sábado, 21 de abril de 2012

Crítica - The Best Exotic Marigold Hotel (2012)

Realizado por John Madden 
Com Bill Nighy, Dev Patel, Judi Dench, Tom Wilkinson 

A primeira coisa que salta à vista em “The Best Exotic Marigold Hotel” é o seu ilustre e conceituado elenco, onde encontramos uma série de conhecidos e veteranos actores britânicos como Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Maggie Smith e Penelope Wilton, no entanto, este é apenas um dos inúmeros atrativos desta cativante comédia dramática que explora, com delicadeza e criatividade, uma série de temas interessantíssimos como o amor e o sexo na terceira idade ou a forma como a sociedade trata os idosos. A sua história é levemente baseada no livro “These Foolish Things”, de Deborah Moggach, e acompanha um grupo reformados britânicos que decide ir à descoberta da Índia, por forma a disfrutarem do seu merecido período de reforma numa luxuosa estância turística. Apesar do luxo publicitado em pouco ou nada corresponder à realidade, o agora “Exótico” Hotel Marigold irá progressivamente proporcionar aos seus hóspedes o charme inebriante e revitalizador da Índia, ainda que por vias pouco convencionais.


O grupo de sete reformados que se aventuram pelas ruas de Mumbai em busca de redenção ou de uma grande aventura é formado por Evelyn (Judi Dench), uma viúva cheia de dívidas que se mudou para a India para viver uma grande aventura com as posses que ainda lhe restam; Graham (Tom Wilkinson), um bem-sucedido jurista que regressa ao país onde nasceu e cresceu para tentar reencontrar o grande amor da sua vida; Douglas e Jean (Bill Nighy e Penelope Wilton), um casal que está casado há trinta e nove anos e que tenta manter vivo o seu matrimónio após terem perdido todas as suas poupanças num mau investimento; Muriel (Maggie Smith), uma solitária e reformada governanta que só queria ficar uns meses na India mas que entretanto descobre um novo rumo para a sua vida; Norman (Ronald Pickup), um homem abastado e libertino que adora mulheres mais novas e que vê nesta sua viagem uma grande oportunidade para se divertir bastante; e Madge (Celia Imrie), uma divorciada atrevida e insaciável que tenta encontrar um homem rico que consiga sustentar os seus caprichos e satisfazer o seu voraz apetite sexual. Estas sete personagens são alvo de uma construção muito detalhada e as suas respetivas jornadas exploram, com um impressionante realismo e valor, vários temas relacionado com a terceira idade, como o sexo, o amor, a amizade, a solidão e o casamento na chamada Era Dourada da vida. A par destas jornadas centrais, “The Best Exotic Marigold Hotel” também acompanha os dilemas românticos e as lutas financeiras de Sonny (Dev Patel), um ambicioso empresário que quer transformar o Hotel Marigold num resort de luxo para reformados britânicos e que tenta encontrar uma forma de convencer a sua mãe que a sua namorada, Sunaina (Tena Desae), tem tudo para dar uma esposa dedicada e merecedora do seu amor. É verdade que esta mistura de histórias pode parecer confusa à primeira vista, mas Ol Parker (Guionista) e John Madden (Realizador) criaram uma trama muito sólida, encadeada e nada entediante que aproveita ao máximo as quase duas horas de duração do filme para explorar com seriedade e cuidado as histórias individuais dos seus intervenientes e rentabilizar ao máximo as lições morais e/ ou existências que delas advêm. À medida que o enredo se adensa, todas estes solitários intervenientes desenvolvem fortes laços de amizade entre eles e, em certos casos, auxiliam-se mutuamente para cumprir os seus respetivos objetivos ou para conseguir ultrapassar certos eventos imprevistos que envolvem trágicas mortes súbitas e apaixonantes romances inesperados. No final, todos os envolvidos em “The Best Exotic Marigold Hotel” têm um final feliz porque conseguiram cumprir, de uma forma ou de outra, todos os seus sonhos e ambições.


Para além de uma narrativa muito cativante e de um elenco de luxo sem nenhum elo fraco, “The Best Exotic Marigold Hotel” conta com um bom trabalho técnico de John Madden, um realizador britânico que tem no seu currículo várias obras de grande qualidade como “Mrs Brown” (1997), “Shakespeare in Love” (1998) ou o recente “The Debt” (2011) e que volta a nos presentear com um belo trabalho que é muito mais leve, mas igualmente interessante, que os seus maiores sucessos cinematográficos. Os atribulados mas atrativos cenários citadinos de Mumbai e de outras localidades da India também são um dos grandes destaques desta dramédia, porque se inserem maravilhosamente no espirito do filme e conseguem mostrar um pouco da beleza do país a todos os espectadores que ainda não tiveram o prazer de visitar esta superpotência asiática. É difícil não classificar ”The Best Exotic Marigold Hotel” como uma agradável surpresa que nos cativa e entretém com a sua bela história que é formada por uma maravilhosa mistura entre elementos românticos, morais, cómicos e melodramáticos. Em suma, um filme que nos faz sentir muito bem e que merece ser visto numa época tão instável como esta.

Classificação – 4,5 Estrelas em 5

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