terça-feira, 19 de outubro de 2010

Crítica - Pandorum (2010)

Realizado por Christian Alvart
Com Dennis Quaid, Ben Foster, Cam Gigandet, Eddie Rouse, Norman Reedus

O clássico “Alien” (1979) é inegavelmente um dos filmes de ficção-científica mais conhecidos e aplaudidos do último século, um estatuto que lhe foi conferido pelos seus inúmeros elementos (narrativos e técnicos) de excelência que ao longo dos anos foram utilizados/recriados por vários cineastas que ambicionavam criar uma obra tão marcante e tão aterradora como este fantástico clássico, Christian Alvart também tentou, sem sucesso, utilizar alguns desses elementos de luxo neste medíocre “Pandorum”, um filme que é ambientado num futuro distante e que é centrado em Bower (Ben Foster) e Payton (Dennis Quaid), dois astronautas que acordam com amnésia numa nave espacial (Elysium) aparentemente vazia que tinha como missão transportar alguns sobreviventes humanos para Tanis, um colónia terrestre numa galáxia longínqua. Bower e Payton tentam perceber o que aconteceu à sua nave e aos sobreviventes que ela transportava mas durante esta sua missão acabam por descobrir que um deles é o responsável pela sua complicada situação actual.


A história de “Pandorum” não é muito cativante porque não é muito diferente das narrativas que nos são apresentadas pela esmagadora maioria das produções deste género, como por exemplo, “Sunshine” (2007) e “Solaris” (1972), duas obras que abordam temáticas semelhantes às de “Pandorum” mas com uma maior qualidade e criatividade. O seu elemento mais interessante reside na dicotomia que o enredo vai estabelecendo entre Bower e Payton, duas personagens que inicialmente formam uma "equipa heróica" que tem como principal objectivo salvar a nave espacial e a humanidade, mas que acabam por se tornar inimigos com características emocionais completamente opostas porque enquanto Bower se assume como um perfeito exemplo de responsabilidade e de sanidade mental, Payton é caracterizado como um vilão insano e instável, uma caracterização negativa que é atenuada pelo facto deste sofrer de Pandorum, um perigoso distúrbio mental que provoca várias alterações à personalidade de um individuo. O confronto entre estas duas figuras só se torna verdadeiramente relevante a partir do momento em que nos é revelada a verdade sobre Payton e sobre o que verdadeiramente aconteceu à Elysium (Nave Espacial), uma revelação que é feita muito próxima da conclusão, assim sendo, só os últimos momentos desta obra é que são minimamente aceitáveis porque durante o desenvolvimento só somos brindados com momentos comuns que são acompanhados por diálogos clichés. O elemento mais fraco de “Pandorum” acaba por estar relacionado com as criaturas mutantes que vão surgindo ao longo da narrativa, um ângulo que não foi devidamente explorado pelos guionistas que poderiam ter levado esta ideia de sobreviventes/criaturas mutantes muito mais longe mas que acabaram por sucumbir à banalidade, assim sendo, a existência destas criaturas serve apenas para justificar a existência de sequências cinematográficas imprevisíveis e assustadoras, bem como algumas mortes sangrentas e violentas.


Os cenários de “Pandorum” são estilizados e obscuro mas não são suficientes para rentabilizar a esmagadora maioria das sequências de acção/suspense que acabam por não ultrapassar a mediocridade porque Christian Alvart não as conseguiu montar com habilidade e inventividade, evidenciando claramente alguma falta de experiência. As performances de Dennis Quaid e Ben Foster, os dois actores mais conhecidos e experientes deste elenco, são razoáveis mas não conseguem espelhar a vasta experiencia e qualidade destes profissionais que já nos apresentam trabalhos muito mais convincentes. A performance da única actriz do elenco, Antje Traue, é satisfatória mas também é verdade que a sua personagem não era exigente, muito pelo contrário, Nadia (Antje Traue) não tem muitos diálogos e só existe porque Bower (Ben Foster) (não) precisava de um interesse romântico. Em suma, “Pandorum” é uma produção fraca e banal que não singrou comercialmente nos Estados Unidos da América e que não merecia estrear nas nossas salas de cinema.

Classificação – 2 Estrelas Em 5

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