Realizado por Roman Polanski
Com Jon Finch, Francesca Annis, Martin Shaw
Sou particularmente apreciadora de recriações de Shakespeare quer no teatro quer no cinema, onde os desafios são outros. Macbeth, ou a peça escocesa como lhe chamam os tão supersticiosos que não a ousam nomear, é o relato sangrento dos expedientes usados pelo protagonista para ascender ilegitimamente ao trono da Escócia. É uma peça escura, sangrenta e com difíceis efeitos sonoros.
Polanski não é, de todo, um realizador tranquilo. O seu passado enquanto fugitivo ao regime nazi e o horrendo assassínio da sua esposa grávida, a actriz Sharon Tate pelos loucos seguidores do não menos alucinado Charles Mason algum tempo antes da realização desta obra, marcaram-na profundamente.
Desagrada-me no filme a opção pela não utilização da linguagem de Shakespeare, pois é aquilo que de mais sublime ele tem, e os grandes cortes nos discursos que foram operados. Mas é indubitável a veracidade da escuridão lúgubre que Polanski encontrou e que é fiel ao texto original, o deambular da câmara por cenários medievais e assustadores. A própria imagem das velhas bruxas nuas que profetizam o destino de Macbeth, mas que ele não sabe interpretar, dão o grotesco pretendido. Uma tentativa de sublimação da dor do crime hediondo de que a sua família foi vítima é feita na chacina da família do opositor de Macbeth. Toda a violência que em Shakespeare é sugestão em Polanski é movimento e imagem. Contudo o filme não se centra tanto na acção mas mais nos dramas psicológicos das personagens, fundamentalmente de Macbeth (Jon Finch) e Lady Macbeth (Francesca Annis), que nos são dados não em solilóquios como no texto de que parte mas em pensamentos que ouvimos em off. O sangue, o nevoeiro, a lama e o pó envolvem o filme mas apenas na medida em que servem a ideia central. Polanski optou por não apresentar o suicídio de Lady Macbeth, que é apenas sugerido, aumentando a solidão do seu marido. Esta Lady Macbeth, interpretada por uma actriz muito nova e cuja sensualidade é exposta numa cena de nu inesperada, concilia a fragilidade do seu sexo com a força da sua ambição. São as bruxas e ela quem move Macbeth na sua senda de horror.
O elenco é constituído por actores ingleses o que dá maior autenticidade à obra mas, apesar da procura de rigor histórico, há uma estética anos 70 muito marcante no filme e particularmente visível na imagem de Lady Macbeth. O filme está disponível em DVD numa versão Columbia Pictures.
Com Jon Finch, Francesca Annis, Martin Shaw
Sou particularmente apreciadora de recriações de Shakespeare quer no teatro quer no cinema, onde os desafios são outros. Macbeth, ou a peça escocesa como lhe chamam os tão supersticiosos que não a ousam nomear, é o relato sangrento dos expedientes usados pelo protagonista para ascender ilegitimamente ao trono da Escócia. É uma peça escura, sangrenta e com difíceis efeitos sonoros.
Polanski não é, de todo, um realizador tranquilo. O seu passado enquanto fugitivo ao regime nazi e o horrendo assassínio da sua esposa grávida, a actriz Sharon Tate pelos loucos seguidores do não menos alucinado Charles Mason algum tempo antes da realização desta obra, marcaram-na profundamente.
Desagrada-me no filme a opção pela não utilização da linguagem de Shakespeare, pois é aquilo que de mais sublime ele tem, e os grandes cortes nos discursos que foram operados. Mas é indubitável a veracidade da escuridão lúgubre que Polanski encontrou e que é fiel ao texto original, o deambular da câmara por cenários medievais e assustadores. A própria imagem das velhas bruxas nuas que profetizam o destino de Macbeth, mas que ele não sabe interpretar, dão o grotesco pretendido. Uma tentativa de sublimação da dor do crime hediondo de que a sua família foi vítima é feita na chacina da família do opositor de Macbeth. Toda a violência que em Shakespeare é sugestão em Polanski é movimento e imagem. Contudo o filme não se centra tanto na acção mas mais nos dramas psicológicos das personagens, fundamentalmente de Macbeth (Jon Finch) e Lady Macbeth (Francesca Annis), que nos são dados não em solilóquios como no texto de que parte mas em pensamentos que ouvimos em off. O sangue, o nevoeiro, a lama e o pó envolvem o filme mas apenas na medida em que servem a ideia central. Polanski optou por não apresentar o suicídio de Lady Macbeth, que é apenas sugerido, aumentando a solidão do seu marido. Esta Lady Macbeth, interpretada por uma actriz muito nova e cuja sensualidade é exposta numa cena de nu inesperada, concilia a fragilidade do seu sexo com a força da sua ambição. São as bruxas e ela quem move Macbeth na sua senda de horror.
O elenco é constituído por actores ingleses o que dá maior autenticidade à obra mas, apesar da procura de rigor histórico, há uma estética anos 70 muito marcante no filme e particularmente visível na imagem de Lady Macbeth. O filme está disponível em DVD numa versão Columbia Pictures.
Classificação - 5 Estrelas Em 5
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