Realizado por Nicolau Breyner
Com Pedro Lima, Cláudia Vieira, Sofia Aparício, Pedro Granger, Vítor Norte
Baseado no romance "Requiem para Dom Quixote" de Dinis Machado, “Contrato” é a primeira longa-metragem realizada por Nicolau Breyner, um conceituado e talentoso actor português que não teve uma estreia muito feliz na cadeira de realizador. Este filme de acção tem como protagonista Peter McShade (Pedro Lima), um ex-Marine luso-americano que actualmente se dedica ao negócio dos homicídios. Desta forma, e após um trabalho menos conseguido, Peter é contratado para assassinar Georgios Thanatos, um chefe da Máfia que controla a Península Ibérica. Mas o contrato não é fácil de cumprir e a tarefa de Peter é atrasada por alguns contratempos. Após ser brutalmente agredido por três homens que o fazem ir parar ao hospital, Peter conhece Júlia (Cláudia Vieira), uma enfermeira que trata dele e por quem se apaixona. Mas o contrato continua por cumprir e mesmo quando Peter pensa que o caso está encerrado e pode voltar para os braços de Júlia, a enfermeira revela-lhe que afinal não é quem ele pensava.
Ao visionar este filme lembrei-me de imediato daquelas obras de acção de qualidade dúbia provenientes do mercado de DVD’s dos EUA. Falo claro está, daqueles filmes de tão má qualidade que nem chegaram a estrear nas salas de cinema dum mercado que aceita praticamente qualquer coisa que lhe aparece. Filmes tão pobres que nem merecem criticas dos meios de comunicação social mas que ao lado deste “Contrato”, parecem maravilhosas obras da 7ª arte. É claro que estou a exagerar um bocado, “Contrato” é nitidamente um mau filme mas acredito que existam por aí filmes piores, assim de repente lembro-me de “Corrupção”, outro filme português descartável que consegue ser ainda pior que esta obra de Nicolau Breyner. No geral, todas as cenas de “Contrato” são pautadas por um trabalho de câmara impessoal e frouxo, resultado directo de uma realização inexperiente e sem qualidade. As cenas de maior romance são incrivelmente rígidas e pouco fluidas e as cenas de acção são pouco criativas e acompanhadas por péssimos efeitos especiais de quinta categoria.
O campo visual, não é o único sector a ser afectado por uma avalanche de pobreza e mediocridade, também o argumento apresenta enormes falhas e lapsos que saltam à vista de qualquer um. O enredo “brinda-nos” como uma história repetitiva carregada de elementos que não interessam para nada e que apenas servem para esburacar ainda mais, o débil argumento do filme. Os diálogos são tudo menos credíveis e interessantes, a construção e desenvolvimento das personagens é ridícula e o final do filme, é simplesmente um insulto para o espectador. No fundo, nada nesta história assume contornos de qualidade. O elenco também esta longe de uma performance minimamente razoável, muito por culpa da má construção das personagens que impediu os actores de actuarem ao seu mais alto nível. Pedro Lima, o perigoso protagonista da trama, não é um mau actor e já deu provas da sua qualidade mas neste filme teve o azar de assumir uma personagem mal construída que afectou irremediavelmente o seu trabalho como actor principal. Cláudia Vieira também é uma excelente profissional mas quando é colocada num papel onde só a beleza e o sensualismo interessam, torna-se difícil avaliar positivamente o seu desempenho por muito competente que seja. Vítor Norte é outro actor que com uma melhor personagem poderia ter-nos oferecido uma prestação agradável e convincente. No lado completamente negativo está Sofia Aparício, uma ex-modelo convertida em actriz que nem com a perfeita personagem chegaria a um patamar razoável.
O ano passado, o cinema português brindou-nos com obras de enorme qualidade como “Meu Querido Mês de Agosto”, “Entre os Dedos”, “Terra Sonâmbula”, “Mal Nascida”, “The Lovebirds” e até mesmo “Amália, O Filme”. À excepção deste último, nenhuma das grandes obras nacionais do ano passado contou com o apoio publicitário e monetário dos grandes meios de comunicação nacionais. Este ano, duas obras de uma previsível fraca qualidade como “Contrato” e “Second Life” receberam a total atenção e apoio dos mais importantes meios de comunicação social de diversos formatos. Infelizmente, tal facto repete-se todos os anos, o “lixo” cinematográfico português recebe toda a atenção dos media portugueses que negligenciam assim a qualidade inerente de obras mais modestas mas de maior qualidade que fazem um enorme furor no estrangeiro mas que em Portugal são tratadas como secundárias e desinteressantes. Também se contam pelos dedos, as salas de cinema em que obras como “Entre os Dedos”, “Terra Sonâmbula” ou até mesmo “Meu Querido Mês de Agosto” (Pré-Candidato Nacional aos Óscares) estrearam. Certamente que “Contrato”, estreou esta quinta-feira em mais salas de cinema que essas três obras juntas. Se temos talento e qualidade porque não investir em bons filmes em vez de obras descartáveis que nunca irão cruzar as fronteiras nacionais. Só peço que divulguem e apoiem as obras nacionais de qualidade, um pouco como se faz por essa Europa fora. Numa semana em que também estreou “Veneno Cura”, uma obra nacional que parece interessante, aconselho vivamente a todos os leitores portugueses a optarem por essa obra de Raquel Freire em detrimento deste patético “Contrato”.
Com Pedro Lima, Cláudia Vieira, Sofia Aparício, Pedro Granger, Vítor Norte
Baseado no romance "Requiem para Dom Quixote" de Dinis Machado, “Contrato” é a primeira longa-metragem realizada por Nicolau Breyner, um conceituado e talentoso actor português que não teve uma estreia muito feliz na cadeira de realizador. Este filme de acção tem como protagonista Peter McShade (Pedro Lima), um ex-Marine luso-americano que actualmente se dedica ao negócio dos homicídios. Desta forma, e após um trabalho menos conseguido, Peter é contratado para assassinar Georgios Thanatos, um chefe da Máfia que controla a Península Ibérica. Mas o contrato não é fácil de cumprir e a tarefa de Peter é atrasada por alguns contratempos. Após ser brutalmente agredido por três homens que o fazem ir parar ao hospital, Peter conhece Júlia (Cláudia Vieira), uma enfermeira que trata dele e por quem se apaixona. Mas o contrato continua por cumprir e mesmo quando Peter pensa que o caso está encerrado e pode voltar para os braços de Júlia, a enfermeira revela-lhe que afinal não é quem ele pensava.
Ao visionar este filme lembrei-me de imediato daquelas obras de acção de qualidade dúbia provenientes do mercado de DVD’s dos EUA. Falo claro está, daqueles filmes de tão má qualidade que nem chegaram a estrear nas salas de cinema dum mercado que aceita praticamente qualquer coisa que lhe aparece. Filmes tão pobres que nem merecem criticas dos meios de comunicação social mas que ao lado deste “Contrato”, parecem maravilhosas obras da 7ª arte. É claro que estou a exagerar um bocado, “Contrato” é nitidamente um mau filme mas acredito que existam por aí filmes piores, assim de repente lembro-me de “Corrupção”, outro filme português descartável que consegue ser ainda pior que esta obra de Nicolau Breyner. No geral, todas as cenas de “Contrato” são pautadas por um trabalho de câmara impessoal e frouxo, resultado directo de uma realização inexperiente e sem qualidade. As cenas de maior romance são incrivelmente rígidas e pouco fluidas e as cenas de acção são pouco criativas e acompanhadas por péssimos efeitos especiais de quinta categoria.
O campo visual, não é o único sector a ser afectado por uma avalanche de pobreza e mediocridade, também o argumento apresenta enormes falhas e lapsos que saltam à vista de qualquer um. O enredo “brinda-nos” como uma história repetitiva carregada de elementos que não interessam para nada e que apenas servem para esburacar ainda mais, o débil argumento do filme. Os diálogos são tudo menos credíveis e interessantes, a construção e desenvolvimento das personagens é ridícula e o final do filme, é simplesmente um insulto para o espectador. No fundo, nada nesta história assume contornos de qualidade. O elenco também esta longe de uma performance minimamente razoável, muito por culpa da má construção das personagens que impediu os actores de actuarem ao seu mais alto nível. Pedro Lima, o perigoso protagonista da trama, não é um mau actor e já deu provas da sua qualidade mas neste filme teve o azar de assumir uma personagem mal construída que afectou irremediavelmente o seu trabalho como actor principal. Cláudia Vieira também é uma excelente profissional mas quando é colocada num papel onde só a beleza e o sensualismo interessam, torna-se difícil avaliar positivamente o seu desempenho por muito competente que seja. Vítor Norte é outro actor que com uma melhor personagem poderia ter-nos oferecido uma prestação agradável e convincente. No lado completamente negativo está Sofia Aparício, uma ex-modelo convertida em actriz que nem com a perfeita personagem chegaria a um patamar razoável.
O ano passado, o cinema português brindou-nos com obras de enorme qualidade como “Meu Querido Mês de Agosto”, “Entre os Dedos”, “Terra Sonâmbula”, “Mal Nascida”, “The Lovebirds” e até mesmo “Amália, O Filme”. À excepção deste último, nenhuma das grandes obras nacionais do ano passado contou com o apoio publicitário e monetário dos grandes meios de comunicação nacionais. Este ano, duas obras de uma previsível fraca qualidade como “Contrato” e “Second Life” receberam a total atenção e apoio dos mais importantes meios de comunicação social de diversos formatos. Infelizmente, tal facto repete-se todos os anos, o “lixo” cinematográfico português recebe toda a atenção dos media portugueses que negligenciam assim a qualidade inerente de obras mais modestas mas de maior qualidade que fazem um enorme furor no estrangeiro mas que em Portugal são tratadas como secundárias e desinteressantes. Também se contam pelos dedos, as salas de cinema em que obras como “Entre os Dedos”, “Terra Sonâmbula” ou até mesmo “Meu Querido Mês de Agosto” (Pré-Candidato Nacional aos Óscares) estrearam. Certamente que “Contrato”, estreou esta quinta-feira em mais salas de cinema que essas três obras juntas. Se temos talento e qualidade porque não investir em bons filmes em vez de obras descartáveis que nunca irão cruzar as fronteiras nacionais. Só peço que divulguem e apoiem as obras nacionais de qualidade, um pouco como se faz por essa Europa fora. Numa semana em que também estreou “Veneno Cura”, uma obra nacional que parece interessante, aconselho vivamente a todos os leitores portugueses a optarem por essa obra de Raquel Freire em detrimento deste patético “Contrato”.
Classificação - 0,5 Estrelas Em 5
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