terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Crítica - The Boy in the Striped Pajamas (2008)

Realizado por Mark Herman
Com David Thewlis, Vera Farmiga, Asa Butterfield e Amber Beattie

Podemos pensar que a segunda guerra mundial já foi interpretada de todas as maneiras e feitios pela Sétima Arte. Porém, de quando em quando, surgem filmes que visionam este período histórico do século XX de forma inovadora. “The Boy in the Striped Pajamas” é um desses filmes. Todos sabemos o que aconteceu nesse período negro que mancha a História da humanidade. Todos temos conhecimento do Holocausto Judeu e da forma cruel como os Nazis tentaram aniquilar toda uma raça e cultura. Ao longo dos tempos, o cinema tem-nos dado a oportunidade de reflectir sobre o lado mais negro do ser humano, tão exemplarmente implícito no Nazismo e no modo de pensar das tropas de Adolf Hitler. O que este filme traz de novo é a visão desse Holocausto através dos olhos de uma criança. As barbaridades cometidas durante a 2ª Grande Guerra foram tantas e tão insanas, que é interessante observar a forma como uma criança inocente interpreta toda a loucura que ocorre à sua volta.
Bruno (Butterfield) é um menino de 8 anos que é forçado a mudar-se com a sua família para uma mansão isolada no campo. O seu pai (Thewlis) é um oficial do exército Nazi e Bruno desconhece a natureza do seu trabalho, ignorando também a razão da mudança súbita de moradia. Num dia, enquanto explora os terrenos para lá da mansão, Bruno encontra um campo de concentração e interpreta-o como uma estranha quinta povoada por bizarros agricultores que usam pijamas durante todo o dia. É na orla exterior desse campo que conhece um rapazinho judeu, com quem trava amizade e com quem tenta compreender o significado e a essência do trabalho do pai.


“The Boy in the Striped Pajamas” é acima de tudo um ensaio sobre a inocência e sobre a luz de pureza que emanamos enquanto criança, e que se perde gradualmente com o aparecimento da razão e da vida adulta. É enquanto criança que o ser humano atinge o seu estado mais puro, e através do crescimento e das regras que a sociedade e os nossos tutores nos vão impondo, essa pureza vai-se esbatendo em prol de um egoísmo que não esconde o negrume da nossa essência. Bruno ignora tudo o que lhe vão dizendo sobre a malvadeza dos Judeus e a grandeza da pátria alemã, mantendo-se fiel ao seu coração e ao seu amigo Judeu, no qual não consegue encontrar nenhuma maldade ou diferença. Sendo incapaz de compreender a bruta realidade, Bruno mantém a amizade proibida com consequências incomensuravelmente trágicas.
A realização de Mark Herman é eficaz e a sua câmara capta tudo aquilo que deve captar. A perda da inocência por parte de Bruno e a descoberta da humanidade por parte do seu pai são conseguidas de forma tragicamente bela, numa última sequência simplesmente brutal. A banda-sonora de James Horner (finalmente regressado do mundo dos mortos) é comovente e ao mesmo tempo assustadora, contribuindo para o tom inocente mas também duro do filme. “The Boy in the Striped Pajamas” consegue tocar-nos, afirmando-se como um triunfo e como mais um filme de visionamento obrigatório, numa altura em que as salas de cinema estão a abarrotar com películas de enorme qualidade.


Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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