sexta-feira, 8 de junho de 2012

Crítica - Prometheus (2012)

 
Realizado por Ridley Scott 
Com Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Idris Elba 

Trinta e três anos são uma eternidade. Mas foi esse o tempo que Ridley Scott necessitou para aceitar regressar ao universo que mais fama lhe trouxe. É certo que o misterioso e enigmático “Blade Runner” também lhe trouxe alguns louvores, assegurando-lhe o estatuto de realizador consagrado. Mas a maioria das pessoas dirão que “Alien” foi e sempre será a sua grande obra-prima. Não apenas pelo que fez pelo género da ficção-científica, mas também pela forma como levou os espectadores numa viagem plena de terror e claustrofobia, “Alien” ficou imediatamente gravado na História da 7ª Arte como um dos seus produtos mais ilustres e meritórios. Escusado será dizer que as sequelas ficaram muito longe de atingir o mesmo patamar de qualidade. A segunda película – “Aliens” – terá sido a única a andar lá perto, mas a adrenalina que James Cameron imprimiu à narrativa fez com que esta perdesse algum do impacto claustrofóbico da fita original, levando a saga numa outra direção. Aguardava-se então que Sir Ridley Scott regressasse aos comandos de uma nave espacial para voltar a colocar a saga Alien nos eixos. Pois bem, Prometheus foi a nave escolhida para tornar isto mesmo uma realidade palpável, mas devemos dizer que esta moderníssima nave de exploração espacial tomou rotas que porventura não seriam muito expectáveis. Começando por ser uma verdadeira prequela de “Alien”, “Prometheus” acabou por se transformar em muito mais do que isso, afastando-se (talvez demasiado) do universo original para explorar novas temáticas. Assim sendo, preparem-se para serem surpreendidos. Mais do que um filme sobre a criatura que fez a vida negra a Ellen Ripley, “Prometheus” é um filme sobre a evolução das espécies em causa (a humana e a extraterrestre). E como tal, tanto poderá despoletar aplausos como desapontar os fãs acérrimos do monstro desenhado por H.R. Giger. 

 

Após a muito aguardada descoberta de pinturas rupestres que apoiam a teoria de que seres de outras galáxias estiveram de alguma forma ligados à evolução da raça humana, a bióloga/arqueóloga Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e o seu companheiro Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) convencem o multimilionário Peter Weyland (Guy Pearce) a financiar uma expedição espacial com o intuito de desvendarem o mistério por detrás da origem da vida. A bordo da nave de exploração espacial Prometheus, Shaw, Holloway e um grupo profissionais sob as ordens da corporação Weyland lançam-se então à aventura pela imensidão do espaço adentro, convencidos de que os extraterrestres a quem chamam “Engenheiros” ainda vivem num planeta bem distante e de que estes possuem todas as respostas para os segredos mais obscuros da humanidade. Porém, Meredith Vickers (Charlize Theron) – a líder da expedição – não acredita muito nas teorias de Shaw e Holloway, mantendo-os sob rédea curta e prometendo-lhes que, à mínima contrariedade, a Prometheus daria uma volta de 180 graus e voltaria para casa o mais rápido possível. De certa forma, Vickers possui um mau pressentimento quanto àquilo que estão prestes a encontrar. E quando esse mau pressentimento ganha contornos de realidade, toda a tripulação da Prometheus é obrigada a enfrentar a maior provação das suas vidas. Pois os propósitos dos “Engenheiros” não correspondem exatamente àquilo que seria de esperar, colocando a vida de todos em risco máximo… 

   

“Prometheus” é um daqueles filmes extremamente difíceis de avaliar. Por um lado, a beleza (e consistência) dos cenários e a destreza de Ridley Scott atrás das câmaras deixam-nos siderados, impedindo-nos de tirar os olhos do ecrã por um segundo que seja. Mas por outro lado, o argumento não possui a solidez que se esperava, oferecendo-nos sequências francamente inverosímeis e deixando-nos com a clara sensação de que se tentou fazer demasiado num só filme. As personagens em geral são fortes e credíveis, mas algumas delas funcionam de forma demasiado previsível e acabam por desapontar o espectador. A narrativa desenrola-se de forma relativamente subtil e equilibrada durante a grande maioria do tempo de película, mas acaba por derrapar um pouco em certos momentos-chave que nos obrigam a torcer o nariz. E como esta é uma fita sobre a evolução da espécie Alien, o monstro que todos ansiavam ver praticamente não se manifesta. Ou, se o faz, fá-lo de formas duvidosas e mais dignas de um filme de zombies à là George Romero. Lembram-se da sensação de desgosto com que saíram da sala depois de verem “Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull”? Lembram-se da forma como o surgimento do óvni na sequência final pareceu estragar tudo, retirando a magia a um dos maiores heróis da 7ª Arte contemporânea? Infelizmente, “Prometheus” tem um pouco disto. Algumas das decisões criativas de Ridley Scott e da sua equipa de argumentistas deixam algo a desejar, retirando alguma da magia ao universo Alien. De repente, e sem estarmos a querer revelar demasiado, o monstro de Giger deixa de ser uma raça extraterrestre de uma galáxia longínqua para passar a ser… bem, uma coisa sem pés nem cabeça. E isso retira-lhe credibilidade. Verdade seja dita, não há nada de terrivelmente errado neste “Prometheus”. Mas ele acaba por ser tão diferente do que estávamos à espera, que acaba por desiludir um pouco. De modo que o conselho que deixamos é este: entrem na sala de cinema com vontade de verem um bom filme de ficção-científica que só por acaso tem alguma coisa a ver com “Alien”. Porque se forem à espera de ver um filme da saga Alien, é praticamente garantido que as expectativas criadas saiam defraudadas. 

 Classificação – 3,5 Estrelas em 5

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