domingo, 18 de julho de 2010

Crítica - Knight and Day (2010)


Realizado por James Mangold
Com Tom Cruise, Cameron Diaz, Peter Sarsgaard, Viola Davis, Paul Dano

James Mangold é um cineasta bastante versátil. Na sua filmografia conta com títulos tão díspares quanto o romance "Kate & Leopold", a oscarizada biografia de Johnny Cash "Walk the Line", o thirller "Identity", o western "3.10 to Yuma" ou o drama sobre obsessão "Girl, Interrupted" que valeu o Oscar de melhor actriz secundária a Angelina Jolie. Portanto este "Knight and Day", apresentado como uma mistura de comédia e filme de espionagem com uma pitada de romance suscita a curiosidade, sobretudo depois do curto mas absolutamente genial e surpreendente papel de Tom Cruise em "Tropic Thunder", a dar asas à sua veia cómica. Para além disso, marca a reunião de Cruise e Cameron Diaz depois de "Vanilla Sky".
June Havens (Diaz) é uma reparadora de carros clássicos que esbarra no aeroporto com o charmoso Roy Miller (Cruise). A partir daí a sua vida nunca mais será a mesma: aterragens de emergência, perseguições automóveis diabólicas, agentes secretos (Sarsgaard entre outros) e traficantes de armas em busca da fonte de energia perpétua concebida pelo adolescente Simon Feck (Paul Dano), enquanto é constantemente drogada e arrastada para ilhas paradisíacas, comboios nos Alpes e largadas de touros em Sevilha.


O filme está bastante bem conseguido em termos de entretenimento. As cenas de acção estão filmadas com muito realismo, muito ao estilo da velha guarda (ou pelo menos assim parece), sente-se ali o trabalho corporal, de duplo, não ecrãs verdes e elementos digitais. Somos brindados com sequências de tirar o fôlego, originais, propositadamente inverosímeis e como tal hilariantes (o avião, os vôos de carro em carro de Cruise, a perseguição em plena largada de touros). Por trás da pirotecnia e dos acontecimentos pouco prováveis está uma trama decente e empolgante, entre a corrupção intragovernamental e um tema muito contemporâneo, a energia perpétua, pontuada por momentos e diálogos de pura comédia. É evidente que Tom Cruise está completamente à vontade na pele da sua personagem, estilo Ethan Hunt na desenvoltura em tempo de acção e perigos rocambolescos, mas com uma grande dose de ingenuidade e comicidade, como se não se achasse credível a si próprio. No entanto, a relação que nasce entre os protagonistas baseia-se demasiado na suposição de que a química entre Cameron Diaz e Tom Cruise é um dado adquirido, quando não é o caso. É preciso uma boa dose de condescendência para perceber como de repente um agente altamente treinado, em fuga pela própria vida e acusado de traição, se encanta tão intensamente por uma loira destrambelhada, com algum botox a mais, a ponto de deitar por terra tudo aquilo por que arriscou a vida. É um facto que, se Cruise ainda consegue fazer resultar o action man quarentão, o papel de Diaz, que lhe cairia que nem uma luva há uns anos atrás, já lhe fica a destoar. O final, de pura comédia romântica, também deixa a desejar.
Ao fim e ao cabo, é um bom filme de Verão, uma história interessante, cenas de acção inconcebíveis mas deliciosas, ideal para entreter, dar umas gargalhadas e não pensar muito. Ainda assim, entre o mentalmente instável e o galã, a interpretação de Tom Cruise, explorando a vertente comédia das suas capacidades representativas, é a verdadeira razão para ir ver o filme. E eu não sou admiradora do actor.
Classificação - 3 Estrelas Em 5

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