Realizado por Mike Binder
Com Adam Sandler, Don Cheadle, Liv Tyler, Jada Pinkett Smith, Saffron Burrows
Premissa: Um reputado dentista (Don Cheadle) inquietado pela falta de amizade e fulgor na sua vida e um antigo colega de faculdade (Adam Sandler), que perdeu a família nos atentados do 11 de Setembro, reencontram-se após muitos anos. Apesar da estranheza inicial e das dissemelhanças evidentes para com o passado, o seu reencontro transforma-se numa corda salva vidas para ambos, que necessitam de um amigo neste momento angustiante e crucial das suas vidas.
Análise: Olhando para a premissa juntamente com o actor que salta à vista do mero espectador – Adam Sandler – este filme poderia rápida e meramente prospectar-se lamechas e cliché. Devo confessar que, apesar do elenco contar um dos mais versáteis, seguros e geniais actores americanos do momento – Don Chedle –, eu era um desses cépticos. No entanto, o desenrolar da premissa, contrariamente ao que esperava, juntamente com um conjunto de factores bem conjugados revelou este um dos melhores retratos pos-11 de Setembro até hoje alguma vez já feito. Esses factores, que são os fundamentais na criação de qualquer obra cinematográfica, criam de facto uma obra simpática e a ser levada em conta.
Passemos então a analisar esses factores, começando pelo que na minha perspectiva foi o fundamental – o argumento. O simples facto de o argumentista conseguir pegar numa sinopse de telenovela e a transformar subtil e astutamente numa intriga dramática equilibrada, sentimental e cómica, por si só, já tornam o seu trabalho laudável. Sem falsos moralismos e lamechices características de algumas produções hollywoodescas, o filme consegue atingir o pretendido e fá-lo muito bem. O papel da música – não como linha condutora como acontece, por exemplo, em High fidelity, mas como influência directa na vida do personagem; a bipolaridade, ainda que por vezes insegura, conseguida pelo actor principal; o consistente trabalho de Don Cheadle, a direcção eficaz e desprovida de artifícios do realizador e o argumento já referido conseguem criar habilidosamente momentos, e uma consequente obra que transporta os espectadores, quase que sem intenção, do mais profundo sentimento lacrimoso de angustia vivido pelos personagens – especialmente o principal – até à comedia de embaraço e negra pretendida. No fim, "Reign Over Me" acabou por ser o oposto do inicialmente previsto. Um filme simples que lida de forma impressionante com temas frágeis e difíceis como a morte e as relações de afecto humanas.
Classificação -4 Estrelas Em 5
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