Com María Onetto, César Bordón, Inés Efron, Daniel Genoud
Se em 2007 a Argentina entregou, pela mão de Lucia Puenzo, um dos grandes filmes independentes da década, XXY (o melhor espelho contemporâneo acerca da descoberta da sexualidade na adolescência), 2008 entra novamente nesta rota de aspirações pelo olhar singelo de Lucrecia Martel, realizadora com um sólido, apesar de curto, trabalho no indie-cine. Com identidade singular e assumida. Inés Efron, a Alex de XXY, faz também parte do prateado elenco de La Mujer Sin Cabeza. Fez parte da selecção de Cannes 2008, nomeado inclusive à Palma, passou por salas lusas recentemente e tripartido fica o espectador perante esta celebração psíquica.
Antes de tudo, da racionalização pertinente sobre o tom Surrealista do título ou do desfecho anacrónico e sem fatalismo, La Mujer Sin Cabeza é um endurance mental que expõe de forma exemplar sentimentos humanos base como o remorso e a compaixão, o medo e a esperança. Rodopia, ataca, larga, ferra e tenta o motivo. A certeza acaba onde a dúvida começa, a obediência pelo ponto de interrogação é o assombro redentor perante a aparente indiferença. O som tem a importância de mil cavaleiros na luta pela resposta, o bulício duetista que aflige Verónica pela descrição de um passo, uma palavra nítida que lhe atinge o recrudescimento daquele momento. Um só. Um sorriso ou um vulto na sombra da luz é o drama dulcifico que carrega a cabeça inerte, anestesiada, através de um vertigo oblíquo de emoções e memórias de Um único, mas agora eterno instante que fora tão franco como abstracto. Ela não sabe, ninguém o sabe, nem a fobia tornada objecto empático foi convidada. Alguém presente?
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
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