Realizador por M. Night Shyamalan
Com Noah Ringer, Dev Patel, Nicola Peltz, Jackson Rathbone, Shaun Toub, Aasif Mandvi
A série televisiva “Avatar: The Last Airbender” não é muito conhecida na Europa mas foi um verdadeiro sucesso nos Estados Unidos da América onde foi exibida durante três temporadas no Nickelodeon, um canal que é controlado pela Viacom que também controla a Paramoun Pictures, um estúdio que decidiu transformar esta conhecida série animada numa trilogia cinematográfica que é iniciada com este “The Last Airbender”, um filme muitíssimo fraco a todos os níveis. A sua história é ambientada num mundo místico que se encontra dividido em quatro tribos (Nação do Fogo, Reino da Terra, Tribo das Águas e Nómadas do Ar) que viviam em harmonia sob a supervisão do Avatar Supremo, um individuo que controlava os quatro elementos e que dominava as artes marciais, no entanto, este “líder” desapareceu subitamente sem deixar rasto, um facto que foi imediatamente aproveitado pela Nação do Fogo que declarou guerra às restantes tribos que foram rapidamente derrotadas e subjugadas à vontade da nação mais forte. Um século depois do início do violento conflito tudo continua na mesma porque ninguém tem o poder necessário para contrariar a Nação Fogo que continua imparável, no entanto, tudo isto se altera quando é descoberta a reencarnação do Avatar Supermo, Aang (Noah Ringer), um menino muito sábio e muito forte que se assume como a única esperança da resistência, assim sendo, Aang e os seus aliados, Katara (Nicola Peltz) e Sokka (Jackson Rathbone), vão embarcar numa enorme aventura com o intuito de derrotar a Nação do Fogo e de restituir o equilíbrio ao seu mundo devastado.
A história do filme é relativamente fiel à história do cartoon, no entanto, não é tão bem explorada ou tão bem explicada, assim sendo, somos confrontados com uma narrativa confusa e extremamente omissa que não resume satisfatóriamente o extenso enredo refrente ao capítulo "introdutório" da série animada . A sua narrativa também não é muito elucidativa porque não nos oferece muitas informações absolutamente essenciais sobre o mundo, as criaturas e as normas místicas de “Avatar – The Last Airbender”. As histórias individuais das personagens principais também não são habilmente desenvolvidas e acabam por nos causar várias dúvidas sobre as suas origens e sobre as suas verdadeiras intenções, dúvidas essas que acabam por nunca ser devidamente clarificadas nem mesmo através dos vários diálogos entre os inúmeros intervenientes da história porque esses momentos comunicacionais são maioritariamente enfadonhos e inúteis, esta última característica também se pode aplicar à maioria das personagens secundárias que são claramente descartáveis. "The Last Airbender" encerra com uma enorme batalha com muitas reviravoltas, sacrificios e mortes, assim sendo, esta conclusão acaba por se assumir como o momento mais interessante de todo o filme até porque acaba por nos apresentar o verdadeiro vilão da história, Azula.
Os últimos trabalhos de M. Night Shyamalan, “Lady In the Water” (2006) e “The Happening” (2008), foram um verdadeiro fracasso e “The Last Airbender” também o é, no entanto, ao contrário dos últimos dois, este filme não se encaixa minimamente no estilo alternativo do cineasta, muito pelo contrário, é um filme visivelmente comercial que se afasta claramente dos misteriosos e metafóricos “The Six Sense” (1999), “Signs” (2002) ou “The Village (2004), os três melhores trabalhos deste realizador que aparentemente se rendeu/vendeu a Hollywood e ao seu estilo mais comum e muito mais leviano. O visual de “The Last Airbender” é muito rico em cores visualmente atractivas que, à semelhança da série animada, estão essencialmente presentes nos seus fantásticos cenários naturais. As suas sequências de acção são cativantes mas não são fantásticas. Os vários confrontos físicos e sobrenaturais estão muito bem coreografadas e são muito movimentados, no entanto, são demasiado artificiais, ou seja, são compostos por demasiados efeitos especiais que acabam por retirar muita credibilidade e realismo a estas lutas que supostamente deveriam homenagear a vertente física das artes marciais asiáticas. À semelhança de “Clash Of the Titans”, “The Last Airbender” não foi rodado em três dimensões mas acabou por ser convertido a esta tecnologia tridimensional, no entanto, esta conversão não melhorou o seu visual mas melhorou os seus resultados comerciais nas bilheteiras porque as exibições em 3D são muito mais rentáveis. O trabalho do seu elenco não é fenomenal, Noah Ringer até nos oferece uma performance substancialmente interessante mas os restantes actores não nos convencem. O humorista Aasif Mandvi é completamente inconvincente como o vilão Zaho e Dev Patel interpreta uma personagem muitíssimo confusa que não lhe permitiu fazer melhor. Nicola Peltz e Jackson Rathbone têm performances medíocres e poderiam ter feito muito melhor até porque as suas personagens não estão muito mal construídas. Em suma, “The Last Airbender” não é uma honrosa adaptação cinematográfica da conhecida série televisiva e também não representa o melhor início de uma trilogia que se avizinha desastrosa e medíocre.
Classificação – 1,5 Estrela em 5
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