quarta-feira, 18 de março de 2009

Crítica - Three Monkeys (2008)

Realizador: Nuri Bilge Ceylan
Actores: Yavuz Bingöl, Hatice Aslan, Ahmet Rıfat Şungar, Ercan Kesal
http://www.imdb.com/title/tt1233381/

O título deste filme vem duma história japonesa em que existem três macacos, o primeiro representado com a mão a tapar os olhos, o segundo com a mão nos ouvidos e o ultimo com a boca tapada de modo a evitar a percepção do diabo. O grande problema destes macacos é que o diabo continua diante dos três. E a história do filme não é mais que a tradução desta fábula japonesa para a realidade contemporânea turca.
A história do filme pode ser quase contada como uma novela brasileira da TV, um homem de negócios turco com ambições políticas atropela uma pessoa mortalmente por acidente numa floresta e decide fugir mas a matrícula do seu carro é registada por uma testemunha. Para prevenir um escândalo decide dizer que foi o chauffer que conduzia o carro naquele instante e propõe ao seu empregado confessar o crime em troca de uma quantidade de dinheiro avultada. O chauffer apanha 1 ano de cadeia e enquanto está na cadeia a sua mulher envolve-se amorosamente de forma frequente com o empresário a troco de adiantamentos de dinheiro. O filho dos dois apesar de resistência inicial aceita calar-se porque necessitava de dinheiro. Quando o homem sai da prisão, a sua relação com a família torna-se um inferno silencioso. Os três sabem do que se passa mas nenhum tem coragem em falar, em ouvir e a ver para manter a ‘unidade familiar’.
É uma história complicada mas que o cineasta filma com uma grande sensibilidade realçando os silêncios, os pensamentos e as expressões das personagens. Não é um filme de grandes diálogos mas de inteligência e sensibilidade. Na minha opinião o tema do filme é o silêncio, não um silêncio tranquilo mas um silêncio forçado e falso. Por vezes torna-se contemplativo chegando mesmo a realçar a beleza de Istambul (cenário do filme). Também alguns críticos interpretam como uma caricatura à situação actual das famílias do mundo árabe (onde a honra e a aparência são muito importantes).
O trabalho de fotografia deste filme é elaborado e original e o realizador usa uma vasta amplitude de ângulos de câmara na realização mas não deixa de ser um filme sóbrio. Talvez o único defeito deste filme seja a existência de um ou dois detalhes confusos na historia (eu vi este filme num cinema em França em VO com legendas) e alguma perda de ritmo na fase final do filme.Ganhou o prémio de Melhor Director no Festival de Cannes de 2008 e foi pré-finalista dos Óscares para Melhor Filme Estrangeiro em 2009.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

Escrito e Enviado por José Carlos Couto

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