quarta-feira, 2 de junho de 2010

Crítica – Sex And The City 2 (2010)

Realizado por Michael Patrick King
Com Sarah Jessica Parker, Kristin Davis, Cyntia Nixon, Kim Cattrall

Este filme não é para homens. Griffes, brilhantes e saltos altos, desejos sexuais femininos explicitamente assumidos e desavergonhadamente concretizados, luxos das arábias associados ao sempre presente sonho americano e a uma maneira muito própria que Hollywood tem de contar histórias são ingredientes claramente dirigidos ao público feminino. Sem pretender ser um filme de arte, Sex and the city 2 faz sonhar e o cinema também serve para isso.
As quatro famosas amigas conseguem, através do trabalho de Samantha (Kim Cattrall) como relações públicas, uma viagem ao inacreditavelmente rico estado de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Para quem julgava que o estilo de vida das quatro amigas só era possível em Nova York desengane-se, nas arábias o luxo hiperboliza-se bem como se adensam os problemas que deixaram na Big Apple. Casada há dois anos com o homem que sempre desejou, Carrie (Sarah Jessica Parker) sente-se angustiada com a perspectiva de ver o seu casamento transformado por um dia a dia rotineiro e desinteressante, situação que se agrava quando o marido a brinda com uma televisão para o quarto para verem velhos filmes a preto e branco na cama ao serão; Miranda (Cyntia Nixon) recuperou o seu casamento mas desespera com o ambiente de trabalho que vive na sociedade de advogados a que pertence; Charlotte (Kristin Davis) sente-se enlouquecer com a dedicação e exigência emocional que ser mãe de dois bebés implica e torna-se insegura com o facto de a sua maior ajuda, a ama das crianças, ser uma jovem sensual que se recusa a usar sutiã; por fim a louca Samantha luta com todas as forças contra a chegada da menopausa e a assutadora iminência de ver o seu famoso desejo sexual diminuído. Absolutamente imersas no mais faustoso e inacreditável luxo, cada uma tem, por exemplo, um carro e um mordomo particular à disposição, as quatro amigas vão tentando aproveitar a viagem o melhor que podem e resolver dentro de si mesmas estes dramas até que Samantha quase que deita tudo a perder.


O filme conta ainda com participações especiais mas algo forçadas de figuras de renome como Liza Minelli ou Penélope Cruz que contribuem, sem dúvida, para reforçar todo o glamour do ambiente criado. O argumento ousa ainda tocar em temas delicados como a aceitação pelos heterossexuais, mesmo os mais tolerantes, do casamento gay ou ainda, e aí pode por vezes ir um pouco longe demais, o choque cultural entre a liberdade ocidental e as rígidas normas muçulmanas, religião que , lembro, abriu guerra declarada ao Ocidente. Este é talvez o ponto mais sensível da obra, a sexualidade quase obscena de Samantha e deliberadamente usada para chocar os árabes e, de alguma forma, ridicularizar todos os seus preconceitos. Também o mundo sofisticado, independente e liberal das quatro amigas surge como um exemplo de emancipação para as mulheres muçulmanas escondidas debaixo das horríveis burkas. Denuncia-se ainda o choque tremendo entre a imitação aparente de todo o progresso ocidental levados a extremos de luxo insultuosos e o conservadorismo cego do Islão. Mas tudo isto é feito de saltos altos e com muito brilho.
O filme cumpre portanto a necessidade que temos de sonhar, permitindo-nos usufruir por algumas horas de tudo aquilo com que sempre sonhámos e ainda ousa provocar o público tocando em questões sociais sensíveis bem como em crises emocionais muito familiares a todas as mulheres. Como não podia deixar de ser a obra começa com o famoso american dream tornado realidade e termina com um happy end, à boa maneira de Hollywood. E a verdade é que as pessoas também precisam disto.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

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