Realizado por Mike Newell
Com Jake Gyllenhaal, Gemma Arterton, Ben Kingsley, Alfred Molina
Com o passar dos últimos anos, Jerry Bruckheimer transformou-se em mais do que um simples nome no seio de Hollywood. Este visionário e arrojado produtor de inúmeros blockbusters bem conhecidos do público em geral (como por exemplo, a recente saga de “Pirates of the Caribbean”) tornou-se, acima de tudo, numa forte marca de um género cinematográfico com provas dadas em termos lucrativos: as grandes aventuras de acção para toda a família. Como um dos mais bem sucedidos produtores de Hollywood, a sua abordagem no set de rodagem pode, de certa forma, limitar a criatividade do realizador contratado, mas acaba por se enquadrar perfeitamente na aposta de mercado “pipoqueira” que predomina nos grandes estúdios norte-americanos. Bruckheimer é daqueles produtores que aposta tudo no aspecto visual de um filme, arriscando-se a descurar o equilíbrio da narrativa e a profundidade das personagens que lhe dão vida. É a típica filosofia do cinema enquanto ferramenta de deslumbramento visual. Apesar desta abordagem de mercado algo dúbia e discutível, será justo dizer que Bruckheimer lá consegue apresentar-nos filmes de aspecto visual apelador, sem descurar completamente a qualidade da narrativa e a credibilidade das personagens envolvidas. Atendendo ao referido exemplo da saga do inesquecível Capitão Jack Sparrow, Bruckheimer consegue oferecer-nos filmes que agradam tanto ao público em geral como à crítica especializada. São grandiosos filmes de aventura para toda a família que, através da marca Bruckheimer, nos asseguram uma coisa: entretenimento garantido.
“Prince of Persia: The Sands of Time” não foge a esta regra de mercado nem à filosofia de produção muito própria de Bruckheimer. Numa altura em que a saga dos tresloucados piratas das Caraíbas se encontra em fase de preparação para voltar a atacar as salas de cinema mundiais, os estúdios da Walt Disney chegaram à conclusão de que, entretanto, necessitavam de apostar no começo de uma nova saga que lhes pudesse encher os cofres de dinheiro. E para atingir esse objectivo, nada melhor do que apostar na primeira adaptação cinematográfica de um dos mais míticos e adorados videojogos de todos os tempos – Prince of Persia. É certo que uma terrível maldição parece pairar sobre as adaptações de videojogos para o grande ecrã da Sétima Arte. De muitas adaptações desse tipo realizadas até hoje, muito poucas foram aquelas que escaparam a uma nefasta mediocridade. Assim sendo, os cinéfilos de todo o mundo começaram a convencer-se de que seria impossível encontrar matéria-prima cinematográfica decente num mero videojogo. Tal ideia, como já aqui defendi, não passa de uma falácia.
Com Jake Gyllenhaal, Gemma Arterton, Ben Kingsley, Alfred Molina
Com o passar dos últimos anos, Jerry Bruckheimer transformou-se em mais do que um simples nome no seio de Hollywood. Este visionário e arrojado produtor de inúmeros blockbusters bem conhecidos do público em geral (como por exemplo, a recente saga de “Pirates of the Caribbean”) tornou-se, acima de tudo, numa forte marca de um género cinematográfico com provas dadas em termos lucrativos: as grandes aventuras de acção para toda a família. Como um dos mais bem sucedidos produtores de Hollywood, a sua abordagem no set de rodagem pode, de certa forma, limitar a criatividade do realizador contratado, mas acaba por se enquadrar perfeitamente na aposta de mercado “pipoqueira” que predomina nos grandes estúdios norte-americanos. Bruckheimer é daqueles produtores que aposta tudo no aspecto visual de um filme, arriscando-se a descurar o equilíbrio da narrativa e a profundidade das personagens que lhe dão vida. É a típica filosofia do cinema enquanto ferramenta de deslumbramento visual. Apesar desta abordagem de mercado algo dúbia e discutível, será justo dizer que Bruckheimer lá consegue apresentar-nos filmes de aspecto visual apelador, sem descurar completamente a qualidade da narrativa e a credibilidade das personagens envolvidas. Atendendo ao referido exemplo da saga do inesquecível Capitão Jack Sparrow, Bruckheimer consegue oferecer-nos filmes que agradam tanto ao público em geral como à crítica especializada. São grandiosos filmes de aventura para toda a família que, através da marca Bruckheimer, nos asseguram uma coisa: entretenimento garantido.
“Prince of Persia: The Sands of Time” não foge a esta regra de mercado nem à filosofia de produção muito própria de Bruckheimer. Numa altura em que a saga dos tresloucados piratas das Caraíbas se encontra em fase de preparação para voltar a atacar as salas de cinema mundiais, os estúdios da Walt Disney chegaram à conclusão de que, entretanto, necessitavam de apostar no começo de uma nova saga que lhes pudesse encher os cofres de dinheiro. E para atingir esse objectivo, nada melhor do que apostar na primeira adaptação cinematográfica de um dos mais míticos e adorados videojogos de todos os tempos – Prince of Persia. É certo que uma terrível maldição parece pairar sobre as adaptações de videojogos para o grande ecrã da Sétima Arte. De muitas adaptações desse tipo realizadas até hoje, muito poucas foram aquelas que escaparam a uma nefasta mediocridade. Assim sendo, os cinéfilos de todo o mundo começaram a convencer-se de que seria impossível encontrar matéria-prima cinematográfica decente num mero videojogo. Tal ideia, como já aqui defendi, não passa de uma falácia.
O mundo dos videojogos fala uma linguagem muito diferente do mundo do cinema. Como tal, uma adaptação deste tipo bem sucedida revela-se, sem dúvida, árdua e desafiadora. Porém, existem muitos videojogos que apresentam um enorme potencial para funcionarem como grandes películas da Sétima Arte. Tudo o que é preciso é que esses projectos sejam ambiciosos e, de preferência, que caiam nas mãos de profissionais competentes e de créditos firmados. Felizmente, “Prince of Persia: The Sands of Time” não foi colocado nas mãos de Paul W. S. Anderson ou do incrivelmente fatídico Uwe Boll. Mike Newell (realizador de filmes como “Mona Lisa Smile”, “Harry Potter and the Goblet of Fire” ou “Four Weddings and a Funeral”) foi chamado para a cadeira de realizador e, para além disso, um elenco de talentosos e competentíssimos actores aceitou fazer parte deste grande e ambicioso projecto. Adaptação de videojogo ou não, “Prince of Persia: The Sands of Time” tinha assim todas as condições para quebrar a maldição e agradar à maior parte dos espectadores. Bom… quer sejam fãs e conhecedores do mítico videojogo, quer não, o que vos posso dizer é que, apesar de não ser brilhante, “Prince of Persia: The Sands of Time” desabrocha como um filme bastante agradável e divertido. Um verdadeiro filme de aventura para toda a família que consegue ser fiel ao universo do videojogo, sem se deixar afectar por limitações criativas que daí poderiam advir.
A película conta-nos a valorosa história de Dastan (Gyllenhaal), um ágil órfão pobretanas do antigo reino persa que se vê obrigado a enveredar por actos de delinquência com o intuito de sobreviver. Num dia como tantos outros, Dastan faz frente a um dos brutos soldados do império e capta a atenção do Rei. Impressionado pela bravura e espírito combativo do jovem rapaz, o Rei decide adoptá-lo como seu próprio filho e é assim que um simples órfão se transforma num Príncipe da Pérsia. Muitos anos mais tarde, Dastan acompanha os seus dois irmãos numa demanda para conquistar o misterioso reino de Alamut – local sagrado onde reside a Adaga do Tempo e as místicas areias que permitem controlar o destino do Homem. Após uma feroz batalha, a Princesa Tamina (Arterton) – fiel e destemida guardiã da Adaga – é capturada e transportada até à Pérsia com o intuito de se tornar uma das mulheres de um dos irmãos de Dastan. Após um inesperado conjunto de acontecimentos, Dastan vê-se subitamente acusado de alta traição pela morte do Rei e, conjuntamente com Tamina, emprega numa mística viagem que terá como objectivo proteger a Adaga Sagrada e salvar a honra do seu próprio nome no seio do grandioso império.
Acima de tudo, “Prince of Persia: The Sands of Time” é um filme que garante duas boas horas de puro e descomplexado entretenimento. Aqui não se pretendem elaborar grandes questões acerca do sentido da vida ou da natureza humana. Não estamos perante um “dramalhão” que tem como objectivo surpreender-nos com o poder das interpretações dos actores e fazer-nos pensar na próxima cerimónia dos Oscar. O principal propósito deste filme é entreter o espectador e, através de batalhas épicas, personagens cómicas, gloriosos cenários e mágicos romances, fazê-lo passar um bom bocado na sala de cinema. O cinema também é (e deve ser) entretenimento. E “Prince of Persia: The Sands of Time” comprova isso mesmo. Durante duas horas, somos brindados com uma bem-disposta aventura maior que a vida, onde o fervor da batalha, a inquebrável honra de um guerreiro e um deslumbrante romance entre Príncipes de um reino distante formam as palavras de ordem. Esta mais recente obra de Mike Newell não mostra nenhum pretensiosismo. Ela assume-se como divertida aventura para toda a família e tem toda a legitimidade para fazê-lo.
Para além dos cenários marroquinos absolutamente fabulosos e da dinâmica com que as cenas de batalha são filmadas, o grande trunfo do filme acaba curiosamente por residir no factor onde muitos esperariam identificar os maiores podres: a prestação do elenco principal. “Prince of Persia: The Sands of Time” aposta sobretudo no aspecto visual, mas não descura a credibilidade dos seus personagens e isso é fundamental para uma avaliação global positiva da película. Jake Gyllenhaal e Gemma Arterton apresentam uma química entre ambos difícil de encontrar, reservando os melhores momentos do filme para as cenas de zaragata entre os dois jovens, determinados e casmurros Príncipes. Ben Kingsley está, como sempre, brilhante na interpretação do pérfido e traiçoeiro vilão chamado Nizam – o tio do falecido Rei da Pérsia. A forma subtil e contida como interpreta as negras emoções da sua personagem faz jus à maleficência de Jaffar – o vilão do videojogo original. Destaque também para Alfred Molina e o seu cómico personagem adorador de avestruzes. Por entre cenas de batalha intensas, este quarteto de actores assegura a atenção total do espectador e mantém-no interessado até ao desenrolar dos créditos finais.
Mas “Prince of Persia: The Sands of Time” apresenta também os seus pontos fracos. A narrativa despretensiosa faz com que o filme se torne previsível e vulgar. A montagem perpetrada pelos editores Mick Audsley, Martin Walsh e o grande Michael Kahn (habitual colaborador de Spielberg) deixa também muito a desejar. Por vezes, a narrativa desenrola-se demasiado depressa e certas transições de planos estão efectuadas de forma algo brusca e descuidada. Isto faz com que, em certos momentos, o espectador fique desorientado e já não saiba se as personagens estão no coração da Pérsia, em Alamut, ou seja onde for. Um pouco mais de cuidado na realização de Newell e na montagem final da película corrigiriam estes aspectos. Algo que me entristeceu foi também a ausência total e deliberada das «SPOILER» armadilhas mecânicas dos Palácios, algo que sempre foi uma das imagens de marca do videojogo e que não passará despercebido aos fãs (como eu) do videojogo.
Em suma, “Prince of Persia: The Sands of Time” comprova que é possível dar vida a boas adaptações cinematográficas de famosos videojogos. Sendo fiel ao espírito e ao universo do videojogo e respectivas personagens, o filme consegue viver para além do videojogo e facilmente cativará a atenção de quem nunca tiver ouvido falar deste corajoso Príncipe da Pérsia. Porém, apesar de tudo, a sensação de que tinha potencial para mais é inevitável. Mas caso se dê luz verde a uma sequela (como é muito provável), conhecendo a matéria-prima dos videojogos subsequentes a “Sands of Time” e pela forma como este filme encerra, poderemos aguardar pelas próximas aventuras do príncipe Dastan com elevadas expectativas. Pois há matéria-prima para mais e melhor. Enquanto humildes espectadores, no que à saga das areias do tempo diz respeito, resta-nos aguardar e ver o que o destino nos reserva.
Em suma, “Prince of Persia: The Sands of Time” comprova que é possível dar vida a boas adaptações cinematográficas de famosos videojogos. Sendo fiel ao espírito e ao universo do videojogo e respectivas personagens, o filme consegue viver para além do videojogo e facilmente cativará a atenção de quem nunca tiver ouvido falar deste corajoso Príncipe da Pérsia. Porém, apesar de tudo, a sensação de que tinha potencial para mais é inevitável. Mas caso se dê luz verde a uma sequela (como é muito provável), conhecendo a matéria-prima dos videojogos subsequentes a “Sands of Time” e pela forma como este filme encerra, poderemos aguardar pelas próximas aventuras do príncipe Dastan com elevadas expectativas. Pois há matéria-prima para mais e melhor. Enquanto humildes espectadores, no que à saga das areias do tempo diz respeito, resta-nos aguardar e ver o que o destino nos reserva.
Classificação – 3,5 Estrelas Em 5
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