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sábado, 8 de novembro de 2008

Sistema Educativo VS Atitude dos Alunos



Já há algum tempo que vivo com a impressão de que algo vai mal com a juventude dos dias de hoje. Não me interpretem mal. Não pretendo aqui criticar a nova geração nem denegrir a sua imagem. Mas penso que algo vai mal, essencialmente no que concerne a educação. Cada vez mais assistimos a casos de rebeldia dos alunos nas escolas. Cada vez mais se tornam públicas as queixas de inúmeros professores, criticando a atitude dos alunos nas salas de aula e assumindo a falência do sistema de ensino. O filme “Entre les Murs”, actualmente nas salas de cinema portuguesas, vem mais uma vez realçar estes problemas e confirmar o meu pressentimento.
“Entre les Murs” é uma obra que reflecte sobre o sistema educativo em geral, e põe a nu a incapacidade e dificuldade dos professores na simples execução do seu trabalho. Esta obra passa-se numa escola francesa, mas acaba por ser um reflexo das escolas de todos os países designados como “desenvolvidos”. A ignorância dos alunos; a sua apatia e desinteresse pela escola; a sua necessidade de rebelião como forma de serem aceites pelo grupo de pares; tudo isto está presente neste filme e tudo isto é pertinente, sendo um reflexo da realidade.
Tendo isto como um facto consumado, de quem será a culpa? Do sistema educativo que simplesmente não funciona? Dos alunos que se demonstram cada vez mais desinteressados e mal-educados? Talvez a resposta correcta vá no sentido de ambas as partes assumirem a sua quota-parte da responsabilidade. Por um lado, nunca me pareceu que a melhor forma de avaliar um aluno fosse a realização de inúmeros exames ao longo do ano, pois os alunos apenas estudam naquela semana e passado um mês já se esqueceram de tudo (comigo também era assim). Isto só prova que a avaliação de pessoas e capacidades humanas não pode ser medida através de números e médias. Mas também haverá outra forma de os avaliar?
Por outro lado, não podemos ignorar que na sociedade actual a atitude dos jovens face às regras e aos adultos (aos professores, portanto) deixa muito a desejar. Há cada vez mais desrespeito, apatia e rebeldia – tenhamos em conta que a série preferida dos jovens se chama “Geração Rebelde” e promove o estatuto dos bad-boys, enquanto os bons alunos são sempre os marrões com óculos e que não conquistam as miúdas… Talvez este seja o fruto de uma geração que tem uma liberdade excessiva, algo que nunca outra geração experimentou no passado.
“Entre les Murs” é um filme impressionante e é uma obra que reflecte sobre o estado da sociedade actual, e se preocupa com o seu futuro. Na minha opinião, temos razões para estar preocupados. E é por isso que “Entre les Murs” é um filme de visionamento OBRIGATÓRIO para alunos, professores, jovens, adultos, enfim – toda a gente. Deixo mesmo a sugestão de os professores realizarem visitas de estudo ao cinema com os seus alunos, no sentido de debaterem os temas presentes no filme. Pois acredito que, reflectindo em conjunto, a sociedade pode melhorar.

Sistema Educativo VS Atitude dos Alunos



Já há algum tempo que vivo com a impressão de que algo vai mal com a juventude dos dias de hoje. Não me interpretem mal. Não pretendo aqui criticar a nova geração nem denegrir a sua imagem. Mas penso que algo vai mal, essencialmente no que concerne a educação. Cada vez mais assistimos a casos de rebeldia dos alunos nas escolas. Cada vez mais se tornam públicas as queixas de inúmeros professores, criticando a atitude dos alunos nas salas de aula e assumindo a falência do sistema de ensino. O filme “Entre les Murs”, actualmente nas salas de cinema portuguesas, vem mais uma vez realçar estes problemas e confirmar o meu pressentimento.
“Entre les Murs” é uma obra que reflecte sobre o sistema educativo em geral, e põe a nu a incapacidade e dificuldade dos professores na simples execução do seu trabalho. Esta obra passa-se numa escola francesa, mas acaba por ser um reflexo das escolas de todos os países designados como “desenvolvidos”. A ignorância dos alunos; a sua apatia e desinteresse pela escola; a sua necessidade de rebelião como forma de serem aceites pelo grupo de pares; tudo isto está presente neste filme e tudo isto é pertinente, sendo um reflexo da realidade.
Tendo isto como um facto consumado, de quem será a culpa? Do sistema educativo que simplesmente não funciona? Dos alunos que se demonstram cada vez mais desinteressados e mal-educados? Talvez a resposta correcta vá no sentido de ambas as partes assumirem a sua quota-parte da responsabilidade. Por um lado, nunca me pareceu que a melhor forma de avaliar um aluno fosse a realização de inúmeros exames ao longo do ano, pois os alunos apenas estudam naquela semana e passado um mês já se esqueceram de tudo (comigo também era assim). Isto só prova que a avaliação de pessoas e capacidades humanas não pode ser medida através de números e médias. Mas também haverá outra forma de os avaliar?
Por outro lado, não podemos ignorar que na sociedade actual a atitude dos jovens face às regras e aos adultos (aos professores, portanto) deixa muito a desejar. Há cada vez mais desrespeito, apatia e rebeldia – tenhamos em conta que a série preferida dos jovens se chama “Geração Rebelde” e promove o estatuto dos bad-boys, enquanto os bons alunos são sempre os marrões com óculos e que não conquistam as miúdas… Talvez este seja o fruto de uma geração que tem uma liberdade excessiva, algo que nunca outra geração experimentou no passado.
“Entre les Murs” é um filme impressionante e é uma obra que reflecte sobre o estado da sociedade actual, e se preocupa com o seu futuro. Na minha opinião, temos razões para estar preocupados. E é por isso que “Entre les Murs” é um filme de visionamento OBRIGATÓRIO para alunos, professores, jovens, adultos, enfim – toda a gente. Deixo mesmo a sugestão de os professores realizarem visitas de estudo ao cinema com os seus alunos, no sentido de debaterem os temas presentes no filme. Pois acredito que, reflectindo em conjunto, a sociedade pode melhorar.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Crítica - Entre Les Murs (2008)

Realizado por Laurent Cantet
Com François Bégaudeau

Há uns anos o mundo apercebeu-se de uma França multi-étnica composta por "emigrantes de 2ª geração" que não se identificavam com pátria alguma, apelidados pelo sempre polido e comedido Sarkozy de "escumalha". A identificarem-se com algum espaço, será com os bairros dos subúrbios onde residem, naturalmente que não será com a escola. Porém, é na escola, numa específica sala de aula onde um desorientado professor de Francês (François Bégaudeau) tenta cumprir o programa sem abandonar os seu vincado modo de ser,que se desenrola esta narrativa ficcional/documental. À semelhança do didacta, nenhum dos alunos refreia os modos, a entoação, a atitude. No início a palavra "pirralhos" paira no pensamento... depois vêm à memória os tempos de escola e (pelo menos no meu caso) descobre-se que talvez se fosse tão ruim ou pior do que aquela gente a quem sobra ignorância, arrogância, actividade hormonal, etc, mas que por algum motivo obscuro encerram uma magia ímpar no momento em que se lhes alcança a alma, e naquela personalidade em formação, naquela entidade em auto-procura contínua, sôfrega ou letárgica, ainda e sempre indagante do futuro... se altera algo para melhor. Os adolescentes são interessantes porque espelham a noção de possibilidade, de potencialidade... de esperança. Quer-se chibatá-los por causa dos telemóveis e da impertinência mas há ali uma aura que os torna dignos de mais esforços.
Mas voltando à vaca fria... "A Turma" tem feito furor por diversos factores. Eu arriscaria que a sua autenticidade desassombrada e despretensiosa é o factor mobilizante da crítica. E aqui há que congratular a inteligentíssima realização de Cantet, que com 3 câmaras obtém os planos de uma realidade digna da designação. Além destes dois factores e a par deles, os alunos reais a interpretarem-se foi uma decisão de cast/argumento tão arriscada quanto ampla de sucesso. A crítica mais acutilante dirá que ali não há uma história a ser contada. Mas observando cuidadosamente há naquele espaço 25 histórias em confluência, 24 de um lado contra aquele solitário adulto entre gente com metade da sua idade que o desafia enquanto representante das regras da sociedade que lhes impõe deveres e à qual não sentem dever o quer que seja.
Assiste-se ao desenrolar de um ano lectivo, iniciado no bulício desregrado do costume, povoado de incidentes que o distinguem de outros tantos como ele que também terão traços únicos e porém comuns, culminando numa conversa entre o professor e os alunos, sobre aquilo que aprenderam na escola nesse espaço de tempo que medeia duas férias de Verão. A aluna que perdeu o interesse e toda a sua atitude é de uma insolência enervante, a reivindicativa delegada que despreza o Diário de Anne Frank mas andou a ler A República de Platão, o aplicado filho de emigrantes chineses sob ameaça de deportação que todos os professores tomam como modelo ideal de filho, os engraçadinhos de serviço e o filho de emigrantes do Mali, caso sério de indisciplina que culmina num conselho disciplinar com uma mãe duplamente deslocada, da realidade e da língua... ainda assim, o espectador é nela que se encontra (ou quer encontrar), naquele hiato comunicacional em que nem tudo parece fielmente traduzido. Mas a ênfase dramática cabe àquele momento em que no final da última aula, uma aluna espera para ficar reduzida ao sigilo do sistema simbolizado no professor, apesar de no olhar se notar a procura de uma salvação em que deixou de crer: não aprendeu nada. Não compreende as coisas que os colegas percebem. A maior das falhas, sob todos os pontos de vista, é esta: deixar de notar diferenças desta dimensão, só porque passam discretamente pelas salas de aula e nunca por conselhos disciplinares, dado que estes foram criados para lidar com uma pré-marginalidade cujo combate assumiu primazia desde há muito... ou até sempre.
Desenganem-se aqueles que esperam algum desvendar de uma grande evidência conducente a algo mais do que uma pluralidade existencial, cultural e social semi-caótica, própria do nosso tempo como de nenhum outro antes dele, em que o professor alterado deixa escapar que duas alunas se comportaram como galdérias, perdendo a credibilidade que tinha aos olhos de todos, sobretudo aos dele, sem poder sair de cena ou apagar o sucedido. Semi-caótica porque há ali uma harmonia subjacente, ténue, quiçá efémera... no jogo de futebol professores vs. alunos não se conhecem vencedores/vencidos, mas procuram-se os meandros mais prosaicos da acção. Não é preciso vestir a realidade de outra coisa que não de si mesma para se fazer bom cinema. A genialidade não é ostensiva, tem os seus momentos, há falhas e excessos, ainda assim é um filme a não deixar sair de cartaz sem marcar presença dentro da sala.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

Crítica - Entre Les Murs (2008)

Realizado por Laurent Cantet
Com François Bégaudeau

Há uns anos o mundo apercebeu-se de uma França multi-étnica composta por "emigrantes de 2ª geração" que não se identificavam com pátria alguma, apelidados pelo sempre polido e comedido Sarkozy de "escumalha". A identificarem-se com algum espaço, será com os bairros dos subúrbios onde residem, naturalmente que não será com a escola. Porém, é na escola, numa específica sala de aula onde um desorientado professor de Francês (François Bégaudeau) tenta cumprir o programa sem abandonar os seu vincado modo de ser,que se desenrola esta narrativa ficcional/documental. À semelhança do didacta, nenhum dos alunos refreia os modos, a entoação, a atitude. No início a palavra "pirralhos" paira no pensamento... depois vêm à memória os tempos de escola e (pelo menos no meu caso) descobre-se que talvez se fosse tão ruim ou pior do que aquela gente a quem sobra ignorância, arrogância, actividade hormonal, etc, mas que por algum motivo obscuro encerram uma magia ímpar no momento em que se lhes alcança a alma, e naquela personalidade em formação, naquela entidade em auto-procura contínua, sôfrega ou letárgica, ainda e sempre indagante do futuro... se altera algo para melhor. Os adolescentes são interessantes porque espelham a noção de possibilidade, de potencialidade... de esperança. Quer-se chibatá-los por causa dos telemóveis e da impertinência mas há ali uma aura que os torna dignos de mais esforços.
Mas voltando à vaca fria... "A Turma" tem feito furor por diversos factores. Eu arriscaria que a sua autenticidade desassombrada e despretensiosa é o factor mobilizante da crítica. E aqui há que congratular a inteligentíssima realização de Cantet, que com 3 câmaras obtém os planos de uma realidade digna da designação. Além destes dois factores e a par deles, os alunos reais a interpretarem-se foi uma decisão de cast/argumento tão arriscada quanto ampla de sucesso. A crítica mais acutilante dirá que ali não há uma história a ser contada. Mas observando cuidadosamente há naquele espaço 25 histórias em confluência, 24 de um lado contra aquele solitário adulto entre gente com metade da sua idade que o desafia enquanto representante das regras da sociedade que lhes impõe deveres e à qual não sentem dever o quer que seja.
Assiste-se ao desenrolar de um ano lectivo, iniciado no bulício desregrado do costume, povoado de incidentes que o distinguem de outros tantos como ele que também terão traços únicos e porém comuns, culminando numa conversa entre o professor e os alunos, sobre aquilo que aprenderam na escola nesse espaço de tempo que medeia duas férias de Verão. A aluna que perdeu o interesse e toda a sua atitude é de uma insolência enervante, a reivindicativa delegada que despreza o Diário de Anne Frank mas andou a ler A República de Platão, o aplicado filho de emigrantes chineses sob ameaça de deportação que todos os professores tomam como modelo ideal de filho, os engraçadinhos de serviço e o filho de emigrantes do Mali, caso sério de indisciplina que culmina num conselho disciplinar com uma mãe duplamente deslocada, da realidade e da língua... ainda assim, o espectador é nela que se encontra (ou quer encontrar), naquele hiato comunicacional em que nem tudo parece fielmente traduzido. Mas a ênfase dramática cabe àquele momento em que no final da última aula, uma aluna espera para ficar reduzida ao sigilo do sistema simbolizado no professor, apesar de no olhar se notar a procura de uma salvação em que deixou de crer: não aprendeu nada. Não compreende as coisas que os colegas percebem. A maior das falhas, sob todos os pontos de vista, é esta: deixar de notar diferenças desta dimensão, só porque passam discretamente pelas salas de aula e nunca por conselhos disciplinares, dado que estes foram criados para lidar com uma pré-marginalidade cujo combate assumiu primazia desde há muito... ou até sempre.
Desenganem-se aqueles que esperam algum desvendar de uma grande evidência conducente a algo mais do que uma pluralidade existencial, cultural e social semi-caótica, própria do nosso tempo como de nenhum outro antes dele, em que o professor alterado deixa escapar que duas alunas se comportaram como galdérias, perdendo a credibilidade que tinha aos olhos de todos, sobretudo aos dele, sem poder sair de cena ou apagar o sucedido. Semi-caótica porque há ali uma harmonia subjacente, ténue, quiçá efémera... no jogo de futebol professores vs. alunos não se conhecem vencedores/vencidos, mas procuram-se os meandros mais prosaicos da acção. Não é preciso vestir a realidade de outra coisa que não de si mesma para se fazer bom cinema. A genialidade não é ostensiva, tem os seus momentos, há falhas e excessos, ainda assim é um filme a não deixar sair de cartaz sem marcar presença dentro da sala.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

domingo, 2 de novembro de 2008

Crítica - Entre Les Murs (2008)

Realizado por Laurent Cantet
Com François Bégaudeau

A 61ª edição do prestigiado Festival de Cannes, consagrou “Entre Les Murs” como um dos melhores filmes de 2008 ao atribuir-lhe a prestigiada Palma de Ouro, um dos principais prémios do mundo do cinema. Esta atribuição foi mais do que merecida já que este drama francês, realizado por Laurent Cantet e escrito por François Bégaudeau, apresenta uma qualidade inegável no campo narrativo e técnico, captando de forma real e dramática os desafios que acompanham a arte de ensinar. “Entre Les Murs”acompanha um ano lectivo dum professor e da sua turma numa escola dum bairro problemático de Paris, microcosmos da multi-etnicidade da população francesa e espelho dos contrastes multiculturais dos grandes centros urbanos de todo o mundo. O professor François (interpretado pelo próprio François Bégaudeau, autor do livro que deu origem ao filme) e os seus colegas de trabalho preparam-se para mais um desafiante e complicado ano escolar. Cheios de boas intenções, estão decididos a não deixarem que o desencorajamento os impeça de tentar dar a melhor educação aos seus pupilos. No entanto, as culturas e as diferentes atitudes colidem frequentemente dentro da sala de aula, provocando um ambiente instável e conflituoso entre os alunos. François que sempre insistiu numa atmosfera de respeito e empenho dentro da sala de aula, vê os seus métodos de ensino serem postos em causa pelos seus irredutíveis alunos, algo que o obriga a repensar a sua estratégia de ensino e a criar diversas maneiras que estimulem a aprendizagem da sua turma.
Como se pode facilmente deduzir pelo resumo em cima descrito, o argumento de “Entre Les Murs” elabora uma competente e interessante crónica sobre a constante “luta” entre professores e alunos. O filme descreve de forma muito real e explícita, os confrontos praticamente diários entre duas figuras completamente distintas em termos de poder e autonomia, mas que no final do dia estão no mesmo barco educativo. Esta obra de Laurent Cantet é altamente imparcial não tomando partido de nenhum dos lados, não ataca indiscriminadamente os métodos tradicionais de ensino mas também não coloca os professores num pedestal superior ao dos alunos que são caracterizados sem qualquer estereotipo de perfeição ou desleixo, são tidos como simples adolescentes provenientes de diversas culturas e escalões da sociedade. Ao actuar desta maneira, o argumento consegue transmitir ao espectador uma ideia credível e imparcial do que realmente se passa em muitas escolas públicas europeias, onde os problemas sociais e comportamentais afectam todos os indivíduos envolvidos no processo educativo porque nenhum deles é perfeito.
“Entre Les Murs” não tem como função criticar o sistema educativo francês ou europeu, é de conhecimento geral que o sistema público nunca será melhor que o privado em termos de condições mas pode supera-lo em termos pedagógicos e é essa a verdadeira função do filme, mostrar como é que isso pode ser possível. Através das aulas do professor François, podemos concluir que o trabalho dum bom professor é muito amplo e não se limita ao ensino da matéria, um bom docente deve ter muita paciência e criatividade para poder lidar convenientemente com um grupo heterogéneo de adolescentes que exige muito de um só individuo, também é verdade que o professor deve mostrar firmeza na hora de dialogar com os alunos mas também deve mostrar algumas ideias de diplomacia na hora de explicar aos alunos as regras básicas do respeito e do convívio social, não só entre eles mas também entre o público geral. Estas são algumas das ideias que o filme pretender passar ao espectador, ideias essas que pretendem melhorar um sistema educativo público que lecciona milhões de indivíduos em todo o mundo e que de certa forma os prepara para enfrentar a difícil realidade laboral e social.
“Entre Les Murs” foca-se no campo educacional mas também abrange o campo cultural já que a turma do professor François, apresenta uma ampla variedade de etnias e culturas que nem sempre se dão bem. Ao longo do filme são vários os choques ideológicos que emergem nas discussões da sala de aula, todos eles tem um fundamento bastante real e são “resolvidos” através da diplomacia e do bom senso que a figura do professor tenta transmitir. Estes “conflitos” ideológicos funcionam como um espelho da realidade vivida em muitas das escolas públicas e privadas dos grandes centros urbanos, no entanto, ao contrário do que acontece no filme, muitos desses conflitos reais não são sanados e podem acarretar graves consequências sociais, psicológicas ou físicas para os alunos.
Laurent Cantet aborda esta complexa histórica dramática de uma forma extremamente competente e preceptiva, fá-lo através duma realização eficaz que se aproxima da simplicidade dum documentário ou duma reportagem televisiva, sem nunca entrar em exageros dramáticos ou irrealistas. Cantet transmitiu da melhor maneira uma história complexa e com fundamentos reais que só poderia ter sido abordada desta maneira, com muita humanidade e simplicidade. O elenco do filme é composto por actores amadores, sem qualquer experiência no mundo do cinema. Os alunos que compõem a turma são todos vulgares adolescentes que foram escolhidos entre alunos dum liceu francês, com quem Laurent Cantet trabalhou todas as semanas durante um ano lectivo em ateliers de improvisação e Workshops de representação. François Bégaudeau, o autor do livro que originou o filme, também se estreia como actor em “Entre Les Murs”. Apesar da sua falta de profissionalização e experiência, estes actores conseguiram apresentam uma performance bastante interessante que é movida por uma naturalidade impressionante que atribui credibilidade e realidade à história que é contada. “Entre Les Murs” é um poderoso drama realista que oferece uma autêntica lição de vida, sobre a ampla sociedade cultural em que vivemos e sobre a difícil tarefa de ser professor numa sociedade como esta. Um filme imperdível!

Classificação - 5 Estrelas Em 5
2ª Crítica - AQUI

Crítica - Entre Les Murs (2008)

Realizado por Laurent Cantet
Com François Bégaudeau

A 61ª edição do prestigiado Festival de Cannes, consagrou “Entre Les Murs” como um dos melhores filmes de 2008 ao atribuir-lhe a prestigiada Palma de Ouro, um dos principais prémios do mundo do cinema. Esta atribuição foi mais do que merecida já que este drama francês, realizado por Laurent Cantet e escrito por François Bégaudeau, apresenta uma qualidade inegável no campo narrativo e técnico, captando de forma real e dramática os desafios que acompanham a arte de ensinar. “Entre Les Murs”acompanha um ano lectivo dum professor e da sua turma numa escola dum bairro problemático de Paris, microcosmos da multi-etnicidade da população francesa e espelho dos contrastes multiculturais dos grandes centros urbanos de todo o mundo. O professor François (interpretado pelo próprio François Bégaudeau, autor do livro que deu origem ao filme) e os seus colegas de trabalho preparam-se para mais um desafiante e complicado ano escolar. Cheios de boas intenções, estão decididos a não deixarem que o desencorajamento os impeça de tentar dar a melhor educação aos seus pupilos. No entanto, as culturas e as diferentes atitudes colidem frequentemente dentro da sala de aula, provocando um ambiente instável e conflituoso entre os alunos. François que sempre insistiu numa atmosfera de respeito e empenho dentro da sala de aula, vê os seus métodos de ensino serem postos em causa pelos seus irredutíveis alunos, algo que o obriga a repensar a sua estratégia de ensino e a criar diversas maneiras que estimulem a aprendizagem da sua turma.
Como se pode facilmente deduzir pelo resumo em cima descrito, o argumento de “Entre Les Murs” elabora uma competente e interessante crónica sobre a constante “luta” entre professores e alunos. O filme descreve de forma muito real e explícita, os confrontos praticamente diários entre duas figuras completamente distintas em termos de poder e autonomia, mas que no final do dia estão no mesmo barco educativo. Esta obra de Laurent Cantet é altamente imparcial não tomando partido de nenhum dos lados, não ataca indiscriminadamente os métodos tradicionais de ensino mas também não coloca os professores num pedestal superior ao dos alunos que são caracterizados sem qualquer estereotipo de perfeição ou desleixo, são tidos como simples adolescentes provenientes de diversas culturas e escalões da sociedade. Ao actuar desta maneira, o argumento consegue transmitir ao espectador uma ideia credível e imparcial do que realmente se passa em muitas escolas públicas europeias, onde os problemas sociais e comportamentais afectam todos os indivíduos envolvidos no processo educativo porque nenhum deles é perfeito.
“Entre Les Murs” não tem como função criticar o sistema educativo francês ou europeu, é de conhecimento geral que o sistema público nunca será melhor que o privado em termos de condições mas pode supera-lo em termos pedagógicos e é essa a verdadeira função do filme, mostrar como é que isso pode ser possível. Através das aulas do professor François, podemos concluir que o trabalho dum bom professor é muito amplo e não se limita ao ensino da matéria, um bom docente deve ter muita paciência e criatividade para poder lidar convenientemente com um grupo heterogéneo de adolescentes que exige muito de um só individuo, também é verdade que o professor deve mostrar firmeza na hora de dialogar com os alunos mas também deve mostrar algumas ideias de diplomacia na hora de explicar aos alunos as regras básicas do respeito e do convívio social, não só entre eles mas também entre o público geral. Estas são algumas das ideias que o filme pretender passar ao espectador, ideias essas que pretendem melhorar um sistema educativo público que lecciona milhões de indivíduos em todo o mundo e que de certa forma os prepara para enfrentar a difícil realidade laboral e social.
“Entre Les Murs” foca-se no campo educacional mas também abrange o campo cultural já que a turma do professor François, apresenta uma ampla variedade de etnias e culturas que nem sempre se dão bem. Ao longo do filme são vários os choques ideológicos que emergem nas discussões da sala de aula, todos eles tem um fundamento bastante real e são “resolvidos” através da diplomacia e do bom senso que a figura do professor tenta transmitir. Estes “conflitos” ideológicos funcionam como um espelho da realidade vivida em muitas das escolas públicas e privadas dos grandes centros urbanos, no entanto, ao contrário do que acontece no filme, muitos desses conflitos reais não são sanados e podem acarretar graves consequências sociais, psicológicas ou físicas para os alunos.
Laurent Cantet aborda esta complexa histórica dramática de uma forma extremamente competente e preceptiva, fá-lo através duma realização eficaz que se aproxima da simplicidade dum documentário ou duma reportagem televisiva, sem nunca entrar em exageros dramáticos ou irrealistas. Cantet transmitiu da melhor maneira uma história complexa e com fundamentos reais que só poderia ter sido abordada desta maneira, com muita humanidade e simplicidade. O elenco do filme é composto por actores amadores, sem qualquer experiência no mundo do cinema. Os alunos que compõem a turma são todos vulgares adolescentes que foram escolhidos entre alunos dum liceu francês, com quem Laurent Cantet trabalhou todas as semanas durante um ano lectivo em ateliers de improvisação e Workshops de representação. François Bégaudeau, o autor do livro que originou o filme, também se estreia como actor em “Entre Les Murs”. Apesar da sua falta de profissionalização e experiência, estes actores conseguiram apresentam uma performance bastante interessante que é movida por uma naturalidade impressionante que atribui credibilidade e realidade à história que é contada. “Entre Les Murs” é um poderoso drama realista que oferece uma autêntica lição de vida, sobre a ampla sociedade cultural em que vivemos e sobre a difícil tarefa de ser professor numa sociedade como esta. Um filme imperdível!

Classificação - 5 Estrelas Em 5
2ª Crítica - AQUI