Com Sonja Bennett, Patricia Clarkson, Penélope Cruz, Ben Kingsley
A experiente e talentosa Isabel Coixet, uma das melhores cineastas femininas da actualidade, é mundialmente conhecida pelas suas grandes obras dramáticas como “My Life Without Me” (2003) ou “The Secret Life of Words” (2005). Em 2008, Coixet voltou a deslumbrar as audiências internacionais com “Elegy”, um profundo drama sobre os fervorosos efeitos do desejo erótico e romântico numa personagem masculina bastante experiente e aparentemente fechada a grandes compromissos emocionais. Baseado no acalmado “The Dying Animal”, um livro de Philip Roth, “Elegy” conta-nos a história de David Kepesh (Ben Kingsley), um carismático professor da Universidade de Nova Iorque que subitamente desenvolve uma terrível obsessão sexual e amorosa pela deslumbrante Consuela Castillo (Pénelope Cruz), uma cubana de 24 anos que assiste regularmente às suas aulas. Depois de vários anos a ostentar uma ideologia de independência e emancipação amorosa, David inicia uma perigosa jornada amorosa que tornará a sua vida num turbilhão de amor possessivo e ciúme incontrolável.
O argumento aborda com alguma profundidade as polémicas questões sociais relacionadas com os romances entre pessoas de grupos etários e sociais (Professores - Alunos) distintos. Esta abordagem psicológica é bastante interessante e explicita mas apenas serve como complemento para o grande enfoque do argumento que procura analisar os principais efeitos duma fervorosa paixão romântica/erótica na vida de David Kepesh, a principal personagem do filme, um homem intelectual e experiente que até aquele momento da sua vida nunca tinha prestado muita atenção aos seus sentimentos e aos seus relacionamentos, tendo destruído um casamento e condenado uma relação duradoura com outra estudante a um fracasso eminente, e tudo isto porque nunca entrou em contacto com as suas emoções mais simples e profundas, algo que finalmente é quebrado quando conhece Consuela. No entanto, essa sensação de liberdade emocional dura pouco tempo porque o intelecto de David inicia rapidamente um novo afastamento emocional que é despontado pelo medo de assumir um relacionamento mais sério e responsável, uma decisão infeliz que conduz a uma trágica e frustrante conclusão, muitíssimo bem explorada por Isabel Coixet, uma cineasta que nos mostrou uma grande criatividade e profundidade na abordagem de todos os temas e numa explicitação concreta e simples dos efeitos e consequências que os acontecimentos do filme têm nas personagens.
O elenco está recheado de actores secundários de grande qualidade que reforçam as grandes prestações de Penélope Cruz e Ben Kingsley, os dois protagonistas do filme. Ben Kingsley apresenta-nos uma performance bastante subjectiva e dramática, algo que reforça o carácter intelectual e experiente da sua personagem. Penélope Cruz assume activamente o seu papel com muita sensualidade e paixão, duas características que geralmente marcam presença nos papéis desta talentosa actriz espanhola. Este último trabalho cinematográfico de Isabel Coixet não obteve um reconhecimento internacional idêntico ao conquistado por “The Secret Life of Words” num passado recente, no entanto, “Elegy” também se assume como uma proposta de qualidade porque nos apresenta um argumento polémico e psicologicamente profundo que aposta em contornos trágicos e dramáticos que são brilhantemente desenvolvidos pelo talentoso elenco e pela imaginativa realizadora.
Classificação – 4 Estrelas Em 5
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