quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Crítica – The Social Network (2010)

Realizado por David Fincher
Com Jesse Eisenberg, Bryan Barter, Dustin Fitzsimons
A extraordinária pertinência do tema desta obra, a fundação do Facebook, contrasta vivamente com o resultado final. A rede social Facebook veio revolucionar as relações entre as pessoas e o modo com elas lidam com a internet a um nível que ainda hoje não compreendemos e cujas consequências não podemos prever, no entanto, no filme, a dimensão do Facebook é relegada para segundo plano. Privilegia-se a construção do carácter de Mark Zuckerberg, brilhantemente interpretado por Jesse Eisenberg, um jovem com dificuldades de relacionamento, moralmente duvidoso, mas extraordinariamente dotado. Segundo o filme a ideia do Fecebook surgiu de uma zanga de Zuckerberg com a namorada e da sua vingança ao criar um site, a partir da rede existente entre os alunos de Harvard, onde se classificava a sensualidade das alunas. Daqui ao apogeu daquilo que viria a ser uma rede social mundial, assistimos através de flashbacks ao modo como trai o amigo que financiou o projecto desde o início, com dribla os criadores da rede de Harvard, enfim um percurso rumo ao sucesso tão rápido como trucidante para aqueles que se lhe atravessam no caminho.
O modo como a narrativa se desenrola é vertiginoso a ponto de muitas nuances do processo se perderem, e tendo como consequência a fraca construção psicológica das personagens, à excepção da do protagonista, das suas motivações, da complexidade da sua relação com Zuckerberg, e do seu destino. Tudo se concentra no alucinante processo de ascensão da rede, a custo da criação de um contexto consistente para o fenómeno. Ao público é dado o papel de juiz do carácter do protagonista, mas não lhe são fornecidas todas informações. Não compreendi a que tipo de curiosidade ou expectativas o filme poderia corresponder tantas são as minhas interrogações sobre o processo que ficaram por responder. O que movia tão friamente o fundador da rede? A vertigem do sucesso? O dinheiro? O seu desprezo pelos pares? O universo é profundamente masculino, como já viramos noutras obras de Fincher, e o ambiente de uma agressividade desprovida de emoções. Uma guerra que se trava nas teclas de um computador.
Classificação - 3 Estrelas Em 5

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