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sábado, 10 de abril de 2010

Crítica - Green Zone (2010)


Realizado por Paul Greengrass
Com Matt Damon, Jason Isaacs, Greg Kinnear

Após uma parceria de sucesso em “The Bourne Supremacy” (2004) e “The Bourne Ultimatum” (2007), Paul Greengrass e Matt Damon voltaram a se juntar em “Green Zone”, uma produção muito mais séria que as suas últimas colaborações cinematográficas mas muito menos bem sucedida nas bilheteiras. “Green Zone” é um thriller de guerra com contornos políticos que acompanha o organizado encobrimento que foi efectuado pelo governo americano em relação à inexistência de armas de destruição massiva em território iraquiano, uma temática polémica mas extremamente interessante que é explorada com habilidade e inteligência por esta produção que não conseguiu convencer os espectadores americanos que a ignoraram por completo. A história de “Green Zone” é protagonizada por Roy Miller (Matt Damon), um sargento do exército que juntamente com a sua equipa de inspectores são destacados para localizar armas de destruição massiva no deserto iraquiano, onde supostamente estariam escondidas, mas ao chegarem ao local, ao invés de encontrarem as provas que legitimariam a entrada dos Estados Unidos da América em guerra, são confrontados com uma conspiração que envolve as mais altas figuras do estado. A falta de provas e esta nova descoberta invalida toda a missão e, por esse motivo, os serviços militares americanos têm todo o interesse em ocultar a verdade.


O argumento foi levemente inspirado em “Imperial Life in the Emerald City” de Rajiv Chandrasekaran, um trabalho literário que acompanha o quotidiano dos soldados americanos na instável capital iraquiana, no entanto, esta produção cinematográfica é muito mais ambiciosa e polémica que a sua base de inspiração. “Green Zone” explora com frontalidade e habilidade uma temática muito complexa e muito delicada que ainda se encontra presente na memória dos americanos. A suposta existência de armas de destruição massiva em território iraquiano foi o único argumento político que conseguiu legitimar a invasão americana e britânica do instável estado iraquiano. A coligação utilizou um inovador argumento doutrinal para convencer o Concelho de Segurança das Nações Unidas a autorizar uma intervenção militar num estado que aparentemente não apresentava grande perigo para a comunidade internacional, esse argumento doutrinal consistia na aceitação de uma legitima defesa preemptiva, ou seja, numa forma de atacar preemptivamente um estado antes que este lançasse o seu próprio ataque armado, assim sendo, perante as evidencias que foram apresentadas pelo governo americano, evidências essas que demonstravam que o governo iraquiano tinha acesso directo a um perigoso armamento, os responsáveis governamentais da comunidade internacional não se opuseram à invasão. O argumento de “Green Zone” não explica esta construção doutrinal mas acompanha a confirmação da suspeição da esmagadora maioria dos especialistas internacionais em assuntos de segurança internacional que sempre defenderam que o governo iraquiano não possuía nenhum dispositivo altamente perigoso e destrutivo, no entanto, essa abordagem não retracta nenhuma história concreta ou individual.


A história fictícia de “Green Zone” é apenas uma representação exemplificativa que não é completamente fidedigna à realidade porque não existe nenhuma prova concreta da existência de uma conspiração governamental tão elaborada e tão exagerada como a que é representada na sua narrativa, no entanto, está tacitamente comprovado que o governo americano condicionou a divulgação de inúmeras informações relacionadas com a inexistência de armamento de destruição massiva em território iraquiano com o intuito de manter a opinião publica do seu lado e é essa ideia de silenciamento e encobrimento governamental que a história pretende transmitir ao espectador. O argumento de “Green Zone” é um bocado exagerado mas esse exagero era necessário para conferir alguma intensidade e alguma acção à produção porque, afinal de contas, não estamos perante um documentário ou uma biografia cinematográfica.


A direcção de Paul Greengrass é bastante competente e apesar de ter cometido alguns exageros em alguns aspectos polémicos conseguiu transmitir a sua mensagem ao público, uma mensagem que pretende mostrar ao espectador que o governo americano sabia da inexistência das armas de destruição massiva em território iraquiano e que mesmo assim avançou com a invasão e que após ter cumprido todos os seus objectivos bélicos fez de tudo para esconder essa informação da comunidade internacional. Paul Greengrass também é inteiramente responsável pela inúmeras sequências explosivas que pautam o desenvolvimento desta produção, sequências essas que estão muito bem montadas e que conseguem oferecer ao espectador alguns momentos de grande adrenalina e de grande qualidade que nos fazem lembrar os segmentos de “The Bourne Supremacy” ou “The Bourne Ultimatum”. A fotografia desértica de “Green Zone” também é muito boa porque é realista e exprime na perfeição a brutalidade do conflito armado. Matt Damon é inegavelmente o elemento mais carismático e competente do elenco desta produção. A sua performance não é deslumbrante mas é extremamente cativante e demonstra na perfeição as potencialidades profissionais deste talentoso actor. O elenco secundário também conta com algumas performances de qualidade.


O insucesso comercial de ”Green Zone” nas bilheteiras americanas foi claramente provocado pela impopularidade da sua temática e não pela sua qualidade porque estamos perante uma interessante produção cinematográfica. O filme deverá agradar aos espectadores que apreciem produções enigmáticas e que consigam misturar habilmente as problemáticas e controversas situações da realidade com conspirações e acontecimentos fictícios.

Classificação – 4 Estrelas Em 5