sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Crítica – Adaptation (2002)

Realizado por Spike Jonze
Com Meryl Streep, Nicolas Cage, Chris Cooper

Adaptation é um filme sobre orquídeas mas é também um filme sobre como escrever cinema. Nicolas Cage interpreta, em muito bem conseguidas cenas de montagem, dois irmãos gémeos (Charlie Kaufman e Donald Kaufman) que são na realidade os dois argumentistas do filme, tendo Charlie sido o autor, no filme e na realidade, do inigualável Being John Malkovitch. Meryl Streep cria Susan Orlean, uma conhecida jornalista americana autora de um livro chamado The Orchid Thief. Ora filme joga o tempo todo com esta referência interna. O argumento de Adaptation é a história de como Charlie adaptou o livro ao cinema. Essa adaptação foi angustiante. Cage cria um Charlie muito pouco confortável na sua pele, um artista em permanente autocrítica, por ser gordo, feio, careca e que, desesperado, se decide introduzir na própria história. É mesmo um dos pontos mais altos do filme o genérico onde somos bruscamente introduzidos nos seus pensamentos e no seu martírio mental. Já Donald é um argumentista menos dotado, mais comercial, mas muito confortável consigo mesmo. A figura de John Laroche, o ladrão de orquídeas, que garantiu a Chris Cooper o Óscar de Melhor Actor Secundário, é o verdadeiro motor do filme. Ele tem uma personalidade ímpar, uma excelente auto-imagem e uma fixação doentia por tartarugas, e vai desmoronar tudo à sua volta como sempre fez.

O desenrolar da narrativa tem momentos de boa comédia mas cai, a meu ver, frequentemente na exploração de situações levadas ao extremo do ridículo, ainda assim com uma fluência que surpreende o espectador. Os clichés são usados e abusados jogando com o facto das personagens terem uma existência real. Para além das excelentes interpretações de Meryl Streep e Chris Cooper o filme convence pela originalidade de um argumento que conta a sua própria história e a dos seus autores.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

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