Com Victoire Thivisol, Matiaz Bureau Caton, Marie Trintignant, Xavier Beauvois
Estamos aqui perante uma grande obra de Jacques Doillon. Ponette traz-nos a história de uma menina de 4 anos (Victoire Thivisol) que se vê confrontada com a perda da mãe e sua constante luta para aceitar esse facto que tanta dor lhe traz. Existem muito poucas interpretações ao nível da de Thivisol, arrisco-me até a dizer que nenhuma. Ponette é um filme simples, tanto no campo técnico como no argumento. O que faz deste filme uma obra de grande valor, são as interpretações dos actores principais, dos quais a pequena Victoire Thivisol se destaca. Esta raridade do cinema europeu traz-nos uma história trágica e seu consequente desenvolvimento no pós-morte da mãe de Ponette. Esta criança de 4 anos vai insistentemente negar a morte da mãe e tentar a todo o custo falar com ela ou com Deus. A interpretação da pequena Thivisol é de uma categoria tão soberba, tão maravilhosa, que chega mesmo a ter, por momentos, a capacidade de iludir o espectador e fazer crer que é real. Existem muitos actores adultos profissionais, com enorme sucesso nos mais variados meios do cinema, que não chegam aos “calcanhares” desta interpretação assombrosa da pequena Thivisol.
Doillon traz-nos um universo completamente diferente daquilo a que estamos habituados, o universo das crianças na idade pré-escolar. Ou seja, a linguagem do filme e seus diálogos são praticamente todos de compreensão muito fácil, infantil. Doillon lida neste filme com a percepção que uma criança tem/ganha quando confrontada com uma situação tão difícil como a morte de uma mãe. Não é fácil aceitar a morte de alguém que nos é querido mesmo quando somos adultos, mas Doillon vai mais longe e mostra-nos o sofrimento de uma criança de 4 anos que de um momento para o outro se vê privada da figura mais protectora para uma criança, a mãe. Aceitar este facto requer várias explicações que lhe são dadas pelos adultos, pelas outras crianças da sua idade, inclusive os seus primos que convivem com ela dia a dia. Mas Ponette recusa-se a aceitar o facto de a mãe ter morrido e é aqui que a interpretação desta criança se transcende e traz todo o valor ao filme. É quando Ponette inventa que fala com a mãe de noite, quando a tia lhe diz que a mãe está no céu com Deus, quando a educadora a ensina a rezar, que toda a essência do filme faz sentido. É nestes momentos de uma procura de respostas às perguntas que uma criança de 4 anos, perdida numa condição que não compreende, não quer compreender e que procura incessantemente remediar e revogar toda essa condição a que está sujeita, que esta obra se valoriza. Ponette vai mais longe e cria ela própria o seu momento de despedida com a mãe. Quando Ponette passeia de mão dada com a mãe pelo bosque e lhe pede que nunca mais se vá, Doillon mostra-nos que embora seja difícil aceitar o facto de a mãe estar morta e não voltar, a resignação de um indivíduo tem que chegar. E que melhor maneira do que a de Ponette, quando cria imaginariamente uma despedida da mãe, simbolizando a sua aceitação de uma condição que era mais forte que a sua constante negação de tal circunstância. Ponette é um filme belo, emocionante e extremamente simples. Aqui não há grandes enredos, traições e paixões. Ponette trata da morte, da dor e do amor. Ponette é arte em cinema.
Doillon traz-nos um universo completamente diferente daquilo a que estamos habituados, o universo das crianças na idade pré-escolar. Ou seja, a linguagem do filme e seus diálogos são praticamente todos de compreensão muito fácil, infantil. Doillon lida neste filme com a percepção que uma criança tem/ganha quando confrontada com uma situação tão difícil como a morte de uma mãe. Não é fácil aceitar a morte de alguém que nos é querido mesmo quando somos adultos, mas Doillon vai mais longe e mostra-nos o sofrimento de uma criança de 4 anos que de um momento para o outro se vê privada da figura mais protectora para uma criança, a mãe. Aceitar este facto requer várias explicações que lhe são dadas pelos adultos, pelas outras crianças da sua idade, inclusive os seus primos que convivem com ela dia a dia. Mas Ponette recusa-se a aceitar o facto de a mãe ter morrido e é aqui que a interpretação desta criança se transcende e traz todo o valor ao filme. É quando Ponette inventa que fala com a mãe de noite, quando a tia lhe diz que a mãe está no céu com Deus, quando a educadora a ensina a rezar, que toda a essência do filme faz sentido. É nestes momentos de uma procura de respostas às perguntas que uma criança de 4 anos, perdida numa condição que não compreende, não quer compreender e que procura incessantemente remediar e revogar toda essa condição a que está sujeita, que esta obra se valoriza. Ponette vai mais longe e cria ela própria o seu momento de despedida com a mãe. Quando Ponette passeia de mão dada com a mãe pelo bosque e lhe pede que nunca mais se vá, Doillon mostra-nos que embora seja difícil aceitar o facto de a mãe estar morta e não voltar, a resignação de um indivíduo tem que chegar. E que melhor maneira do que a de Ponette, quando cria imaginariamente uma despedida da mãe, simbolizando a sua aceitação de uma condição que era mais forte que a sua constante negação de tal circunstância. Ponette é um filme belo, emocionante e extremamente simples. Aqui não há grandes enredos, traições e paixões. Ponette trata da morte, da dor e do amor. Ponette é arte em cinema.
Classificação - 5 Estrelas Em 5
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