Realizado por Wim Wenders
Com Campino, Giovanna Mezzogiorno, Dennis Hopper
O palmarés cinematográfico de Wim Wenders é simplesmente impressionante, dentro do circuito cinematográfico europeu este cineasta alemão é tido como uma verdadeira lenda e a prová-lo está a sua posição de Presidente da Academia Europeia de Cinema, o nosso equivalente à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos da América. Após ter conquistado o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1982 com “The State of Thing”e a prestigiada Palme d'Or no Festival de Cannes 1984 com “Paris, Texas”, o cinema europeu vergou-se à sua mestria e genialidade mas, nos últimos anos, Wenders não tem conseguido vingar as suas obras no velho continente. Em 2005 “Don’t Come Knocking” teve uma estreia desastrada em Cannes que praticamente o afastou do grande circuito mundial de cinema e restringiu-o a uma estreia limitada em vários países incluindo Portugal, Brasil e EUA. Três anos depois, Wenders voltou a não ser feliz em Cannes porque a estreia deste “Palermo Shooting” ficou marcada por várias vaias e apupos do público presente no visionamento. Após ter visto esta obra, compreendo em parte a reacção de Cannes porque “Palermo Shooting” não exterioriza o real valor de Wim Wenders que nos acostumou nas décadas de 80 e 90 a um cinema de elevada qualidade e profundidade, características que faltam a este filme.
A sua história é protagonizada por Finn, um fotógrafo alemão que leva uma vida agitada e repleta de emoção. Após ter evitado um potencialmente perigoso acidente de viação, Finn entra numa complexa crise de consciência que o leva de Dusseldorf até Palermo. É nesta bela cidade italiana que vai tentar recuperar o sentido da sua vida que é subitamente alegrada por Flávia, uma bela restauradora local. No entanto, a sua nova oportunidade de vida é ameaçada por um misterioso atirador sedento de vingança. Apesar de acompanhar três componentes bem distintas, o argumento de “Palermo Shooting” foca-se principalmente na crise de consciência de Finn, relegando portanto para segundo plano a sua relação com Flávia e a sua fuga/luta contra o atirador mistério. A relação entre Finn e Flávia é muito mecânica e pouco sentida e acaba por não acrescentar muito ao filme. A sua relação também não é rica em situações propriamente românticas, servindo apenas para conferir um certo grau de sexualidade à história. As sequências narrativas que juntam Finn e o seu perseguidor pecam pela falta de acção e suspence, entrando constantemente numa banalidade inexplicável de acções que culminam na “chocante” revelação metafórica da identidade do misterioso atirador que incute um pouco de parvoíce teológica ao filme. Resta portanto a parte dramática do enredo que é exteriorizada na crise de consciência de Finn que apesar de ser amplamente abordada, não é retratada da forma mais correcta e coerente. Nunca percebemos muito bem o sentido e a lógica das dúvidas de Finn que durante grande parte do filme vagueia pelas ruas de Palermo em busca de inspiração e de um novo caminho existencial. Os próprios diálogos estão carregados de lógicas e teorias baratas que só comovem e estimulam um verdadeiro crente da filosofia da vida. Ora entre um jogo de paciência entre vítima e vingador, uma história de amor apagada e uma história de vida que balança entre a inerência e a banalidade, não encontramos muitos pontos de interesse que justifiquem grandes elogios narrativos. Faltou a Wender um pouco mais de contenção e realismo na altura de elaborar o desenvolvimento de uma história que parecia interessante mas que foi estragada pelo excesso de moralismos e ideologismos.
Encontramos a vertente positiva de “Palermo Shooting” na sua fotografia e no seu elenco que contempla alguns cameos interessantes que promovem alguns momentos de grande qualidade. A fotografia ilustra maravilhosamente a belíssima cidade de Palermo, as suas fachadas históricas e a sua incrível beleza natural que na minha opinião, é bastante convidativa. O elenco desta obra é essencialmente liderado por Campino e Giovanna Mezzogiorno, o dito par romântico da história, mas é o elenco secundário que mais dá nas vistas em termos de qualidade e sentido. Neste conjunto secundário encontramos Dennis Hopper, Patti Smith e Lou Reed que conferem ao filme um certo nível de estrelato. Hopper representa um papel de alguma importância (Atirador Mistério que incorpora a Morte) que é estragado pelo sentido do argumento, o que desde logo impede este veterano actor de brilhar, no entanto, existem alguns momentos que captam a verdadeira qualidade deste actor americano. Patti Smith e Lou Reed assumem ambos um papel muito rápido mas repleto de humor e ironia que alegra qualquer pessoa que conheça o seu trabalho musical. O génio alemão volta a desiludir e tarda em brindar os seus fãs e seguidores com uma obra digna do seu talento. Às desilusões recentes junta-se este “Palermo Shooting”, um filme repleto de problemas de coerência e sentido que poderiam ter sido facilmente corrigidos.
Com Campino, Giovanna Mezzogiorno, Dennis Hopper
O palmarés cinematográfico de Wim Wenders é simplesmente impressionante, dentro do circuito cinematográfico europeu este cineasta alemão é tido como uma verdadeira lenda e a prová-lo está a sua posição de Presidente da Academia Europeia de Cinema, o nosso equivalente à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos da América. Após ter conquistado o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1982 com “The State of Thing”e a prestigiada Palme d'Or no Festival de Cannes 1984 com “Paris, Texas”, o cinema europeu vergou-se à sua mestria e genialidade mas, nos últimos anos, Wenders não tem conseguido vingar as suas obras no velho continente. Em 2005 “Don’t Come Knocking” teve uma estreia desastrada em Cannes que praticamente o afastou do grande circuito mundial de cinema e restringiu-o a uma estreia limitada em vários países incluindo Portugal, Brasil e EUA. Três anos depois, Wenders voltou a não ser feliz em Cannes porque a estreia deste “Palermo Shooting” ficou marcada por várias vaias e apupos do público presente no visionamento. Após ter visto esta obra, compreendo em parte a reacção de Cannes porque “Palermo Shooting” não exterioriza o real valor de Wim Wenders que nos acostumou nas décadas de 80 e 90 a um cinema de elevada qualidade e profundidade, características que faltam a este filme.
A sua história é protagonizada por Finn, um fotógrafo alemão que leva uma vida agitada e repleta de emoção. Após ter evitado um potencialmente perigoso acidente de viação, Finn entra numa complexa crise de consciência que o leva de Dusseldorf até Palermo. É nesta bela cidade italiana que vai tentar recuperar o sentido da sua vida que é subitamente alegrada por Flávia, uma bela restauradora local. No entanto, a sua nova oportunidade de vida é ameaçada por um misterioso atirador sedento de vingança. Apesar de acompanhar três componentes bem distintas, o argumento de “Palermo Shooting” foca-se principalmente na crise de consciência de Finn, relegando portanto para segundo plano a sua relação com Flávia e a sua fuga/luta contra o atirador mistério. A relação entre Finn e Flávia é muito mecânica e pouco sentida e acaba por não acrescentar muito ao filme. A sua relação também não é rica em situações propriamente românticas, servindo apenas para conferir um certo grau de sexualidade à história. As sequências narrativas que juntam Finn e o seu perseguidor pecam pela falta de acção e suspence, entrando constantemente numa banalidade inexplicável de acções que culminam na “chocante” revelação metafórica da identidade do misterioso atirador que incute um pouco de parvoíce teológica ao filme. Resta portanto a parte dramática do enredo que é exteriorizada na crise de consciência de Finn que apesar de ser amplamente abordada, não é retratada da forma mais correcta e coerente. Nunca percebemos muito bem o sentido e a lógica das dúvidas de Finn que durante grande parte do filme vagueia pelas ruas de Palermo em busca de inspiração e de um novo caminho existencial. Os próprios diálogos estão carregados de lógicas e teorias baratas que só comovem e estimulam um verdadeiro crente da filosofia da vida. Ora entre um jogo de paciência entre vítima e vingador, uma história de amor apagada e uma história de vida que balança entre a inerência e a banalidade, não encontramos muitos pontos de interesse que justifiquem grandes elogios narrativos. Faltou a Wender um pouco mais de contenção e realismo na altura de elaborar o desenvolvimento de uma história que parecia interessante mas que foi estragada pelo excesso de moralismos e ideologismos.
Encontramos a vertente positiva de “Palermo Shooting” na sua fotografia e no seu elenco que contempla alguns cameos interessantes que promovem alguns momentos de grande qualidade. A fotografia ilustra maravilhosamente a belíssima cidade de Palermo, as suas fachadas históricas e a sua incrível beleza natural que na minha opinião, é bastante convidativa. O elenco desta obra é essencialmente liderado por Campino e Giovanna Mezzogiorno, o dito par romântico da história, mas é o elenco secundário que mais dá nas vistas em termos de qualidade e sentido. Neste conjunto secundário encontramos Dennis Hopper, Patti Smith e Lou Reed que conferem ao filme um certo nível de estrelato. Hopper representa um papel de alguma importância (Atirador Mistério que incorpora a Morte) que é estragado pelo sentido do argumento, o que desde logo impede este veterano actor de brilhar, no entanto, existem alguns momentos que captam a verdadeira qualidade deste actor americano. Patti Smith e Lou Reed assumem ambos um papel muito rápido mas repleto de humor e ironia que alegra qualquer pessoa que conheça o seu trabalho musical. O génio alemão volta a desiludir e tarda em brindar os seus fãs e seguidores com uma obra digna do seu talento. Às desilusões recentes junta-se este “Palermo Shooting”, um filme repleto de problemas de coerência e sentido que poderiam ter sido facilmente corrigidos.
Classificação - 2 Estrelas Em 5
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