Realizado por Stanley Donen
Com Richard Kiley, Steven Warner, Gene Wilder, Bob Fosse
As relações entre o cinema e a literatura sempre estiveram longe de ser pacíficas. Uma adaptação à grande tela de uma obra literária é sempre e necessariamente redutora mas simultaneamente profícua. Redutora porque limita as inúmeras leituras possíveis à visão de um conjunto de pessoas unidas para um mesmo fim. Profícua porque permite, por um lado, a sugestão de outras possibilidades que a obra apresenta e que não ocorreram ao leitor e, também, porque materializa o que até aí era puramente imaginário. Desta relação ambígua têm resultado filmes que superam em muito a obra original mas também outros que ficam muito aquém desta e ainda um terceiro grupo que é a criação de uma outra coisa que não já o que a obra literária propunha. The Little Prince inscreve-se neste último grupo.
Detestei ver este filme, não porque não tenha o seu valor, mas porque, conhecendo eu bastante bem a obra de Saint-Exupéry, me senti defraudada por nada corresponder ao que eu construíra na minha cabeça. Foi como me tivessem roubado um Principezinho que era só meu. Há interpretações notáveis nesta película, nomeadamente a de Steven Warner como Principezinho, que infelizmente pouco mais filmes fez depois deste, mas também a de Bob Fosse como Serpente e a de Gene Wilder como Raposa. Estão lá o deserto, os planetas e os diálogos, chegam a estar mesmo alguns dos belíssimos desenhos com que Saint-Exupéry ilustrou a sua obra. O filme acrescenta uma dimensão musical de Alan Jay Lerner e Frederick Loewe que o embeleza mas não está lá o fundamental.
Le Petit Prince de Exupéry não é um livro para crianças é uma obra que se dirige às crianças que os adultos já foram. Toda a obra tem uma profunda intenção de critica social metaforizada numa enorme dimensão onde desenho e palavras se complementam e nos fazem identificar com as dúvidas daquele príncipe e com as suas reacções perante os males do mundo. O principezinho não é uma criança, é a nossa reminiscência da infância, as suas dúvidas foram em algum momento as nossas dúvidas. Passagens importantíssimas como o famosíssimo diálogo com a raposa que é uma das mais belas reflexões sobre a amizade da História de Literatura perde-se nas coreografias de Gene Wilder. O erro reside a meu ver nessa preocupação em fazer um filme para toda a família e especialmente uma fábula para as crianças. Não foi essa a intenção do aviador Saint-Exupéry. Ainda assim e porque de facto o filme vive de grandes interpretações e de uma encantadora banda sonora esta obra foi candidata aos Óscares de Melhor Música Original e Melhor Música Adaptada que não chegou a receber. A obra está disponível em DVD numa edição Paramount Pictures.
Com Richard Kiley, Steven Warner, Gene Wilder, Bob Fosse
As relações entre o cinema e a literatura sempre estiveram longe de ser pacíficas. Uma adaptação à grande tela de uma obra literária é sempre e necessariamente redutora mas simultaneamente profícua. Redutora porque limita as inúmeras leituras possíveis à visão de um conjunto de pessoas unidas para um mesmo fim. Profícua porque permite, por um lado, a sugestão de outras possibilidades que a obra apresenta e que não ocorreram ao leitor e, também, porque materializa o que até aí era puramente imaginário. Desta relação ambígua têm resultado filmes que superam em muito a obra original mas também outros que ficam muito aquém desta e ainda um terceiro grupo que é a criação de uma outra coisa que não já o que a obra literária propunha. The Little Prince inscreve-se neste último grupo.
Detestei ver este filme, não porque não tenha o seu valor, mas porque, conhecendo eu bastante bem a obra de Saint-Exupéry, me senti defraudada por nada corresponder ao que eu construíra na minha cabeça. Foi como me tivessem roubado um Principezinho que era só meu. Há interpretações notáveis nesta película, nomeadamente a de Steven Warner como Principezinho, que infelizmente pouco mais filmes fez depois deste, mas também a de Bob Fosse como Serpente e a de Gene Wilder como Raposa. Estão lá o deserto, os planetas e os diálogos, chegam a estar mesmo alguns dos belíssimos desenhos com que Saint-Exupéry ilustrou a sua obra. O filme acrescenta uma dimensão musical de Alan Jay Lerner e Frederick Loewe que o embeleza mas não está lá o fundamental.
Le Petit Prince de Exupéry não é um livro para crianças é uma obra que se dirige às crianças que os adultos já foram. Toda a obra tem uma profunda intenção de critica social metaforizada numa enorme dimensão onde desenho e palavras se complementam e nos fazem identificar com as dúvidas daquele príncipe e com as suas reacções perante os males do mundo. O principezinho não é uma criança, é a nossa reminiscência da infância, as suas dúvidas foram em algum momento as nossas dúvidas. Passagens importantíssimas como o famosíssimo diálogo com a raposa que é uma das mais belas reflexões sobre a amizade da História de Literatura perde-se nas coreografias de Gene Wilder. O erro reside a meu ver nessa preocupação em fazer um filme para toda a família e especialmente uma fábula para as crianças. Não foi essa a intenção do aviador Saint-Exupéry. Ainda assim e porque de facto o filme vive de grandes interpretações e de uma encantadora banda sonora esta obra foi candidata aos Óscares de Melhor Música Original e Melhor Música Adaptada que não chegou a receber. A obra está disponível em DVD numa edição Paramount Pictures.
Classificação - 4 Estrelas Em 5
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