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Chacun son Cinéma é uma obra absolutamente única e imperdível. Realizado em comemoração dos sessenta anos do importantíssimo Festival de Cannes, este filme reúne curtíssimas metragens de trinta e três cineastas de vinte e cinco países. Estes magistrais exercícios de estilo mostram-nos o estado das coisas no cinema contemporâneo, sendo simultaneamente pequenas miniaturas das particularidades de cada realizador.
A maioria destas obras reflecte sobre o próprio cinema. O cinema aparece-nos na sua multiplicidade, enquanto entretenimento, como espectáculo mágico que despoleta as mais profundas emoções no público, enquanto fita mais ou menos digna, como espaço físico onde a penumbra e o som alto permitem o sexo clandestino, ou beijos apaixonados ou mesmos roubos descarados. Rodando o mundo encontramos, da Ásia à América do Norte e do Sul, passando pela Europa e pelas mais remotas aldeias africanas, chegando ao Médio Oriente, uma mesma constante, o cinema como janela aberta para outra realidade que nos transporta, eleva, maravilha, excita, desilude, assusta.
Cada realizador fez as suas opções e exercitou o seu estilo, sendo particularmente curiosas as peças de Walter Salles, “A 8 944 Km de Cannes” onde se explora o modo como a globalização é no fundo uma ficção pois mesmo espalhando-se a informação pelo globo este é demasiado multifacetado e rico para perder a especificidade de cada cultura, e a de Manoel de Oliveira, “Rencontre Unique” onde, apesar de, ao contrário da maioria, não abordar a temática do cinema, temos um engraçadíssimo encontro entre Kruchev e João XXIII. David Lynch está igual a si próprio, bem como Cronenbeg que explora o sensacionalismo televisivo por oposição à verdade do cinema. O único reparo que faria ao filme é a dificuldade, se não obtivermos informação exterior, em identificar a lista das obras e dos realizadores participantes.
Classificação - 5 Estrelas Em 5
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