sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Crítica - Untraceable (2008)

Realizado por Gregory Hoblit
Com Diane Lane, Billy Burke, Colin Hanks

Muitos têm sido os filmes que nos últimos tempos têm abordado o impacto negativo que as novas tecnologias têm na sociedade, contudo apenas uma escassa minoria dessas obras é que se mostrou capaz de retratar o tema com a profundidade devida e com o bom senso necessário. Aos filmes que não conseguiram abordar devidamente esta temática junta-se “Untraceable”, um thriller que no campo narrativo não se conseguiu livrar dos clichés do género e que se mostrou incapaz de corrigir os erros dos seus “antecessores”, também no campo visual o filme apresenta pouca criatividade e originalidade já que tentou, sem sucesso, retratar o ambiente sádico e terrorífico de filmes como “Saw” e “Hostel”.
A história do filme tem como protagonista Jennifer Marsh (Diane Lane), uma agente especial que pertence à divisão de cibercrime do FBI, dedicada à investigação de criminosos na Internet que vão desde ''hackers'' a pedófilos ou outros criminosos que usam a rede com fins fraudulentos. O novo caso de Jennifer está longe de ser fácil, ela tem que travar um predador cibernético que começa a utilizar a Internet para publicar imagens das torturas que inflige às suas vítimas e coloca o destino dos prisioneiros nas mãos dos espectadores, quanto maior for o número de visitas ao site, mais rapidamente morre a vítima. Jennifer e o FBI tentam a todo o custo localizar a origem do site numa autêntica corrida contra o tempo e contra a perícia deste atormentado génio informático, contudo a perseguição rapidamente se transforma num jogo do gato e do rato com Jennifer e a sua equipa a serem apanhados na rede do criminoso.
Um dos maiores pontos negativos do filme é a falta de originalidade e criatividade do seu argumento, arrisco-me a dizer que o único factor que distingue este thriller de outros que utilizaram como base narrativa a velha e gasta fórmula do sádico Serial-Killer que pretende castigar a sociedade através de cruéis homicídios, é o facto do assassino de “Untraceable” utilizar a internet como “arma” secundária nos seus crimes, no entanto, esta inovação não é assim tão original já que num passado recente várias séries televisivas apostaram na mesma ideia para comercializar e vender o seu produto. Outro problema do argumento é a sua exacerbada visão comercial, esta alimentou o enredo de clichés do género e impediu a criação de uma intriga digna desse nome e capaz de prender a atenção do espectador do princípio ao fim. Esta excessiva visão comercial também impediu uma abordagem mais intelectual e aprofundada das moralidades que derivam da ideologia de “sociedade tecnológica” presente no filme.
A realização também não apresenta um nível qualitativo superior ao do argumento, esta plagiou, claramente sem êxito, o ambiente obscuro e as sádicas cenas de tortura de filmes de terror como “Saw” e “Hostel”. A realização de Gregory Hoblit também se mostrou incapaz de controlar devidamente a temporização das cenas, estas sucedem-se no espaço sem nenhum ritmo específico o que eventualmente prejudica a intensidade do filme. O elenco é capaz de ser o único ponto positivo do filme. O elenco secundário é algo escasso mas cumpre sumariamente com a sua função de apoiar Diane Lane, uma experiente actriz que utiliza todas as suas qualidades para dar vida à protagonista da história, é certo que Lane já teve no passado melhores performances mas atendendo à simplicidade e falta de garra do seu papel penso que até esteve bem.
“Untraceable” é uma obra que deixa muita a desejar em termos de originalidade e criatividade já que grande parte do filme parece ser copiado ou baseado em várias obras cinematográficas de relativo sucesso comercial. Em termos narrativos, o filme não conseguiu construir uma história interessante e que abordasse devidamente a problemática que o origina, ou seja, a problematização da “sociedade tecnológica”.

Classificação - 1 Estrelas Em 5

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