Com Rey Reynolds, José Luis García Pérez, Robert Paterson
A mostra de cinema fantástico SYFY inaugurou com a apresentação em antestreia de Buried realizado por Rodrigo Cortés. O filme é inteiramente rodado no interior de um caixão enterrado algures em solo iraquiano onde se encontra Paul Conroy (Rey Reynolds), um camionista americano capturado numa emboscada no Iraque e feito refém. A sua libertação, como a de outros prisioneiros civis, está dependente do pagamento de uma elevada quantia em dólares. Dentro do caixão encontra-se também um telemóvel em árabe, um saco com um bilhete, uma cobra (talvez o aspecto mais inverosímil do argumento), um isqueiro zippo, uma lanterna e luzes fosforescentes. E de facto o efeito final resulta, as diferentes luzes, do telemóvel, do isqueiro, da lanterna criam a possibilidade de filmar com dinamismo e realismo uma obra inteira dentro de um caixão sem qualquer imagem do exterior a não ser um vídeo que lhe chega por telemóvel. Para este efeito contribui a notável interpretação de Reynolds e o facto do realizador se mater fiel ao propósito do filme.
Buried é também uma incisiva crítica à política anti-terrorista norte americana e uma denúncia do mundo paralelo que existe ao lado do discurso militar oficial. Este prisioneiro passa por todos os estados que um homem pode sentir naquela situação desde a luta desenfreada pela vida, através de telefonemas a todos os contactos de que se lembra, passando pelo desespero e pela esperança. A indiferença de alguns dos seus interlocutores, a inoperância daqueles que o deveriam salvar, o tétrico telefonema da companhia de seguros, tudo isso cria no espectador, que vive com o Paul Conroy aquele pesadelo claustrofóbico, uma terrível sensação de revolta pelo establishment norte-americano e a hipocrisia dos governantes. Obra muito original e de forte impacto, Buried é um filme que merece ser visto e é também uma acutilante farpada no típico filme patriota sobre o Iraque.
Classificação - 4 Estrelas Em 5