Realizado por Darren Aronofsky
Com Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood
Esta mais recente obra de Aronofsky é uma das grandes injustiças da edição dos Óscares deste ano, mas não é surpresa a Academia de Hollywood ignorar um filme como “The Wrestler”, pois é uma produção independente e a violência que perfaz todo o filme nunca agradou a Hollywood.
“The Wrestler” traz-nos uma análise minuciosa do mundo do Wrestling. Mostra-nos a violência que todo o espectáculo acarreta, o companheirismo entre os lutadores, os movimentos combinados, a auto-flagelação em prol do espectáculo, enfim, mostra-nos os bastidores do Wrestling. Aronofsky traz-nos a história de Randy Robinson (The Ram) (Mickey Rourke), uma estrela do Wrestling, que vinte anos após o seu auge como lutador profissional luta agora em lugares de baixa categoria. Embora o seu auge tenha passado, The Ram continua a ser um ídolo para os fãs do Wrestling, desde crianças a adultos e para os seus companheiros que o vêem como um professor ou mestre entre eles. Aronofsky retrata-nos o submundo da luta livre americana de forma soberba. The Wrestler oscila entre o espectáculo da luta livre americana e a personalidade de um lutador, que já em decadência tem um ataque cardíaco que dita o seu afastamento da única coisa que sabe e quer fazer. Aronofsky mostra-nos os truques, os segredos, os podres do Wrestling, enquanto nos conta a história de Randy fora desse mundo que ele tanto gosta. É aqui que o filme se expande psicologicamente, com Rourke a encarnar na perfeição um homem solitário, não só pelas circunstâncias da vida, mas também pelas suas próprias escolhas. Aronofsky pretende nos mostrar, e penso que não é para generalizar, a incompatibilidade do Wrestling para com uma vida estável emocional e familiar. Por outro lado, quando o inevitável chega, e por inevitável refiro-me ao ter que abandonar o ringue, este homem solitário e desajeitado tenta reconstruir relações que outrora não se preocupou em sustentar, neste caso a relação com a sua filha Stephanie (Evan Rachel Wood). E quando este tentar de aproximação e reconquista da relação pai/filha que há muito se perdera falha, esta alma errante que Aronofsky nos tenta fazer crer que apesar de querer construir; aqui com a stripper Cassidy (Marisa Tomei); e reconstruir relações emocionais e familiares que tragam algum sentido à sua vida após a dura realidade do abandono, quando toda esta manobra de substituição daquilo que realmente fazia sentido na sua vida falha, este escolhe arriscar/sacrificar a vida em prol de um estado psicológico que lhe traga algum conforto emocional e prazer físico. Ou seja, o wrestling era na sua essência aquilo que o definia e o fazia estar bem consigo próprio, na realidade era a sua própria vida. Privado do Wrestling, Randy desespera e tenta compensar com o tempo perdido, com relações que nem ele próprio acredita terem sucesso. Por isso, num pequeno/grande esforço no reaproximar da filha que lhe traz esperanças num futuro radioso, mesmo sem poder lutar, após esse esforço com sucesso Randy perde-se no seu mundo e perde mais uma vez a oportunidade de concretizar esse sonho duma relação saudável de pai e filha. É aqui que percebemos que este homem solitário, desajeitado e perdido (após deixar de lutar), não será nunca capaz de manter uma relação, apesar de a ansiar e procurar. É depois deste insucesso em criar laços com a filha, que Randy tenta mais uma vez estabilizar a vida, desta vez profissionalmente, quando arranja um trabalho num supermercado. Mas, tal como nas relações em que não consegue mantê-las, também aqui Randy mostra que não consegue aguentar uma vida normal. Aronofsky cria aqui o momento perfeito para nos definir a essência e a personalidade de Randy, quando um homem o reconhece no supermercado e ele nega a sua identidade. Aqui, ao interiorizar que ainda é um ídolo do wrestling para muita gente, Randy simplesmente desiste de tentar ser mais um “Zé-ninguém” trabalhador de um super-mercado. É aqui que percebemos que Randy gosta de ser um ídolo, que gosta de ser conhecido e de ser famoso. Quando percebe que mesmo noutra profissão ainda é reconhecido, questiona-se o que faz ali, reconhece apesar da tentativa em contrário que o seu lugar é na luta livre, que isso é a sua vida e que sem o wrestling não vale a pena viver. Descobrimos assim que, a sua paixão pela luta e por aquele estilo de vida era mais forte do que qualquer relação, amorosa ou familiar. Penso até que essa paixão pela luta era mais forte que ele próprio.
Este é um filme com uma grande carga emocional, violento, cru e realista. O argumento de Robert Siegel é muito bom e a prova disso é ser um dos pontos fortes do filme, bem como a fotografia, a realização de Aronofsky e as interpretações de Mickey Rourke e de Marisa Tomei, ambos nomeados para o Óscar de Melhor Actor e Melhor Actriz Secundária, respectivamente. Este The Wrestler é para mim um dos melhores filmes do ano de 2008 a par de Gomorra e The Hunger, sendo assim necessário expressar aqui o meu desagrado à sua ausência na categoria de Melhor Filme e Melhor Realizador na Academia de Hollywood.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
Com Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood
Esta mais recente obra de Aronofsky é uma das grandes injustiças da edição dos Óscares deste ano, mas não é surpresa a Academia de Hollywood ignorar um filme como “The Wrestler”, pois é uma produção independente e a violência que perfaz todo o filme nunca agradou a Hollywood.
“The Wrestler” traz-nos uma análise minuciosa do mundo do Wrestling. Mostra-nos a violência que todo o espectáculo acarreta, o companheirismo entre os lutadores, os movimentos combinados, a auto-flagelação em prol do espectáculo, enfim, mostra-nos os bastidores do Wrestling. Aronofsky traz-nos a história de Randy Robinson (The Ram) (Mickey Rourke), uma estrela do Wrestling, que vinte anos após o seu auge como lutador profissional luta agora em lugares de baixa categoria. Embora o seu auge tenha passado, The Ram continua a ser um ídolo para os fãs do Wrestling, desde crianças a adultos e para os seus companheiros que o vêem como um professor ou mestre entre eles. Aronofsky retrata-nos o submundo da luta livre americana de forma soberba. The Wrestler oscila entre o espectáculo da luta livre americana e a personalidade de um lutador, que já em decadência tem um ataque cardíaco que dita o seu afastamento da única coisa que sabe e quer fazer. Aronofsky mostra-nos os truques, os segredos, os podres do Wrestling, enquanto nos conta a história de Randy fora desse mundo que ele tanto gosta. É aqui que o filme se expande psicologicamente, com Rourke a encarnar na perfeição um homem solitário, não só pelas circunstâncias da vida, mas também pelas suas próprias escolhas. Aronofsky pretende nos mostrar, e penso que não é para generalizar, a incompatibilidade do Wrestling para com uma vida estável emocional e familiar. Por outro lado, quando o inevitável chega, e por inevitável refiro-me ao ter que abandonar o ringue, este homem solitário e desajeitado tenta reconstruir relações que outrora não se preocupou em sustentar, neste caso a relação com a sua filha Stephanie (Evan Rachel Wood). E quando este tentar de aproximação e reconquista da relação pai/filha que há muito se perdera falha, esta alma errante que Aronofsky nos tenta fazer crer que apesar de querer construir; aqui com a stripper Cassidy (Marisa Tomei); e reconstruir relações emocionais e familiares que tragam algum sentido à sua vida após a dura realidade do abandono, quando toda esta manobra de substituição daquilo que realmente fazia sentido na sua vida falha, este escolhe arriscar/sacrificar a vida em prol de um estado psicológico que lhe traga algum conforto emocional e prazer físico. Ou seja, o wrestling era na sua essência aquilo que o definia e o fazia estar bem consigo próprio, na realidade era a sua própria vida. Privado do Wrestling, Randy desespera e tenta compensar com o tempo perdido, com relações que nem ele próprio acredita terem sucesso. Por isso, num pequeno/grande esforço no reaproximar da filha que lhe traz esperanças num futuro radioso, mesmo sem poder lutar, após esse esforço com sucesso Randy perde-se no seu mundo e perde mais uma vez a oportunidade de concretizar esse sonho duma relação saudável de pai e filha. É aqui que percebemos que este homem solitário, desajeitado e perdido (após deixar de lutar), não será nunca capaz de manter uma relação, apesar de a ansiar e procurar. É depois deste insucesso em criar laços com a filha, que Randy tenta mais uma vez estabilizar a vida, desta vez profissionalmente, quando arranja um trabalho num supermercado. Mas, tal como nas relações em que não consegue mantê-las, também aqui Randy mostra que não consegue aguentar uma vida normal. Aronofsky cria aqui o momento perfeito para nos definir a essência e a personalidade de Randy, quando um homem o reconhece no supermercado e ele nega a sua identidade. Aqui, ao interiorizar que ainda é um ídolo do wrestling para muita gente, Randy simplesmente desiste de tentar ser mais um “Zé-ninguém” trabalhador de um super-mercado. É aqui que percebemos que Randy gosta de ser um ídolo, que gosta de ser conhecido e de ser famoso. Quando percebe que mesmo noutra profissão ainda é reconhecido, questiona-se o que faz ali, reconhece apesar da tentativa em contrário que o seu lugar é na luta livre, que isso é a sua vida e que sem o wrestling não vale a pena viver. Descobrimos assim que, a sua paixão pela luta e por aquele estilo de vida era mais forte do que qualquer relação, amorosa ou familiar. Penso até que essa paixão pela luta era mais forte que ele próprio.
Este é um filme com uma grande carga emocional, violento, cru e realista. O argumento de Robert Siegel é muito bom e a prova disso é ser um dos pontos fortes do filme, bem como a fotografia, a realização de Aronofsky e as interpretações de Mickey Rourke e de Marisa Tomei, ambos nomeados para o Óscar de Melhor Actor e Melhor Actriz Secundária, respectivamente. Este The Wrestler é para mim um dos melhores filmes do ano de 2008 a par de Gomorra e The Hunger, sendo assim necessário expressar aqui o meu desagrado à sua ausência na categoria de Melhor Filme e Melhor Realizador na Academia de Hollywood.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
2ª Crítica - AQUI
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