feliz digno de qualquer lenda ou conto de fadas, um final que elas bem merecem tendo em conta os vários dramas pessoais que vão surgindo ao longo do filme, dramas esses que forsm superados com sucesso.


A vertente folclórica de “Ondine” é fortalecida pelas belas paisagens irlandesas que são maravilhosamente captadas pela suave e cinzenta fotografia de Christopher Doyle, um conceituado cinematógrafo que concebeu a fotografia de “Lady in the Water” (2006), um filme que também se centrava numa espécie de sereia. O seu elenco tem uma performance global muito boa. Colin Farrell está muito bem como Syracuse/Circus, uma performance convincente que consegue apagar alguns dos seus recentes trabalhos mais fracos. Alicja Bachleda não está tão forte como Farrell mas dentro das características da sua personagem não poderia ter feito muito melhor. A pequena Allison Barry também nos oferece uma boa performance, muito embora a sua personagem seja alvo de um tratamento excessivamente melodramático. É verdade que ”Ondine” é um agradável e simplista romance que nos mostra a grande habilidade que Neil Jordan tem em contar uma história mas também é verdade que esta obra está longe de ser perfeita.

Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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