sábado, 22 de outubro de 2011

Crítica - Paranormal Activity 3 (2011)

Realizado por Henry Joost e Ariel Schulman
Com Christopher Nicholas Smith, Lauren Bittner, Chloe Csengery, Jessica Tyler Brown

“Paranormal Activity” aterrou nos cinemas em 2009 com toda a pompa e circunstância, não apenas por se tratar de uma abordagem nova e relativamente original ao género cinematográfico do terror, mas também pelos relatos de desmaios e audiências petrificadas de medo que foram chegando dos quatro cantos do mundo. A obra do realizador israelita Oren Peli depressa obteve um ratio de aprovação bastante satisfatório por parte do público e da crítica internacional, tornando-se um filme de culto quase instantâneo no âmago do cinema fantástico. Como é óbvio, a sequela não se fez demorar e o grande público entusiasmou-se com a possibilidade de voltar a andar neste peculiar comboio fantasma cinematográfico. Mas já sem Oren Peli ao comando das operações, “Paranormal Activity 2” revelou uma consistência narrativa bem mais frágil, forçando ligações entre personagens que enfraqueceram o equilíbrio da história original e apresentando sequências que, apesar de assustadoras, ficaram muito longe do impacto psicológico que se pretendia obter. “Paranormal Activity 3” afigurava-se então como uma verdadeira incógnita. Somente um ano após a estreia do segundo filme, voltaríamos a experimentar aquela sensação de medo paralisante da obra original ou assistiríamos a uma nova quebra de consistência narrativa, vulgarizando por completo um fenómeno que parecia ter muito para dar? A verdade é que este terceiro tomo se fica pelo meio-termo. Consegue superar o capítulo anterior com uma narrativa mais natural e múltiplas sequências de mandar as pipocas ao ar, mas não é capaz de atingir o nível da obra original. Embora não fique muito longe disso.


Depois de termos sido convidados a assistir ao que aconteceu a Katie (Katie Featherston) após esta ficar possuída pelo demónio que simplesmente não a deixa em paz e sossego, “Paranormal Activity 3” faz-nos recuar no tempo até aos anos 80, altura em que Katie e a sua irmã Kristi (Sprague Grayden) não mais eram do que crianças inocentes. Este terceiro capítulo funciona então como uma espécie de prequela, relatando ao pormenor os incidentes que Katie já tinha referido na obra original: que quando era criança, uma sombra fantasmagórica aparecia constantemente aos pés da sua cama. Confortavelmente instalados numa residência nova e bem espaçosa, Dennis (Christopher Nicholas Smith) e Julie (Lauren Bittner) decidem um dia fazer um vídeo sexual. Praticamente nada chega a ser filmado, pois um terramoto interrompe-lhes a sessão de divertimento, mandando a câmara ao chão. Porém, a câmara acaba por captar a presença de um vulto transparente num dos cantos do quarto e este estranho fenómeno desperta a curiosidade de Dennis. Um pouco à imagem do que Micah fizera no primeiro filme, Dennis decide então espalhar algumas câmaras pela casa com o intuito de captar seja o que for e descobrir o que raio se está a passar. Isto porque ruídos e pancadas secas são igualmente escutados a altas horas da noite. E também porque a jovem Kristi (Jessica Tyler Brown) passa o tempo a dialogar com um ser invisível a que ela dá o nome de Toby, provocando arrepios aos outros membros da família. De início, tudo é levado um pouco na desportiva, como se ver portas a bater e luzes a acenderem-se sozinhas constituísse uma espécie de passatempo muito engraçado. Mas quando os fenómenos começam a atingir proporções violentas e cada vez mais assustadoras, a família entra em estado de alerta e rapidamente deixa de pregar olho durante a noite. Será que Toby é mais do que um amigo imaginário de Kristi? A resposta encontrar-se-á nos registos de vídeo.


O principal problema desta saga (com três filmes e a sensação de que mais hão-de vir, podemos já dizer que estamos na presença de uma saga) é que a sua fórmula começa a esgotar-se a uma velocidade estonteante. No primeiro filme é-nos dado a entender que o que Micah faz (colocar uma câmara no quarto e filmar tudo 24h por dia) não é propriamente normal ou usual, levando mesmo a sua namorada a perder a paciência ante tamanha obsessão. Ao fim de três filmes, contudo, todas as personagens parecem optar pela mesma estratégia e tal coisa começa a soar a falsidade e/ou artificialidade. Em “Paranormal Activity 2” ainda arranjaram a desculpa do sistema de vigilância da residência para não ir de encontro àquilo que já tinha sido usado na obra original. Mas neste terceiro capítulo quase que estamos a ver uma cópia dessa obra original, deixando-nos a torcer um pouco o nariz. Raios, até tiveram a ousadia (ou o descuido) de encontrar um protagonista que é a cara chapada de Micah Sloat (o protagonista original)! De facto, caso haja um quarto capítulo, não sabemos que desculpa é que vão arranjar para pôr toda a gente novamente de câmara na mão. Mas isso será um problema dos produtores que agora não é para aqui chamado. O que importa aqui realçar é que a fórmula se começa a esbater com alguma visibilidade, trazendo para a ribalta algum sentimento de repetição que só não aborrecerá os fãs mais acérrimos da saga. Todos os outros acharão que estão a ver uma cópia e não estarão para perder o seu tempo com mais capítulos do demónio invisível. Reprovável é também o twist final (a moda dos twists finais parcos em credibilidade não larga os filmes de terror norte-americanos), que faz com que a narrativa viaje em direcção ao inverosímil, deixando muitas pontas soltas no ar e trazendo-nos à memória um certo filme chamado “The Last Exorcism” que cometeu suicídio nos últimos 10 minutos de película…


Todavia, excluindo algumas falhas narrativas e decisões executivas algo duvidosas, “Paranormal Activity 3” não deixa de ser um filme de terror bombástico. São muitas as cenas que nos deixam os cabelos em pé e nos fazem saltar da cadeira, criando um clima de tensão quase insuportável e bem próximo daquele que já havíamos testemunhado na obra original. E não é isso que, mais do que qualquer outra coisa, se pretende numa obra de terror minimamente competente? É, sim senhor. Razão pela qual “Paranormal Activity 3” não deve ser desconsiderado quando fazemos uma reflexão sobre os melhores filmes de terror dos últimos anos. A dupla Henry Joost/Ariel Schulman foi capaz de arquitectar sequências que nos deixam brancos de medo e que nos fazem querer fechar os olhos, passando assim na prova dos nove de qualquer filme deste género cinematográfico. Apesar de alguma polémica que já está criada pelo facto de muitas cenas presentes no trailer não estarem presentes no produto final (ou estarem alteradas), a verdade é que se nota que a equipa técnica perdeu algum tempo a idealizar sequências verdadeiramente tenebrosas, proporcionando um espectáculo aterrador ao espectador mais atento e corajoso. Na minha sessão houve um pouco de tudo; desde baldes de pipocas a caírem ao chão nos momentos de maior tensão (dando a nítida sensação que alguém tinha acabado de morrer de medo) até pessoas a soltarem guinchos de puro terror, ficou ali provado que este “Paranormal Activity 3” consegue meter muito, muito medo. Agora, entrem na sala de cinema mais próxima de vossa casa e julguem isso por vocês mesmos.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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