domingo, 4 de abril de 2010

Crítica – Away We Go (2009)

Realizado por Sam Mendes
Com John Krasinski, Maya Rudolph, Maggie Gyllenhaal

Depois de Revolutionary Road (2008), Sam Mendes propõe-nos outra reflexão sobre as relações neste período em que se sente uma profunda crise das mesmas. "Away We Go" é um road movie, com muito poucas viagens de carro, durante o qual um casal que espera o primeiro filho, Burt Farlender (John Krasinski) e Verona de Tessant (Maya Rudolph), vai reencontrado velhos amigos e familiares e tomando conhecimento de diferentes modelos de constituição familiar até encontrar o seu próprio.
A mensagem fundamental do filme é que não existe um modelo, como no passado, e que homens e mulheres e os seus filhos, quando os há, têm de estruturar segundo os seus próprios princípios e valores a família que querem construir e, como no filme nos é mostrado por um dos amigos do casal, Tom Garnett (Chis de Messina), regá-la sempre com uma nunca exagerada dose de amor. Neste périplo em busca de um lar onde pudessem criar a criança que esperavam, Burt e Verona vivem a verdadeira América e reencontram, com momentos de grande humor, casais que vivem relações absolutamente impensáveis como a desequilibradíssima Lily (Allison Janney) que humilha, sem disso tomar conta, permanentemente os filhos ou a não menos louca LN Fisher-Herrin (Maggie Gyllenhaal) que, sob uma capa de espiritualidade oriental, alimenta uma família snob, mal-educada e alienada da vida real. Será precisamente com aquela que poderia ser a mais problemática de todas estas as relações, a de Tom (Chis de Messina) e Munch Garnett (Melanie Lynskey), que ambos compreendem que a estrutura familiar depende apenas da vontade de ambos em sedimentar o amor que os une.


Ainda que o happy end dê o toque hollywodesco que já cansa muitos espectadores a proposta de Sam Mendes é um desafio ao espectador, principalmente depois de "Revolutionary Road" um filme onde a mesma problemática era tratada mas de uma foram muito mais pessimista. A profundidade das questões discutidas é bem alternada com situações absolutamente caricatas proporcionando bom mas não leviano entretenimento. A verosimilhança conseguida por John Krasinski e Maya Rudolph são, juntamente com o argumento, dos pontos mais fortes do filme. Não existem belezas estonteantes, nem personagens de sonho. Tudo é credível até a loucura levada ao extremo daquelas famílias.
Não é certamente um dos melhores trabalhos de Sam Mendes, mas "Away We Go", apesar de em muitos aspectos ser um filme mediano, é uma obra muito oportuna e indicadora de uma nova tendência depois de tanto tempo de cinema a questionar profundamente a família como instituição.


Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

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