domingo, 21 de junho de 2009

Crítica - State of Play (2009)

Realizado por Kevin Macdonald
Com Russell Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams

Baseado numa série política da BBC, “State of Play” apresenta-nos uma história intelectualmente complexa que aparentemente tem como principal enfoque as vicissitudes e conspirações político-militares tão proeminentes na nossa sociedade global, no entanto, à medida que entramos na vasta e enigmática teia de informações e reviravoltas fornecidas inteligentemente pelo argumento, apercebemo-nos que não estamos perante mais um simples e aborrecido thriller político mas sim perante uma interessante obra de investigação fictícia que rapidamente nos prende/cativa e nos obriga a pensar sobre a direcção e conclusão da perspicaz investigação jornalística que vamos acompanhando.


A história do filme começa apressadamente e misteriosamente por mostrar um complexo homicídio que afecta um jovem drogado e um inocente transeunte que graças à penumbra da noite consegue sobreviver, tendo no entanto sofrido graves danos físicos que o colocam num coma profundo mas aparentemente reversível. Na manhã seguinte ao incidente, Cal McAffrey (Russell Crowe), um famoso jornalista de investigação, chega ao local do crime e recolhe algumas informações circunstanciais junto do detective Donald Bell (Harry Lennix), o encarregado do caso. Paralelamente, somos transportados até ao Capitólio, onde o promissor congressista republicano Stephen Collins (Ben Affleck), membro activo de uma comissão de investigação do congresso aos negócios e actividades de uma empresa de segurança privada que é responsável por alguns trabalhos de segurança nos vários cenários de guerra, é informado pelos seus assistentes políticos sobre a trágica morte da sua assistente de investigação, Sonia Baker (Maria Thayer). Esta notícia devasta emocionalmente Stephen que posteriormente não se consegue controlar durante a audiência de inquérito, dando azo à especulação dos media que afirmam repetidamente que Sonia e Stephen eram amantes. Esta notícia causa muita contestação junto do público, algo que leva McAffrey a acreditar que Stephen, seu amigo de longa data, possa estar a ser alvo de uma estratégia de desacreditação por parte da empresa de segurança privada que está a analisar/investigar. À medida que várias novas peças vão surgindo, McAffrey e Della Frye (Rachel McAdams), uma ambiciosa jornalista política, vão juntando todos os factos e provas até obterem alguns indícios que ligam o homicídio do jovem drogado ao aparente suicídio de Sonia, ligação essa que poderá estar relacionada com uma grande conspiração política que liga o Governo e o Exercito à PointCorp, a empresa de segurança privada.


Entre dramas pessoais e conspirações governamentais, “State of Play” explora inúmeras vertentes narrativas que contribuem para uma surpreendente conclusão que possivelmente irá contrastar com todas as ideias previamente formuladas pelo espectador durante a introdução do filme e exposição inicial dos factos. O romance também aparece timidamente na história através do quadrado amoroso que envolve McAffrey, Stephen, Sonia e Anne (Mulher de Stephen), no entanto esta vertente só se torna relevante nos últimos instantes do filme que clarifica objectivamente estas relações. A realização de Kevin Macdonald é bastante eficaz e amplamente correcta porque aposta numa vertente criativa razoavelmente simples que evita algumas dúvidas e possíveis confusões relativamente ao complexo desenvolvimento da história. A fotografia é amplamente comum e superficial, sendo praticamente irrelevante para o resultado final.O único elemento do elenco que não convence é Ben Affleck que sem grandes surpresas, volta a nos apresentar uma performance seca e vazia que afecta negativamente o trabalho dos seus companheiros de profissão. Ao assumir o protagonismo sem grandes dificuldades, Russell Crowe assina uma performance de qualidade que exterioriza o seu talento e profissionalismo. Ao nível das prestações secundárias também encontramos várias performances de qualidade, nomeadamente as prestações realistas e portentosas de Rachel McAdams e Helen Mirren.
Dentro do género, “State of Play” assume-se como uma produção de qualidade. Um argumento complexo e intelectual mas perfeitamente organizado fornece à obra um elemento de luxo que é brilhantemente interpretado pela grande maioria do elenco e objectivamente dirigido por um realizador eficaz e talentoso.

Classificação - 4,5 Estrelas Em 5

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