domingo, 23 de outubro de 2011

Crítica - Incendies (2010)

Realizado por Denis Villeneuve
Com Lubna Azabal, Mélissa Désormeaux-Poulin, Maxim Gaudette

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas atribuiu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2010 a “In a Better World” de Susanne Bier, no entanto, entre os cinco nomeados à vitória final encontrava-se este “Incendies”, um fabuloso melodrama franco-canadiano que teria sido um vencedor muito mais justo. A sua história é baseada na homónima obra teatral de Wajdi Mouawad e relata-nos a emocionante aventura familiar de Jeanne e Simon Marwan (Mélissa Désourmeaux-Poulin e Maxim Gaudette), dois irmãos gémeos que, durante a leitura do testamento da sua falecida mãe, descobrem que o seu pai ainda está vivo e que têm um irmão que nunca conheceram. Simon aceita com cautela e relutância estas novidades, mas Jeanne decide partir imediatamente para o Médio Oriente para os encontrar, mesmo sabendo que a região onde eles vivem tem sido dilacerada por inúmeras lutas internas e externas.


O seu denso e intenso enredo não é muito confuso, mas são várias as cenas onde o melodrama é acentuado de forma excessiva, no entanto, este é o único defeito de relevo desta valorosa obra canadiana, cuja fantástica narrativa mostra-nos a luta existencial que Jeanne Marwan trava contra o destino e contra as adversidades culturais para encontrar os seus familiares desconhecidos, satisfazendo assim a sua curiosidade e realizando o último desejo da sua mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal), cuja história de vida também nos é contada através de flashbacks que nos mostram as difíceis escolhas que esta teve que tomar e os remorsos que delas advieram. A sua conclusão é extremamente emotiva e dolorosa, mas oferece-nos um final extremamente satisfatório que não deixa dúvidas ou incertezas no ar.


A história de “Incendies” é fabulosa, mas não é o único elemento que o transforma numa obra merecedora de um visionamento, já que o trabalho do seu realizador e do seu elenco também é fenomenal. Mélissa Désormeaux-Poulin está fantástica como Jeanne Marwan, uma mulher forte e obstinada que levou Désormeaux-Poulin ao limite, forçando-a a utilizar todo o seu talento para nos oferecer uma performance realista e emocionalmente convincente. A veterana Lubna Azabal também está soberba como a sofredora Nawal Marwan. Maxim Gaudette não está tão bem como Désormeaux-Poulin ou Azabal, mas é o actor masculino de maior relevo deste “Incendies”, um extraordinário trabalho de Denis Villeneuve que merece ser visto por todos, mas sobretudo por quem aprecie um bom filme indie e melodramático.

Classificação – 4,5 Estrelas Em 5

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