Crítica - The Aviator (2004)

Realizado por Martin Scorsese

Com Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Gwen Stefani

"The Aviator" (O Aviador) é um filme de 2004 e é mais uma obra de qualidade do realizador Martin Scorsese que conquistou as audiências de todo o mundo com este seu novo trabalho. Com uma realização brilhante e com um elenco competente, o filme conquistou as bilheteiras norte-americanas e posteriormente várias nomeações para os Óscares da Academia, incluindo o de Melhor Filme que perdeu para "Million Dollar Babby", no entanto, acabou por vencer cinco das onze categorias para que estava nomeado. Entre as suas grandes conquistas contam-se também o BAFTA para Melhor Filme e o Globo de Ouro para Melhor Filme - Drama. O filme conta-nos a história de Howard Hughes (Leonardo DiCaprio), um multimilionário americano que ficou órfão bastante cedo mas que investiu toda a sua herança nas suas duas grandes paixões, aviões e filmes. Podemos dizer que as suas ideias extravagantes contribuíram um bocado para as verdadeiras revoluções nessas áreas. No cinema foi o realizador de "Hell’s Angel"s, ainda hoje recordado como um dos filmes com maior orçamento da história do cinema. Hughes vivia no mundo glamoroso de Hollywood dos anos 40, andava sempre rodeado de divas que faziam fila para acompanhá-lo não somente nas premieres mas também na cama. No filme são retratados os seus relacionamentos com Jean Harlow (Gwen Stefani) e Ava Gardner (Kate Beckinsale). Na aviação, Hughes foi uma peça-chave na evolução da aviação norte-americana, financiando aviões capazes de quebrar recordes de velocidade. Foi o dono da empresa TWA, responsável pelo desenvolvimento de voos domésticos em território norte-americano e principal concorrente da PAM AM e viu também muitos dos seus projectos e sonhos concretizados como o avião de madeira que comportaria mais de 700 passageiros e que só viu o ar uma única vez num voo experimental, episódio escolhido por Scorsese para finalizar o filme. Mas a sua loucura foi como um vírus, as suas manias e obsessões tomaram-lhe conta do cérebro, algo que o levou a um final de vida triste e longe da vida social.

O filme de Scorsese é extremamente completo e apelativo, apostando numa reconstituição da época quase perfeita, capaz de fazer cair o queixo a qualquer pessoa. O filme consegue transmitir muito bem ao espectador, não somente todo o glamour da época em Hollywood mas também o mundo das sombras e loucura que foi invadindo Hughes com o passar dos anos. Mais do que um milionário excêntrico, Howard Hughes foi um homem que se perdeu na própria mania da grandeza, a mesma que parece tomar conta de "Aviator". O filme está muito bem feito, apresentando algumas cenas antológicas como a do acidente de avião, um trágico acontecimento que fez com que Hughes ficasse com grande parte do seu corpo coberto por marcas de queimaduras. Além disso, a produção também conta com boas actuações como a de Leonardo DiCaprio, elogiado e premiado o suficiente pela sua performance, e a de Cate Blanchett que, apesar de retratar uma Katherine Hepburn histérica ao extremo, consegue divertir e encher a tela com a sua classe, essa sim bastante parecida com a de Katherine.

"Aviator" transpira perfeição técnica por todos os poros mas no meio de tanta grandeza parece-me que falta alguma coisa, talvez um pouco mais de substancia e talvez por isso não tenha conquistado o Óscar de Melhor Filme. Em comparação com o seu grande rival da altura, "Million Dollar Baby", "Aviator" tem menos drama e uma ligação pessoal mais fraca com o espectador. O argumento é baseado numa biografia não aprovada de 1971 que levou os seus autores ao tribunal com processos de difamação e ofensas ao bom nome de Hughes, contudo Scorsese não fez uma cine-biografia exacta, tendo-se focado apenas nos grandes feitos do empresário e na sua luta contra a loucura pessoal, na minha opinião, fez muito bem porque ninguém sabe ao certo como foi a vida de Hughes longe das objectivas. Scorsese pode ter perdido o Óscar de Melhor Filme com "Aviator" mas não nos podemos esquecer que pela segunda vez consecutiva viu-se nomeado para os principais prémios mundiais o que lhe deu animo e fundos para realizar "The Departed", o filme que finalmente lhe valeu o Óscar de Melhor Realizador. "Aviator" foi o segundo filme de uma tríade fabulosa de Scorsese no novo milénio, três poduções que o consagraram como um dos grandes realizadores de Hollywood se é que precisava de mais consagrações.

Classificação - 4 Estrelas Em 5