quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Eu, Hitchcockiano, Me Confesso de José Varregoso


Se há qualidade que aprecio num ser humano é a sua capacidade por se apaixonar e se dedicar persistentemente a esse afecto. José Varregoso é um homem apaixonado, apaixonado por cinema, apaixonado pelo cinema de Hitchcock em particular. Parece-me também, como ao autor, que nenhuma paixão gera frutos se não for partilhada. Haverá maior publicidade a um filme que ouvir falar dele a um admirador entusiasta?
Durante mais de três anos, José Varregoso, antropólogo de formação e cinéfilo de coração, partilhou com o leitor, no seu blogue, com uma regularidade religiosa e contagiante, considerações sobre os filmes do realizador. Sem pretensões de circunspecto e aborrecido crítico de cinema, José Varregoso optou antes por uma prosa muito agradável e um estilo confessional onde a par com informações relevantes sobre a filmografia de Hitchcock, a sua vida pessoal e o seu mundo, o autor abre o seu próprio universo interior e a sua visão da vida. São de facto confissões de um hitchcockiano assumido que lemos com o prazer de quem partilha o mesmo amor pela 7ª arte.
É de louvar a edição em livro deste minucioso trabalho, que sem repetições, apresentou ao leitor a cada post um novo tema e novas interrogações, não fosse o seu autor um amante do suspense. A obra é de uma extrema pertinência para os apreciadores do realizador e um oásis num tão pobre mercado de obras de divulgação de cinema como o português. Esta edição apresenta ainda documentos importantes como a filmografia detalhada e comentada de Alfred Joseph, como carinhosamente lhe chama, e ainda de todos os seus trabalhos para o cinema noutras funções bem como para a televisão. Para além disso facilita ao leitor a lista detalhada de todos os famosos cameos do realizador. Não posso deixar de concordar com o José Varregoso quando afirma “O Cinema é realmente uma manifestação de arte. Mas também um ponto de comunicação.” Partilha desinteressada de um amor que alimenta, Eu, Hitchcockiano, Me Confesso, publicado pela Chiado Editora em 2009 (328 pp.), tem apenas a apontar a ausência de um índice que facilitasse a consulta. Sim, porque esta é uma obra a ler, e reler.

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