Realizado por Teresa Villaverde
Com Ana Moreira, Alexandre Pinto, Nelson Varela, Paulo Pereira, Hélder Tavares
Esta obra de Teresa Villaverde caracteriza-se pela sua crua e dura análise duma realidade social que abrange aqui três jovens inadaptados a essa realidade. “Os Mutantes” conta-nos a história de Andreia, brilhantemente interpretada por Ana Moreira, Pedro (Alexandre Pinto) e Ricardo (Nelson Varela). Estes três jovens são os “mutantes” que não se adaptam a uma realidade social onde lhes é imposta a permanência em centros de reinserção social em alternativa ao meio familiar agressivo onde cresceram. Teresa Villaverde pretendia fazer um documentário sobre essas crianças das instituições de reabilitação que crescem numa dura realidade bem diferente daquela que é suposta ser uma infância normal. Ao que parece, essa sua intenção em concretizar esse projecto foi-lhe negada.
O título do filme “Os Mutantes” identifica-se logo à partida com as personagens e os seus caminhos que parecem não ter um destino, a sua inadaptação à sociedade, os seus caminhos que conduzidos por vias sombrias os levam a destinos ainda mais negros, onde o crime é meio envolvente para um desfecho previsível de jovens inadaptados à sociedade e consequentemente inseridos num mundo delinquente que lhes traz uma liberdade desejada e um bem-estar procurado e ansiado que em centros de reinserção social lhes é negada. Mas mais ainda, essa inadaptação estende-se ao meio familiar onde tudo lhes é estranho e disfuncional, querendo assim parecer que o único local onde se sentem bem é na rua. A cineasta faz também uma reflexão à força interior desses jovens que lutando contra uma sociedade dura revelam um espírito de sobrevivência enorme. A cena do parto é particularmente dramática e visualmente impressionante. Nesta cena, bem como noutras, Ana Moreira transpõe para o ecrã todo um sofrimento, dor, angústia e desespero de parir sem ajuda. O abandono posterior do rebento, a fragilidade com que Andreia surge após o parto e o caminhar até ao seu desfalecimento mostram esse desespero e esse sofrimento de quem tentou lutar contra uma sociedade feroz e desumana que venceu mais uma alma errante e inadaptada neste mundo injusto.
Teresa Villaverde realiza um filme visualmente agressivo e onde é dado aos actores bastante espaço para triunfar, caso de Ana Moreira que tem aqui uma excelente interpretação, premiada nos Festivais de Taormina e Bastia. “Os Mutantes” é uma obra-prima do cinema português que, infelizmente, têm cada vez menos espectadores. Por mim, vou continuar a desfrutar de cinema português com qualidade como esta obra de Teresa Villaverde.
Com Ana Moreira, Alexandre Pinto, Nelson Varela, Paulo Pereira, Hélder Tavares
Esta obra de Teresa Villaverde caracteriza-se pela sua crua e dura análise duma realidade social que abrange aqui três jovens inadaptados a essa realidade. “Os Mutantes” conta-nos a história de Andreia, brilhantemente interpretada por Ana Moreira, Pedro (Alexandre Pinto) e Ricardo (Nelson Varela). Estes três jovens são os “mutantes” que não se adaptam a uma realidade social onde lhes é imposta a permanência em centros de reinserção social em alternativa ao meio familiar agressivo onde cresceram. Teresa Villaverde pretendia fazer um documentário sobre essas crianças das instituições de reabilitação que crescem numa dura realidade bem diferente daquela que é suposta ser uma infância normal. Ao que parece, essa sua intenção em concretizar esse projecto foi-lhe negada.
O título do filme “Os Mutantes” identifica-se logo à partida com as personagens e os seus caminhos que parecem não ter um destino, a sua inadaptação à sociedade, os seus caminhos que conduzidos por vias sombrias os levam a destinos ainda mais negros, onde o crime é meio envolvente para um desfecho previsível de jovens inadaptados à sociedade e consequentemente inseridos num mundo delinquente que lhes traz uma liberdade desejada e um bem-estar procurado e ansiado que em centros de reinserção social lhes é negada. Mas mais ainda, essa inadaptação estende-se ao meio familiar onde tudo lhes é estranho e disfuncional, querendo assim parecer que o único local onde se sentem bem é na rua. A cineasta faz também uma reflexão à força interior desses jovens que lutando contra uma sociedade dura revelam um espírito de sobrevivência enorme. A cena do parto é particularmente dramática e visualmente impressionante. Nesta cena, bem como noutras, Ana Moreira transpõe para o ecrã todo um sofrimento, dor, angústia e desespero de parir sem ajuda. O abandono posterior do rebento, a fragilidade com que Andreia surge após o parto e o caminhar até ao seu desfalecimento mostram esse desespero e esse sofrimento de quem tentou lutar contra uma sociedade feroz e desumana que venceu mais uma alma errante e inadaptada neste mundo injusto.
Teresa Villaverde realiza um filme visualmente agressivo e onde é dado aos actores bastante espaço para triunfar, caso de Ana Moreira que tem aqui uma excelente interpretação, premiada nos Festivais de Taormina e Bastia. “Os Mutantes” é uma obra-prima do cinema português que, infelizmente, têm cada vez menos espectadores. Por mim, vou continuar a desfrutar de cinema português com qualidade como esta obra de Teresa Villaverde.
Classificação -4,5 Estrelas Em 5
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