quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Crítica – Hereafter (2010)

Realizado por Clint Eastwood
Com Matt Damon, Cécile de France, George McLaren e Frankie McLaren

Hereafter concilia uma trama narrativa habilmente urdida com um tema altamente polémico e sensível, a vida para além da morte. Três pessoas, um operário americano, George (Matt Damon), uma jornalista francesa, Marie Lelay (Cécile de France), e Marcus (George McLaren e Frankie McLaren), um miúdo inglês, têm experiências além da morte que vão unir o seu destino. George tem poderes mediúnicos, dos quais fez uso no passado mas que encara como uma maldição, os quais lhe permitem transmitir mensagens de pessoas já falecidas. Marie sobrevive a uma catástrofe natural que por pouco lhe ceifou a vida e Marcus perdeu o irmão gémeo de forma brutal. Todos os três aceitam a existência de uma vida para além desta, um lugar de paz absoluta com o qual é possível, em circunstâncias muito particulares, comunicar. Todos os três buscam, de alguma forma, uma resposta para este facto. O argumento vai mais longe denunciando os charlatães e insinuando a existência de uma conspiração colectiva para calar as pessoas que viveram experiências além da vida.


O tema é altamente problemático e pode desagradar a inúmeros espectadores devido às crenças religiosas ou outras de cada um, ainda assim estamos perante mais uma obra de mestre de Eastwood. Cada personagem evolui de forma consistente e complexa ao longo da narrativa, transformando-se de forma muito plausível independentemente de aderirmos ou não ao tema. A vida pessoal de cada uma delas e o modo como se vão cruzar é absolutamente verosímil, já o não são os aspectos sobrenaturais que justificam pormenores que contribuem para a defesa da tese, como as sessões de George, ou a perda do boné de Marcus.
A produção do filme é impressionante em efeitos especiais como o tsunami ou a explosão no metro londrino. As narrativas periféricas, como a da mãe de Marcus ou a do sócio de George, são elas próprias propostas embrionárias para outros desenvolvimentos narrativos. As interpretações de Damon e das duas crianças convencem, ficando Cecíle de France um pouco aquém dos restantes pela sobriedade exagerada do seu desempenho. Clint Eastwood surpreendeu mais uma vez com um filme muito diferente de qualquer dos anteriores e bastante provocador das consciências individuais.


Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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