terça-feira, 6 de abril de 2010

Crítica - The Passion Of The Christ (2004)

Realizado por Mel Gibson
Com James Caviezel, Monica Bellucci, Claudia Gerini, Maia Morgenstern,

O estrondoso sucesso comercial que “The Passion Of The Christ” conseguiu obter nos principais mercados cinematográficos está claramente ligado à gigantesca controvérsia que se desenvolveu em redor do seu impressionante realismo visual. O filme acompanha as últimas doze horas da existência terrena de Jesus Cristo através de um retrato que pretende ser religiosamente e historicamente rigoroso e a que não escapou nenhum "requinte" de crueldade e de sofrimento. Mel Gibson conseguiu nos impressionar através desta sangrenta produção que não nos apresenta uma narrativa brilhante mas que nos consegue surpreender através da sua impressionante violência gráfica.



O argumento de “The Passion Of The Christ” não é magnífico, muito pelo contrário, não existe uma construção narrativa habilidosa ou uma sucessão de diálogos inteligentes porque a esmagadora maioria da produção acompanha os sangrentos tormentos do protagonista. A narrativa também não é inteiramente fidedigna à bíblia sagrada e existem algumas sequências onde existe um claro preconceito para com os judeus, sequências essas que são pautadas por estereotipos religiosos e culturais que provocaram graves acusações da comunidade judaica contra os responsáveis por este argumento, assim sendo, podemos facilmente concluir que o grande objectivo desta produção nunca foi abordar com habilidade e qualidade os últimos momentos de Jesus Cristo mas sim apresentar um produto diferente e sangrento que conseguisse arrebatar enormes receitas nas bilheteiras mundiais através da controvérsia que é gerada pelo seu conteúdo.



A direcção de Mel Gibson é, no mínimo, polémica e violenta. O cineasta é um cristão devoto mas este pequeno pormenor não o impediu de nos apresentar uma produção que negligência as tradicionais moralidades desta história bíblica em detrimento de um testemunho religioso que não é assim tão fidedigno e que é exageradamente violento e explícito. O espectador deverá ter um estômago robusto para conseguir aguentar o visionamento de sucessivas sequências de extrema violência e sadismo que nos apresentam inúmeras formas de tortura rudimentar que normalmente culminam em esvisceramentos ou sangramentos abundantes. A violência excessiva era absolutamente dispensável e só está presente porque consegue assombrar e martirizar o espectador. Os responsáveis pela espectacular caracterização das personagens são extremamente talentosos porque conseguiram credibilizar as sangrentas sequências cinematográficas que essencialmente compõem esta longa-metragem, assim sendo, são eles os grandes criativos deste produto cinematográfico. O elenco é um mero acessório da história. James Caviezel não tem uma grande presença artística porque a sua personagem, Jesus Cristo, está quase sempre a ser violentada ou espancada. O elenco secundário também não salta à vista de ninguém porque os seus componente ou pertencem à equipa dos violentadores ou à equipa dos lamentadores.

O polémico trabalho cinematográfico de Mel Gibson não é nem nunca será um filme cristão de qualidade, no entanto, é aquele que conseguiu levar mais espectadores às salas de cinema porque em vez de acompanhar com afectividade e sensibilidade a admirável história de Jesus Cristo e de salientar as suas qualidades humanas, “The Passion Of The Christ” centra as suas atenções na vertente mais sangrenta e superficial desta história, ou seja, no julgamento e na crucificação de Jesus Cristo e no sofrimento que este acontecimento provocou e ainda provoca nos seus seguidores. A polémica e a controvérsia renderam milhões aos criadores desta produção que simplesmente não consegue ensinar nada de positivo ao seu público.

Classificação – 2,5 Estrelas Em 5

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