domingo, 9 de maio de 2010

Crítica - 9 (2009)

Realizado por Shane Acker
Com Christopher Plummer, Martin Landau, John C. Reilly, Elijah Wood

Á semelhança do seu mentor, Tim Burton, Shane Acker chamou à atenção dos críticos e dos especialistas cinematográficos com as suas imaginativas curtas-metragens de animação, como por exemplo, “The Astounding Talents of Mr. Grenade” (2003) ou “The Hangnail” (1999), mas foi com o seu enigmático “9” que conseguiu cativar a Tim Burton Productions e a Focus Features, duas empresas que conseguiram transformar esta sombria e misteriosa curta-metragem numa cativante e sumptuosa longa-metragem que não consegue rivalizar com as grandes animações cinematográficas dos grandes estúdios mas que consegue entreter os seus espectadores. A história de “9” é ambientada num futuro não muito longínquo onde o nosso planeta foi destruído por uma guerra colossal entre homens e máquinas que acabou por conduzir a um extermínio parcial da raça humana. Á luz desse cenário apocalíptico, um cientista concebeu nove pequenos bonecos de serapilheira que acabaram por ganhar vida própria e agora, esses pequeníssimos seres, incapazes de se oporem às poderosas máquinas, tentam sobreviver ao instável quotidiano, no entanto, o último boneco a chegar ao grupo, 9 (Elijah Wood), compreende que as suas existências não se poderão reduzir apenas à sobrevivência e decide resistir, convencendo os seus companheiros a lutar numa nova guerra contra as máquinas e contra o seu maquiavélico plano que consiste em exterminar qualquer espécie que não seja mecânica, assim sendo, entre grandes aventuras e muitos perigos, estes pequenos bonecos vão se tornar na nossa última esperança.


A narrativa de “9” é muito semelhante à de “Terminator” ou à de “The Matrix” porque também acompanha um violento e interminável confronto entre a humanidade e as máquinas, assim sendo, não estamos perante uma história muito inovadora, no entanto, as personagens que a protagonizam são extremamente cativantes porque resultam de uma imaginativa construção narrativa que não nos apresenta muitos estereótipos genéricos, assim se explica a presença de uma personagem feminina que é mais corajosa que a esmagadora maioria das personagens masculinas ou a existência de várias personagens secundárias que sem serem fundamentais conseguem oferecer algum interesse à história, como por exemplo, os enigmáticos gémeos que não comunicam mas que despertam imediatamente a atenção do espectador. Os diálogos não são muito complexos ou intelectuais mas são muito agradáveis e conseguem transmitir ao espectador as semelhanças emocionais entre os humanos e os bonecos e as discrepâncias entre estas criaturas e as máquinas que não tem qualquer alma ou consciência. À medida que o intrépido protagonista vai explorando o devastado território vai encontrando muitos inimigos robóticos mas também encontra alguns aliados que o vão ajudar a combater essas ameaças mecânicas e são esses combates que acabam por comercializar e superficializar esta produção, uma situação que não é necessariamente negativa porque estes combates conseguem entreter o espectador sem serem visualmente espectaculares ou magnânimes, no entanto, são excessivos e roubam tempo precioso ao desenvolvimento narrativo.


O maior atributo desta produção é a sua vertente visual. A construção gráfica das suas personagens não é excelente mas é inventiva e extremamente competente. Os cenários são pormenorizados e conseguem exteriorizar engenhosamente a atmosfera sombria que acompanha constantemente a narrativa. Shane Acker também contribuiu para este sucesso qualitativo, este promissor cineasta conseguiu cumprir as expectativas sem renegar às suas ideias originais e sem ceder às grandes pressões externas. O elenco vocal de “9” é composto por alguns actores de renome internacional que nos oferecem uma performance satisfatória mas que acabam por não acrescentar um valor notório a esta animação. “9” não é uma grande animação comercial mas é um produto cinematográfico que conseguirá entreter o espectador com as suas explosivas sequências e as suas cativantes personagens, no entanto, não estamos perante uma animação da Pixar/Disney ou da DreamWorks, assim sendo, “9” não é aconselhável aos mais novos até porque nos apresenta algumas sequências violentas.

Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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