Realizado por Jirí Menzel
Com Ivan Barnev, Oldrich Kaiser, Julia Jentsch, Martin Huba
“I Served the King of England” é um drama baseado no romance de Bohumil Hrabal que nos oferece uma excelente visão dramática da situação vivida na Europa na primeira metade do século XX. Através do protagonista do filme, o determinado Jan Dite, viajamos por alguns dos mais conturbados períodos do velho continente onde nos é apresentada uma visão concreta e sincera da natureza humana durante esses períodos.
O nosso protagonista é Jan Dite, um homem baixo em altura mas com ambições elevadas, que foi criado na província e que quer ser milionário, assim sendo, para alcançar esse sonho, vai utilizar para seu proveito o melhor e o pior que a vida lhe ensinou. Armado com estes conhecimentos e um irreprimível desejo de agradar, deixa o seu primeiro emprego num bar para ir para um bordel de luxo e finalmente para um elegante restaurante de Arte Nova em Praga. Contudo, o seu plano vê-se interrompido pelo fantasma da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha de Hitler já começou a destroçar a sua Checoslováquia, deixando pouco espaço de manobra para os seus negócios mas é durante a fatídica guerra que Jan encontra a sua cara-metade, a bela e perigosa Lisa, uma alemã orgulhosa do seu sangue ariano. Os dois casam-se mas pouco tempo depois Lisa morre, deixando a Jan uma fortuna em forma de selos judaicos roubados durante a guerra que Jan acaba por vender, tornando-se finalmente milionário. Mas Jan tem apenas três anos para gozar a fortuna porque o novo Regime Comunista põe-no atrás das grades durante quinze anos, um por cada um dos seus milhões. Depois de libertado, Jan é mandado para uma decrépita cidade fronteiriça, abandonada pelos alemães, aí encontra finalmente o tempo necessário para pensar nos acontecimentos que moldaram a sua vida e para reflectir no que poderia ter acontecido se tivesse tido um papel diferente nesses eventos.
Com um estilo visual atractivo, o experiente realizador checo Jirí Menzel cria uma obra de qualidade que fornece um toque de drama aliado a traços humorísticos que enriquecem um argumento complexo e bastante histórico. No fundo, não estamos perante um filme que apresenta grandes reflexões filosóficas do protagonista, estamos sim perante uma obra que relata com exactidão as diversas mentalidades que varreram a Europa naqueles tempos e a forma como os cidadãos europeus se adaptavam a elas. Esta é uma obra tipicamente europeia que se afasta dos moldes narrativos norte-americanos, desta forma temos um enredo elegante e clássico que aposta menos no espectáculo e mais na informação e na aproximação à realidade, algo que pode não agradar aos fãs inertes do cinema americano mas que certamente irá agradar aos apreciadores do bom cinema europeu. A vida de Jan Dite aparece-nos como sendo bastante surreal, é dela que provêem as situações de maior humor e ironia do filme. A sua vida profissional e amorosa ajuda a tornar mais acessível o retrato social da Europa que o rodeia, ajudando a aliviar um pouco o drama das situações reais e do pesado conteúdo histórico e psicológico usado para contextualizar e explicar esses difíceis tempos europeus. Em suma, a história de vida de Jan fornece uma escapatória humorística que permite simplificar a história do filme, tornando a sua verdadeira mensagem mais secundária mas ao mesmo tempo mais perceptível. O elenco certamente desconhecido para o público português apresenta no geral um trabalho completo e profissional. A fotografia apresenta também ela um bom nível, a beleza das imagens ajuda o espectador a enquadrar-se melhor na época e na história de Jan.
“I Served the King of England” é uma obra que aparenta ser ligeira mas que no fundo acaba por ser bastante complexa e completa, os momentos humorísticos do filme estão bem enquadrados e construídos mas não conseguem esconder a força dramática e histórica do enredo e ainda bem que assim é. Estamos perante um filme sociológico que nos brinda com uma brilhante visão dos tempos mais negros da Europa, bem como uma história interessante e divertida de um indivíduo que recorreu a todas as artimanhas que conhecia para sobreviver e cumprir os seus sonhos.
Com Ivan Barnev, Oldrich Kaiser, Julia Jentsch, Martin Huba
“I Served the King of England” é um drama baseado no romance de Bohumil Hrabal que nos oferece uma excelente visão dramática da situação vivida na Europa na primeira metade do século XX. Através do protagonista do filme, o determinado Jan Dite, viajamos por alguns dos mais conturbados períodos do velho continente onde nos é apresentada uma visão concreta e sincera da natureza humana durante esses períodos.
O nosso protagonista é Jan Dite, um homem baixo em altura mas com ambições elevadas, que foi criado na província e que quer ser milionário, assim sendo, para alcançar esse sonho, vai utilizar para seu proveito o melhor e o pior que a vida lhe ensinou. Armado com estes conhecimentos e um irreprimível desejo de agradar, deixa o seu primeiro emprego num bar para ir para um bordel de luxo e finalmente para um elegante restaurante de Arte Nova em Praga. Contudo, o seu plano vê-se interrompido pelo fantasma da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha de Hitler já começou a destroçar a sua Checoslováquia, deixando pouco espaço de manobra para os seus negócios mas é durante a fatídica guerra que Jan encontra a sua cara-metade, a bela e perigosa Lisa, uma alemã orgulhosa do seu sangue ariano. Os dois casam-se mas pouco tempo depois Lisa morre, deixando a Jan uma fortuna em forma de selos judaicos roubados durante a guerra que Jan acaba por vender, tornando-se finalmente milionário. Mas Jan tem apenas três anos para gozar a fortuna porque o novo Regime Comunista põe-no atrás das grades durante quinze anos, um por cada um dos seus milhões. Depois de libertado, Jan é mandado para uma decrépita cidade fronteiriça, abandonada pelos alemães, aí encontra finalmente o tempo necessário para pensar nos acontecimentos que moldaram a sua vida e para reflectir no que poderia ter acontecido se tivesse tido um papel diferente nesses eventos.
Com um estilo visual atractivo, o experiente realizador checo Jirí Menzel cria uma obra de qualidade que fornece um toque de drama aliado a traços humorísticos que enriquecem um argumento complexo e bastante histórico. No fundo, não estamos perante um filme que apresenta grandes reflexões filosóficas do protagonista, estamos sim perante uma obra que relata com exactidão as diversas mentalidades que varreram a Europa naqueles tempos e a forma como os cidadãos europeus se adaptavam a elas. Esta é uma obra tipicamente europeia que se afasta dos moldes narrativos norte-americanos, desta forma temos um enredo elegante e clássico que aposta menos no espectáculo e mais na informação e na aproximação à realidade, algo que pode não agradar aos fãs inertes do cinema americano mas que certamente irá agradar aos apreciadores do bom cinema europeu. A vida de Jan Dite aparece-nos como sendo bastante surreal, é dela que provêem as situações de maior humor e ironia do filme. A sua vida profissional e amorosa ajuda a tornar mais acessível o retrato social da Europa que o rodeia, ajudando a aliviar um pouco o drama das situações reais e do pesado conteúdo histórico e psicológico usado para contextualizar e explicar esses difíceis tempos europeus. Em suma, a história de vida de Jan fornece uma escapatória humorística que permite simplificar a história do filme, tornando a sua verdadeira mensagem mais secundária mas ao mesmo tempo mais perceptível. O elenco certamente desconhecido para o público português apresenta no geral um trabalho completo e profissional. A fotografia apresenta também ela um bom nível, a beleza das imagens ajuda o espectador a enquadrar-se melhor na época e na história de Jan.
“I Served the King of England” é uma obra que aparenta ser ligeira mas que no fundo acaba por ser bastante complexa e completa, os momentos humorísticos do filme estão bem enquadrados e construídos mas não conseguem esconder a força dramática e histórica do enredo e ainda bem que assim é. Estamos perante um filme sociológico que nos brinda com uma brilhante visão dos tempos mais negros da Europa, bem como uma história interessante e divertida de um indivíduo que recorreu a todas as artimanhas que conhecia para sobreviver e cumprir os seus sonhos.
Classificação - 3,5 Estrelas Em 5
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