quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Crítica - Twilight (2008)

Realizado por Catherine Hardwicke
Com Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner

A versão literária de “Twilight” alcançou o estatuto de fenómeno cultural, graças a milhares de jovens de todo o mundo que “devoraram” a história do romance proibido entre um vampiro e uma mortal. Esse fanatismo pela obra de Stephenie Meyer não é descabido já que o livro está muito bem escrito e a sua história mostra-se capaz de agradar a qualquer pessoa de qualquer idade. A provar a sua abrangência e qualidade, estão as diversas honras que recebeu por parte do New York Times e de várias associações literárias. A versão cinematográfica de “Twilight” parece estar a acompanhar o sucesso comercial da saga literária mas não acompanhou definitivamente a sua criatividade narrativa. Adaptar um livro ao cinema não é, nem nunca será fácil, a diferença entre uma boa e uma má adaptação está geralmente na forma como a história original é editada e transposta para o argumento do filme e é precisamente nesse campo que “Twilight” fraqueja.
Como já referi, a história de “Twilight” é criativamente simples e algo semelhante a uma versão moderna e vampírica do famoso romance shakespeariano “Romeu & Juliet”. A protagonista desta romântica história é a jovem Bella Swan (Kristen Stewart), uma rapariga de 17 anos que nunca se preocupou em ser uma das miúdas com estilo da sua escola secundária em Phoenix. Quando a sua mãe divorciada volta a casar, Bella vai viver com o pai para a pequena e chuvosa cidade de Folks, um sítio recatado e aparentemente aborrecido. Com a mudança de cidade veio obrigatoriamente a mudança de escola e é na sua nova instituição de ensino que Bella conhece o misterioso e fascinante Edward Cullen (Robert Pattinson), um rapaz inteligente, divertido e diferente de todos os outros que ela conheceu. No entanto, o que Bella não se apercebe de imediato é que Edward é um vampiro e como todos os vampiros ele é imortal, mas não tem presas e não bebe sangue humano devido ao facto de Edward e a sua família serem os únicos entre os vampiros que escolheram uma opção de vida mais recatada. Edward vê em Bella a sua alma gémea, algo que lhe dificulta o auto-controlo sobre os seus instintos assassinos e predatórios já que o seu amor pela rapariga é altamente proibido a menos que a transforme em vampiro, o que inevitavelmente violaria os costumes da sua família e torná-lo-ia num vampiro sedento de sangue humano. A delicada situação do jovem casal piora quando James (Cam Gigandet), Laurent (Edi Gathegi) e Victoria (Rachelle Lefevre), os inimigos mortais dos Cullens, chegam à cidade dispostos a matar e a massacrar.
O argumento assume-se claramente como o maior defeito do filme já que não conseguiu apresentar ao público, um enredo cativante e digno da magia romântica e dramática descrita no livro. O filme perde demasiado tempo em apresentar personagens secundárias dispensáveis e em alongar desnecessariamente cenas intermédias, em contrapartida não gasta quase tempo nenhum em apresentar devidamente as personagens principais e em contextualizar o seu passado. Esta falha reflecte-se na percepção que o público tem da história, um espectador que nunca tenha lido o livro muito dificilmente irá compreender na perfeição a história entre Bella e Edward e o passado deste. Outro grave problema do argumento são os diálogos que raramente roçam a pertinência e a sinceridade, muitos deles não ajudam a conferir à cena qualquer sentido prático já que parecem saídos de uma enciclopédia de clichés românticos. Escusado será dizer que o livro não apresenta nenhuma destas falhas, os diálogos são inclusive um dos aspectos mais interessantes do livro.
Em termos visuais, o filme apresenta uns cenários e umas paisagens que condizem com os espaços descritos no livro. Os efeitos especiais são simples mas perfeitamente adequados a uma história que nunca apela a exageros. A realização de Catherine Hardwicke mostra-se imperfeita na edição das cenas e no controlo do seu tempo, no entanto, apresenta no geral um trabalho técnico satisfatório. O elenco do filme é maioritariamente composto por jovens talentos de Hollywood que tiveram aqui a oportunidade de mostrar o que valem. Kristen Stewart e Robert Pattinson, são aqueles que inegavelmente dão mais nas vistas por terem interpretado o estranho par romântico do filme, no geral apresentaram uma boa performance e uma boa química no grande ecrã. O jovem Cam Gigandet também dá nas vistas como o principal vilão da história. Em suma, “Twilight” é um bom filme para os fãs da saga literária mas poderá ser demasiado juvenil para o público mais velho ou para um espectador exigente que procure mais do que uma história romântica.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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