sexta-feira, 27 de maio de 2011

Crítica - Kaboom (2010)

Realizado por Gregg Araki
Com Thomas Dekker, Haley Bennett, Juno Temple

“Kaboom” apresenta-se enquanto registo satírico e contrastado de uma nova geração sexualmente liberal, sem destino ou motivação claros, embalada por um consumo casuístico de drogas, e filha de um contexto de alicerces questionáveis. Algo de simultaneamente expectável e promissor, quando assinado, ao nível da realização e do argumento, pelo peculiar Gregg Araki (“Mysterious Skin”, “The Living End”).


Um ambiente universitário californiano, de franca opulência e contemporaneidade, acolhe uma intriga de intensidade oscilante, com uma significante dose de delírio, pontuada por um humor direccionado e descomplexado. Emerge um  léxico comportamental informado e minimamente coerente, que vai acompanhando e ordenando (quando possível) um apelativo rol de factos mais ou menos distorcidos, cuja existência acaba, aliás, por ser relegada para um segundo plano: Em "Kaboom" dispara-se alegremente em todos os sentidos possíveis, com maior ou menor intensidade... Os bem caracterizados personagens viabilizam-no, sustentados por um elenco de apreciável mérito.


Com os ingredientes que carrega – carga crítica q.b., alucínio colectivo, imprevisibilidade e absurdo – “Kaboom” poderia corresponder a uma mistura feliz de um “Go”(1999) com um “The Faculty”(1998), compatibilizável com algumas realidades propostas, por exemplo, por Terry Gilliam. Mas o ambiente permanentemente asséptico e a ausência de uma atmosfera universitária bem caracterizada, eventualmente mais vivida e viciada,  acabam por atentar contra a habitual temática do realizador norte-americano: O ruído em causa, de estética “Bruckheimeriana” excessivamente artificializada, contamina um enredo teenager surrealista de corolário insólito, que ainda assim não desiludirá os adeptos deste psicadelismo de século XXI. O cuidado e o prazer com que foi produzido justificaram a deslocação ao Nimas, sendo certo de que este belicista “Kaboom” não se trata, efectivamente, do trabalho mais conseguido de Araki.

Classificação – 3 Estrelas Em 5

0 comentários :

Postar um comentário