terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Crítica – RocknRolla (2008)

Realizado por Guy Ritchie
Com Gerard Butler, Tom Wilkinson, Thandie Newton

Este último de Guy Ritchie lembra-nos inevitavelmente Tarantino. A intiga, demasiado complicada para transmitir uma acção principal relativamente simples, gira em torno de um gangster veterano, Lenny Cole (Tom Wilkinson), que trafica influências por toda a Londres. O produto mais traficado são autorizações de licenciamento para construção e, quando o bilionário russo Uri Omovich (Karen Roden) entra nesse jogo, uma grande quantidade de dinheiro e um quadro valioso passam a ser cobuçados por muitos criminosos que se engalfinham em lutas infindáveis para os conseguir, até que tudo vai parar Às mãos de uma estrela do rock (Toby Kebbell), o enteado de Lenny, dado como morto embora o não estivesse. Esse sim, um verdadeiro RocknRolla.


Embora concorde com a opinião dominante de que o filme exagera no número de personagens e na complicação da intriga, discordo daqueles que vêem aqui uma repetição de outros trabalhos do autor. A ironia sempre recorrente sobre o pano de fundo da criminalidade organizada, o humor negríssimo e as situações inusitadas, como a dos gangsters russos homossexuais e sado-masoquistas, ou mesmo a experiência gay do charmoso bandido One Two (Gerard Butler), são recursos de cómico que exigem que o publico disponha de um quadro de referências de filmes sobre crime organizado que lhe permita processar a sofisticação destes recursos. Com isto quero dizer que a citação, há muitas semelhanças como os universos criados por Tarantino nomeadamente em Pulp Fiction, não é um defeito mais um instrumento de humor muito bem conseguido. Por outro lado, a transposição do crime organizado do tráfico de droga para o mercado imobiliário é, não só ousada, como muitíssimo apropriada e actual. Também o final é surpreendente e bem conseguido.


Este filme não procura possivelmente ir mais longe do que o entretenimento mas consegue-o bem e exige, como já disse, uma cultura cinéfila da parte do público que o torna agente actuante na construção do sentido da obra o que é louvável.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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