quarta-feira, 18 de março de 2009

Crítica - Marley & Me (2008)

Realizado por David Frankel
Com Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane

O jornalista Josh Grogan publicou em 2005 um livro autobiográfico que relatava as fantásticas experiências que a sua família passou com o seu afável cão de estimação. O livro tornou-se rapidamente num sucesso comercial e a sua adaptação ao cinema tornou-se inevitável. O tão aguardado filme estreou em Dezembro nos EUA e rapidamente conquistou um lugar de destaque no Box-Office. Agora, “Marley & Me” chega finalmente às salas de cinema portuguesas com a promessa de derreter os corações dos amantes de animais que, ao longo dos anos, aprenderam muito com os seus fiéis companheiros de estimação. A sua história começa por nos apresentar a Jenny (Jennifer Aniston) e John (Owen Wilson), os futuros donos de Marley que acabaram de casar e decidem trocar os Invernos rigorosos do Michigan pelo Verão constante da Florida. Enquanto Jenny sonha com o primeiro filho, John ainda não está preparado para crianças e por isso, seguindo o conselho de um colega, resolve oferecer um cão à mulher. É assim que Marley, um bonito labrador amarelo, entra nas suas vidas. Marley não demora a transformar a vida dos dois num caos já que nada consegue fugir à sua voracidade. Mas ao ritmo dos anos e das catástrofes, Marley será testemunha das escolhas de carreira, dúvidas e mudanças de Jenny e John. E mesmo sendo Marley o pior cão do mundo, é um tornado de energia que vai ensinar-lhes a maior lição das suas vidas e realçar o melhor que existe neles.
O argumento do filme mistura a essência narrativa do livro com a dramatização típica de Hollywood que confere a uma história já de si melancólica, alguns momentos de profunda emoção e ternura que chocam um pouco com a caracterização cómica do filme. Ao nível humorístico, o filme apresenta algumas cenas engraçadas que ilustram bem as habituais traquinices dos cães e as correspondentes reacções dos donos, no entanto, é na sua vertente emocional e subjectiva que o filme prende a atenção do espectador. A vida matrimonial de Jenny e John é constantemente abalada por certas problemáticas típicas da sociedade e da personalidade que são progressivamente ultrapassadas com a importante ajuda de Marley, um cão rebelde mas que em determinadas alturas assume um papel preponderante na relação familiar, ajudando a estabilizar as inconstantes dúvidas e mudanças do casal. Entre os vários problemas abordados pelo filme encontramos o eterno conflito carreira-família, a fobia da paternidade e a depressão pós-parto. Estes e outros temas bastante interessantes e relevantes são devidamente abordados e em nenhum momento são alvo de uma análise excessivamente complexa e paradigmática.
O filme encerra várias mensagens que derivam principalmente das problemáticas/temáticas que vão sendo abordadas mas a verdadeira mensagem do filme/livro está na relação espiritual e familiar que um humano vai desenvolvendo com o seu animal de estimação. Não nos podemos esquecer que a história de “Marley & Me” deriva de um conto pessoal em que o autor e a sua família criaram verdadeiros laços familiares com o seu cão que por sua vez os ajudou à sua maneira divertida e ternurenta. Todos os espectadores que têm ou já tiveram animais de estimação vão compreender na perfeição esta ligação Dono-Animal que transcende por vezes a barreira da comunicação. Esta verdadeira relação de dependência fomenta-se nos dois lados porque o Animal vê no seu Dono a sua família e este, muitas das vezes, vê no seu Animal um amigo e confidente. Esta relação é visível no filme/livro e pode ser facilmente comprovada no nosso dia-a-dia.
Na minha opinião, o livro apresenta uma maior consistência narrativa, no entanto, não estamos perante uma má adaptação cinematográfica porque dentro do possível, David Frankel conseguiu resumir muito bem a essência emocional da obra literária. É claro que alguns pormenores foram negligenciados e algumas situações poderiam ter sido alvo de um melhor tratamento mas na sua generalidade, o trabalho apresentado faz justiça à fama do livro. O elenco é composto por algumas caras bem conhecidas de Hollywood como Owen Wilson e Jennifer Aniston, os dois co-protagonistas desta história. Após um período pessoal algo conturbado, Owen Wilson regressa em forma aos grandes palcos comerciais e apesar de não ser, na minha opinião, um grande actor, consegue arrancar uma prestação razoável neste filme. Jennifer Aniston mantém-se no estilo que melhor conhece e domina, logo é natural que a sua prestação permaneça ao mesmo nível de performances anteriores que não lhe exigiram muito menos que este “Marley & Me”. O grande destaque deste elenco acaba por ir para os 22 cães que deram vida às diferentes fases de Marley. Um bom trabalho dos tratadores e treinadores dos animais que merece ser assinalado.
Apesar de não ser um filme brilhante, “Marley & Me” apresenta-nos alguns pontos positivos ao nível do argumento que valem a pena ser apreciados. Apesar de ser descrito como uma comédia, o filme apresenta alguns traços dramáticos que certamente provocaram algumas lágrimas nos espectadores mais emocionais. Seja como for, “Marley & Me” não é uma obra que está unicamente direccionada aos apreciadores de animais, é sim um leve filme familiar que pode ser apreciado por qualquer espectador que aprecie uma história bonita e simples.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

0 comentários :

Postar um comentário