terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Crítica - Skyline (2010)

Realizado por Colin Strause e Greg Strause
Com Eric Balfour, Scottie Thompson, Brittany Daniel, David Zayas, Donald Faison

Como elementos promocionais que são, os posters de um filme apresentam, variadíssimas vezes, certos pormenores que têm como objectivo valorizar os membros da equipa técnica responsável pelo filme e, através disso, chamar a atenção de uma fatia de público mais avantajada. Já todos reparámos em posters que, por cima da ficha técnica, possuem frases como “Do Realizador de…” ou “Dos Produtores de…”. Trata-se de uma legítima estratégia de marketing, dado que os posters servem para isso mesmo: para publicitar o produto cinematográfico em questão. Mas muitas das vezes, essas mesmas frases promocionais podem deixar o espectador mais atento de pé atrás. É o que acontece com este fatídico e aborrecido “Skyline”. Pois vejamos: um dos posters nacionais do filme diz qualquer coisa como isto: “Dos Criadores de Efeitos Especiais de Avatar”. Ora, o que podemos nós tirar disto? Podemos tirar que, se este é o grande destaque escolhido para aparecer no poster do filme, muito provavelmente estaremos perante uma obra com mais olhos que barriga. Isto foi o que me passou pela cabeça antes de entrar na sala de cinema. E para grande pena minha (sim, porque os bilhetes de cinema não são lá muito baratinhos…), aquilo que já estava a pressentir acabou por se confirmar no grande ecrã. “Skyline” é um daqueles filmes concretizados a pensar única e exclusivamente nos Box-Office. Uma daquelas obras medíocres que aposta tudo nos efeitos especiais e que descura tudo o resto. Um daqueles produtos cinematográficos que julga que vai rebentar com todos os recordes de bilheteira… e que, depois, acaba por rebentar apenas com o estúdio que financiou o projecto. E de quem é a culpa? A culpa é de uma realização verdadeiramente sensaborona por parte dos irmãos Strause e também de um argumento sem qualquer capacidade de surpreender o espectador, desenvolvendo-se de forma demasiado linear e semelhante a muitos outros filmes do mesmo género.


A narrativa pretende ser uma espécie de “Cloverfield” cruzado com “War of the Worlds”. Jarrod (Balfour) e Elaine (Thompson) viajam até Los Angeles para festejar o aniversário de Terry (Faison) – um bem-sucedido entertainer do mundo do espectáculo. A tresloucada e luxuriosa festa prolonga-se até altas horas da noite, de forma relativamente normal. Mas o dia seguinte floresce com um evento que nada tem de normal. Belas luzes brilhantes começam a cair um pouco por toda a cidade e, antes que alguém seja capaz de perceber o que raio se está a passar, milhares de pessoas inocentes são sugadas para naves espaciais que detêm intenções (como sempre) pouco nobres. E vendo-se no centro de uma guerra alienígena para a qual não estavam preparados, Jarrod, Elaine, Terry e os seus amigos têm de fazer os possíveis para sobreviver.
O argumento não é propriamente original e, tal como já havia referido, faz muitas vezes lembrar o recente “War of the Worlds”, de Steven Spielberg. O problema é que qualquer semelhança com “War of the Worlds” não passa disso mesmo: uma vaga e muito ténue semelhança. Pois “Skyline” está a milhas da megalómana obra de Spielberg, não conseguindo, nem por um momento, atingir o grau de emotividade desejado e recomendado. Não haja dúvida que os efeitos especiais, apesar de nunca deslumbrarem, são de encher o olho. Mas para além desses efeitos, nada mais funciona e “Skyline” desabrocha como uma obra repleta de ambições completamente fracassadas.


Muito provavelmente, os seus produtores visionaram este projecto como algo de proporções épicas. Algo que podia mexer com as emoções dos espectadores e surpreender os aficionados de um bom filme de ficção-científica, com acção a rodos e efeitos especiais de alto gabarito. Porém, o resultado é tudo menos épico. Graças à realização mais sensaborona e medíocre do ano por parte dos irmãos Strause, “Skyline” nunca consegue chegar verdadeiramente ao público, que vê a miríade de explosões passar à frente dos seus olhos sem sentir o mínimo de furor ou entusiasmo. E diga-se que eu não fui o único a sentir esta falta de energia e cumplicidade com o público, já que me deu a nítida sensação de que as pessoas ao meu lado estavam prestes a adormecer a qualquer instante. As sequências de acção desenrolam-se em piloto automático, como se fossem algo que tivesse de ser despachado o mais rapidamente possível antes de cairmos em mais meia hora de puro aborrecimento. Diga-se também que o elenco não ajuda nem um bocadinho a quebrar tal monotonia. Pois para além do espectador ser, uma vez mais, confrontado com os clichés do costume (desde protagonistas todos jeitosos, até ao segurança de origem hispânica cujo modo de actuar não convence ninguém), nenhum dos actores se consegue destacar e, apesar dos seus esforços, Eric Balfour também pouco convence como um herói de circunstância com problemas de consciência.
Não há muito mais a dizer. “Skyline” é um projecto ambicioso que fracassou por completo. Pode dizer-se que é uma espécie de “War of the Worlds” para um público mais imaturo e menos exigente. Mas mesmo esse público terá dificuldade em exaltar-se com sequências de acção tão insípidas e personagens tão unidimensionais. É uma hora e meia de puro aborrecimento, onde as cenas se sucedem quase sem que o espectador dê por isso e onde, por estranho que possa parecer, nem as sequências visualmente mais aparatosas são capazes de estimular a audiência. Trata-se, claramente, de um dos grandes fracassos do ano e só mesmo os efeitos visuais relativamente bem conseguidos o impedem de se transformar em autêntico lixo cinematográfico.

Classificação – 2 Estrelas Em 5

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