segunda-feira, 3 de maio de 2010

Crítica - Greenberg (2010)

Realizado por Noah Baumbach
Com Ben Stiller, Greta Gerwig, Jennifer Jason Leigh

As comédias dramáticas são a especialidade cinematográfica de Noah Baumbach, um cineasta que já nos apresentou algumas produções que conseguiram conquistar a crítica especializada, como por exemplo, “Margot at the Wedding” (2007) e “The Squid and the Whale” (2005). “Greenberg” é a sua mais recente incursão neste género e tal como aconteceu com os seus últimos trabalhos, Noah Baumbach voltou a convencer a crítica com uma história relativamente interessante que é protagonizada por uma personagem extremamente complexa. Roger Greenberg (Ben Stiller) é um solteiro de quarenta anos que poderia ser qualificado como um indivíduo deprimido e obstinado. Phillip (Chris Messina) é o seu irmão e é o seu exacto oposto porque tem uma atitude positiva, um casamento extremamente feliz e um emprego muito estável e rentável. Phillip decide fazer uma viagem com a sua família ao extremo oriente e decide deixar a sua mansão entregue ao seu menosprezado irmão que aceita o convite mas com objectivos perfeitamente claros, ou seja, ele pretende tomar conta da mansão e não fazer rigorosamente mais nada, no entanto, enquanto cumpre os seus minimalistas propósitos conhece Florence (Greta Gerwig), uma simpática e sempre solitária assistente particular que se quer tornar numa famosa cantora. O encontro entre estas duas almas extraviadas acaba por se revelar uma oportunidade única na insípida existência de Roger mas estará ele verdadeiramente preparado para abandonar a sua depressão crónica e começar a viver?


O argumento de “Greenberg” é extremamente competente porque consegue cumprir todos os grandes propósitos que nos são prometidos pela sua premissa, ou seja, consegue oferecer ao espectador uma narrativa muito explícita e muito emocional sobre a fragilidade e a fugacidade da nossa existência e a necessidade que todos nós temos em aproveitar ao máximo a nossa vida. O seu protagonista é uma personagem emocionalmente perturbada que finalmente se apercebe que os seus últimos anos não correram como o esperado e que a sua existência está submersa num estado emocional verdadeiramente caótico, assim sendo, vamos sendo confrontados com uma verdadeira transformação subjectiva desta personagem que à medida que vai entrando em contacto com as suas fragilidade psicológicas vai alterando radicalmente o seu estado de espírito, uma mudança que vai influenciar claramente a forma como enfrenta a sua vida. “Greenberg” não é um filme muito alegre porque o seu desenvolvimento narrativo não é sustentado por uma construção muito optimista, no entanto, a sua conclusão contraria esta construção porque nos apresenta um final que apela claramente à felicidade e ao optimismo do espectador, ou seja, esta conclusão acaba por retirar algum impacto emocional a esta curioso produção cinematográfica. As várias personagens que intervêm em “Greenberg” obedecem a uma construção muito completa e a um desenvolvimento muito coerente e interessante, uma característica extremamente positiva que enriquece inegavelmente este filme. Os diálogos que elas protagonizam também são muito explícitos e elucidativos.


O trabalho técnico de Noah Baumbach em “Greenberg” não é excepcional mas é extremamente satisfatório. O cineasta conseguiu criar um interessante ambiente emocional que acompanha convenientemente os vários momentos importantes do argumento. O elenco de “Greenberg”é liderado por Ben Stiler, um actor que regressou com este projecto aos trabalhos cinematográficos mais sérios e menos superficiais. A sua performance é surpreendentemente competente porque consegue interpretar sem grandes falhas a sua complexa personagem. Greta Gerwig também nos oferece uma excelente performance secundária porque apoia convenientemente o principal interveniente desta produção.
A performance comercial de “Greenberg” em território americano não foi muito convincente, uma situação que é facilmente explicada pelo simples facto desta produção não ser emocionalmente atractiva porque aposta num argumento muito negativo que afasta a esmagadora maioria dos espectadores que costumam preferir uma produção cinematográfica que os consiga entreter, no entanto, esta comédia dramática é ideal para todos aqueles que procurem um filme que os obrigue a pensar sem recorrer a uma estrutura narrativa muito complexa ou intelectual.

Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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