sexta-feira, 19 de março de 2010

Crítica - Remember Me (2010)

Realizado por Allen Coulter
Com Robert Pattinson, Pierce Brosnan, Emilie de Ravin, Chris Cooper, Lena Olin

A estrela de “Twilight”, Robert Pattinson, sempre tentou demonstrar à crítica especializada as suas verdadeiras capacidades artísticas mas nunca conseguiu concretizar essa demonstração através dos seus trabalhos fantasiosos e sobrenaturais, no entanto, conseguiu finalmente essa importante oportunidade com este “Remember Me”, uma produção que nos apresenta uma história mediana com uma elevada conotação romântica e dramática, no entanto, essa conotação é meramente superficial e nunca é devidamente aprofundada, assim sendo, todos os momentos comoventes de “Remember Me” são emocionalmente impactantes mas intelectualmente simplistas e superficiais. A história romântica de “Remember Me” é protagonizada por Tyler (Robert Pattinson), um jovem rebelde de Nova Iorque que tem uma relação tensa com o seu pai (Pierce Brosnan) desde que uma tragédia separou e estilhaçou a sua família. Tyler não acredita que alguém possa compreender o que ele passou, até ao dia em que conhece Ally (Emilie de Ravin) devido a uma extraordinária reviravolta do destino. O amor era a última coisa que lhe passava pela cabeça mas, à medida que a influência de Ally, inesperadamente, lhe cicatriza as feridas e o inspira, Tyler começa a se apaixonar por ela. Através desse amor, Tyler vai encontrar a felicidade e o sentido para a vida mas depressa alguns segredos serão revelados e as circunstâncias que os juntaram, ameaçam, lentamente, afastá-los um do outro.


O grande objectivo de “Remember Me” é conseguir emocionar o espectador através das suas comoventes temáticas dramáticas, objectivo esse que é amplamente concretizado, no entanto, nenhuma das temáticas que são abordadas pelo argumento são explorada de uma forma convincente ou inteligente, muito pelo contrario, tanto os dramas familiares como os dramas românticos são transmitidos ao espectador de uma forma muito artificial e incredível. As moralidades que são tacitamente transmitidas ao espectador são bastante vulgares, ou seja, não é a primeira nem será a ultima vez que seremos confrontados com os conselhos que nos são oferecidos pela medíocre narrativa que em nenhum momento tenta aprofundar ou desenvolver essas moralidades. Os problemas familiares que ambas as personagens principais compartilham também são enfadonhos e superficiais, assim sendo, não se assumem como uma refrescante novidade narrativa porque todos nós sabemos como é que essas impetuosas relações terminam. A vertente romântica também é bastante negativa porque é insípida e previsível, ou seja, nunca somos confrontados com uma sequência romântica que seja verdadeiramente imprevisível ou que consiga escapar aos inúmeros estereótipos do género. Os diálogos são igualmente medíocres e aborrecidos. A conclusão de “Remember Me” é inesperada e reforça a vertente trágica da história, vertente essa que é inicialmente introduzida pelas perdas familiares dos intervenientes principais, no entanto, apesar de ser imprevisível e de fornecer um pequeno elemento de interesse de última hora à narrativa, esta conclusão pode ser considerada insensível e insultuosa porque explora uma tragédia real para reforçar uma ideologia tão libertina como a do carpe diem, ou seja, viva o momento.


O trabalho de Allen Coulter não é muito negativo mas poderia ter sido muito mais positivo caso este cineasta não tivesse jogado tanto pelo seguro e não tivesse apostado tanto no caminho mais comercial. A ideia original do argumento poderia ter sido explorada com mais irreverência e mais qualidade, evitando assim as evidentes recaídas nas superficialidades dramáticas e nos estereótipos românticos. O grande enfoque mediático de “Remember Me” é Robert Pattinson, um jovem actor que se destacou em “Twilight” e que agora compartilha com Kristen Stewart e Taylor Lautner uma monumental popularidade entre os adolescentes, assim sendo, não lhe é muito difícil encontrar um trabalho que seja tão rentável ou comercial como aquele que impulsionou a sua ascensão mediática, no entanto, Robert Pattinson preferiu apostar numa produção romântica / dramática que lhe permitisse demonstrar as suas capacidades como profissional da representação e não como ídolo juvenil, uma aposta que não lhe correu muito bem. A sua performance em “Remember Me” é razoável mas é insuficiente para o legitimar como um excelente profissional. Emilie de Ravin também nos oferece uma desapontante performance. As melhores prestações de “Remember Me” pertencem a Pierce Brosnan e Chris Cooper, dois experientes actores que ofuscam as prestações dos actores mais jovens e populares. A performance de Lena Olin é acanhada mas agradável.


A crítica não se rendeu a “Remember Me” e aparentemente o público também não se convenceu com esta modesta produção porque a sua estreia nos Estados Unidos da América ficou muito àquem das expectativas comerciais, uma situação que se deve claramente à falta de imaginação e de qualidade da sua narrativa que não é mais do que uma simples história romântica com um final trágico.

Classificação – 2,5 Estrelas Em 5

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