sexta-feira, 8 de maio de 2009

Crítica - Star Trek (2009)


Realizado por J.J. Abrams
Com Chris Pine, Simon Pegg, Winona Ryder, Zachary Quinto

Ao longo de cinco décadas, a extensa legião de fãs de “Star Trek” acompanhou com muita atenção e fervor, o crescimento deste rentável franchise que originou vários filmes e séries de televisão que ao longo dos anos foram recuperando as principais ideologias e características da primeira versão de “Star Trek”, exibida na NBC entre 1966 e 1969. Esta extensa e intensa exploração comercial da saga começava a saturar o mercado e o próprio produto que ocasionalmente recebia adaptações sem grande qualidade que deturpavam o espírito original e inovador de “Star Trek”. O anúncio da elaboração e produção de uma prequela cinematográfica que contaria a história das origens da mítica tripulação da USS Enterprise, agradou aos Trekkies (Fãs de Star Trek) mas deixou os amantes da sétima arte com grandes dúvidas em relação às intenções dos criadores do projecto porque muitos acreditavam que iríamos estar perante mais uma obra de “Star Trek” sem qualidade e sem interesse. O mês de Maio trouxe finalmente a tão aguardada estreia mundial desta prequela dirigida por J.J. Abrams, o criador da série de culto “Lost”. As previsões pessimistas de alguns proeminentes elementos da crítica mundial não se concretizaram e “Star Trek” acabou por surpreender todos os cépticos que não acreditavam que a saga pudesse regressar com uma obra de qualidade. Ao manter as principais características da saga e das personagens que a imortalizaram e ao renovar o futurista visual de “Star Trek” com as mais recentes tecnologias computorizadas, J.J. Abrams conseguiu devolver o esplendor a um produto clássico que muitos julgavam gasto e acabado.
Nesta décima primeira entrega cinematográfica de “Star Trek”, acompanhamos o primeiro encontro dos vários tripulantes da USS Enterprise e a sua primeira viagem/missão a bordo da nave mais sofisticada do mundo. Essa perigosa missão consiste na eliminação de uma força diabólica e extraterrestre que ameaça a Humanidade e o futuro da Federação. Caberá ao jovem capitão James T. Kirk (Chris Pine) e á sua fiel e ligeiramente inexperiente tripulação, derrubar a ameaça Romulana de Nero (Eric Bana) e devolver a paz a esta pequena parte do Universo.


O argumento explora a juventude da mítica tripulação da USS Enterprise, focando-se essencialmente em Kirk e Spock, os eternos protagonistas de “Star Trek”. A primeira parte do filme é inteiramente dedicada à apresentação e exploração das personagens que compõem a icónica tripulação. Através de pequenas mas emocionantes aventuras protagonizadas por Kirk, exploramos as origens pessoais e emocionais destas personagens que vão formando uma forte ligação de amizade. Esta viagem até aos primórdios da saga é dominada pela complexa relação entre Kirk e Spock que graças às suas personalidades antagónicas, entram num conflito pessoal que eventualmente é substituído pela relação de amizade e respeito que todos nós conhecemos. A segunda parte do filme é dedicada à versão bélica da saga, ou seja, as fantásticas lutas espaciais que mostram a química e destreza da tripulação da USS Enterprise. A construção das personagens respeitou o passado da saga ao incutir aos vários membros da tripulação as diversas características pessoais que vincaram na versão original, nomeadamente o irónico humor de Kirk e a incessante divisão intelectual de Spock entre a lógica e a emoção. Não consigo encontrar grandes falhas neste argumento que explora as origens da saga sem descontextualizar a história das obras anteriores, uma característica fundamental numa prequela.
A realização de Abrams corresponde à qualidade do argumento porque mistura os elementos clássicos com os contemporâneos sem entrar em grandes exageros ou repetições. O enorme investimento financeiro efectuado neste “Star Trek” é justificado pelos magnânimes efeitos especiais que fazem justiça ao género da obra. As mais recentes tecnologias foram bem empregues no visual surpreendentemente realista e futurista deste filme que aposta numa renovação visual de alguns icónicos mecanismos da saga original. As múltiplas cenas de acção que vão aparecendo ao longo da história são acompanhadas por inúmeros efeitos especiais que atribuem um maior realismo e profundidade ao seu desenvolvimento. Neste alucinante campo, as cenas que envolvem as imponentes naves espaciais são claramente as melhores e as mais espectaculares. A fotografia de Daniel Mindel aposta numa mistura entre elementos futuristas e contemporâneos que criam um interessante paralelismo entre o nosso presente e o futuro de Star Trek. O compositor Michael Giacchino ficou encarregue da banda sonora que recupera algumas sonoridades clássicas de “Star Trek” e acrescenta-lhes alguns elementos novos que se entrelaçam na perfeição com a composição original, criando um ambiente sonoro adequado à constante ligação passado/presente do filme.


O elenco é dominado pela qualidade dos actores que dão vida aos tripulantes da USS Enterprise. Esse grupo de jovens actores superou as minhas expectativas e conseguiu interpretar com um grande à-vontade e qualidade, algumas das personagens mais famosas do século passado. O grande destaque vai para Chris Pine e Zachary Quinto que assumiram os difíceis papéis de Kirk e Spock. Ambos apresentam uma performance de luxo que confere às personagens um carisma próprio da sua juventude que cria uma ponte com a evolução das suas personalidades na idade adulta, interpretadas no passado por William Shatner e Leonard Nimoy que faz uma pequena aparição neste filme.
Entre uma história de qualidade que apresenta diálogos significativamente interessantes que exploram as origens da mítica tripulação da USS Enterprise e vários momentos de pura acção que são acompanhados por grandiosos efeitos especiais, “Star Trek” manteve-se fiel ao espírito original da saga ao conseguir equilibrar a vertente ficcional e científica da história com a vertente humana das personagens que interpretam esta fantástica e intemporal saga.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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