Realizado por Wim Wenders
Com Bruno Ganz, Solvieg Dommartin, Curt Bois
Um anjo deseja ser humano. Tomar conta, manter as coisas, não sentir, pairar é pior do que todas as sensações melhores ou menos boas da vida humana. Damiel (Bruno Ganz) apaixona-se por uma trapezista, Marion (Solvieg Dommartin), de quem era anjo da guarda e decide descer à terra para se tornar humano e mortal de forma a poder viver esse amor e sentir como os humanos sentem. Nesse processo é ajudado por outro anjo, Cassiel (Otto Sander), e por um ex-anjo, Peter Falk (representando-se a si mesmo). A introdução deste último na narrativa é um elemento essencial para a criação d eum universo de verosimilhança. O espectador subitamente percebe que no seu mondo, no mundo que vivencia todos os dias existem anjos, anjos que lhe dão a sensação de bem-estar, como o Detective Columbo.
Com Bruno Ganz, Solvieg Dommartin, Curt Bois
Um anjo deseja ser humano. Tomar conta, manter as coisas, não sentir, pairar é pior do que todas as sensações melhores ou menos boas da vida humana. Damiel (Bruno Ganz) apaixona-se por uma trapezista, Marion (Solvieg Dommartin), de quem era anjo da guarda e decide descer à terra para se tornar humano e mortal de forma a poder viver esse amor e sentir como os humanos sentem. Nesse processo é ajudado por outro anjo, Cassiel (Otto Sander), e por um ex-anjo, Peter Falk (representando-se a si mesmo). A introdução deste último na narrativa é um elemento essencial para a criação d eum universo de verosimilhança. O espectador subitamente percebe que no seu mondo, no mundo que vivencia todos os dias existem anjos, anjos que lhe dão a sensação de bem-estar, como o Detective Columbo.
A magia desta obra de Wim Wenders reside na manipulação da cor e do espaço como elementos significantes. O filme é rodado a preto e branco quando no sé apresentada a visão dos anjos, tornando-se num mundo colorido quando os anjos conseguem perceber o modo de ver o mundo dos humanos ou se fundem com essa visão. A juntar a esse processo narrativo está a utilização de espaços altamente simbólicos, uma Berlim brutal, destruída pela guerra, limitada pelo Muro graffitado; uma biblioteca fabulosa onde, no silêncio enorme da leitura, são claros e perfeitamente audíveis pelos anjos os pensamentos individuais, únicos, indizíveis de todas as pessoas. Outro espaço é a arena do circo onde Marion voa no trapézio, naquilo que, de certa forma, é o humano, que num caminho inverso, se transforma em anjo.
Se pudermos dividir o filme em três partes, sendo a primeira aquela que nos apresenta o ponto de vista dos anjos, a segunda a da identificação de Damiel com a vida dos homens e o seu desejo de sentir e a última a sua transformação num homem como os outros, encontramos um percurso no sentido do aligeiramento progressivo da narrativa, que se tornaria quase cómico não fossem as cenas cortadas que a edição em DVD apresenta. O isolamento dos pensamentos apenas captados pelos anjos, os olhares das crianças capazes de os verem, o número infinito de figurantes que anima as ruas de Berlim que, ainda assim, parece deserta, inumana, isolada, vão dando lugar progressivamente ao calor do ser humano, à alegria do risco de se poder sofrer mas de se poder amar, tomar café com cigarros, de se ser feliz e infeliz, de se estar enfim vivo.
Esta é portanto uma ode à vida, à vida como ela é, à vida que supera a perfeição. Este filme recebeu, entre outros, o prémio de Melhor Realizador do Festival de Cannes em 1987 e está disponível em DVD numa edição ZonLusomundo/Fnac.
Classificação - 5 Estrelas Em 5
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