segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Crítica - Resident Evil (2002)

Realizado por Paul W. S. Anderson
Com Milla Jovovich, Michelle Rodriguez, Eric Mabius e James Purefoy

“Pena” é a palavra que me vem à cabeça quando penso em “Resident Evil”. Pena que a equipa que decidiu adaptar o famoso jogo da CAPCOM para o cinema não tenha conseguido aproveitar o enorme potencial da sua matéria-prima. Pena que os produtores do filme tenham entregue o projecto a um realizador como Paul W. S. Anderson. Pena que os criadores do jogo não tenham sido mais ambiciosos e cuidadosos na venda dos seus direitos para a adaptação cinematográfica.
O jogo da produtora CAPCOM foi um pioneiro, tendo sido o primeiro verdadeiro jogo de terror, que deu origem à categoria dos Survival Horror no mundo dos videojogos. O jogo inseria-nos num mundo de verdadeiro terror e com a ajuda de monstros horripilantes e atmosferas sombrias, silenciosas e pesadas, conseguia ser mesmo assustador. Dessa forma, a adaptação cinematográfica de “Resident Evil” tinha um potencial enorme para se tornar um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos. Mas para isto era necessário que esse potencial fosse levado a sério, e que o projecto fosse entregue a pessoas competentes, ambiciosas e com um sentido apurado de criatividade, responsabilidade e valor artístico. Infelizmente o projecto foi entregue a Paul W. S. Anderson (realizador de “Mortal Kombat” e “Alien VS Predator”) e o resultado é um filme infantil, imaturo e “pipoqueiro”.
O videojogo conta-nos a história de uma equipa de forças especiais (denominada S.T.A.R.S.) que é enviada a uma obscura mansão localizada no meio de uma vasta floresta, com o objectivo de investigar uma série de desaparecimentos e mortes ocorridos no local. Quando entram na mansão deparam-se com os segredos de uma corporação gananciosa e sem escrúpulos (a “Umbrella Corporation”) que deixou escapar acidentalmente um gás (o “T-Virus”) letal para o ser humano, transformando todos os cientistas e trabalhadores da mansão em criaturas em decomposição sedentas de sangue (os clássicos “mortos-vivos”). Um mundo de horror acabara de nascer. O filme conta-nos a história de uma mulher chamada Alice (Jovovich) que é segurança numa mansão isolada e que perde a memória no mesmo dia em que uma equipa de forças especiais irrompe pela mansão. Mais tarde fica a saber que os cientistas do laboratório secreto da mansão estão mortos devido a um gás que se soltou, e que a equipa está lá para evitar uma contaminação geral. Para além disto descobre que o seu falso marido é um traidor e que o laboratório está equipado com todo o tipo de armadilhas electrónicas que parecem saídas de um século XXV mais próximo de “Star Wars” do que do mundo actual. Um mundo de idiotice acabara de nascer…


Percebe-se perfeitamente que os produtores do filme tentaram simplesmente ganhar dinheiro com o sucesso do jogo. “Resident Evil” é um filme claramente orientado para um público adolescente, transformando um jogo de terror num filme de acção pura e dura que apenas pretende vender pipocas e ser o maior nas box-office internacionais. Infelizmente, o actual cinema norte-americano confunde o género do "terror" com o género da "acção". Assim sendo, pensam que ter uma supermodelo a desancar mortos-vivos com golpes de karaté ao som de Marilyn Manson é terrivelmente assustador. Bom… não é. De todo. Afinal de contas o filme mais assustador de todos os tempos é “The Exorcist” ou “Alone in the Dark”? Penso que é “The Exorcist”; um facto que os actuais produtores de Hollywood parecem desconhecer.
Em poucas palavras, este “Resident Evil” pouco ou nada tem a ver com as bases do jogo, sendo pura e simplesmente um filme para esquecer. Paul W. S. Anderson é um realizador incompetente que não sabe o que é cinema de terror. Marilyn Manson é uma desastrosa escolha de casting para se ocupar da banda-sonora do filme, mas é uma escolha bem ao estilo do realizador. Os zombies estão caracterizados apenas com pó de talco na cara e um fiozinho de sangue esporádico (o que obviamente não mete medo a ninguém). A narrativa e a prestação dos actores não convencem ninguém. Tudo pontos que levam a uma questão: porque razão insistem em atribuir estes projectos a Paul W. S. Anderson? Ficaram agora com a mania de que este é o realizador ideal para adaptar todos os videojogos deste género ao cinema, já que “Castlevania” também vai cair nas mãos de Anderson. Mas porquê? Por várias vezes oiço dizer que os filmes adaptados dos videojogos estão condenados a serem maus filmes. Verdade. Mas a culpa não é da matéria-prima. A culpa é da forma como estes projectos caem constantemente nas mãos erradas de produtores e realizadores incompetentes.
Enfim, com tantos pontos negativos resta dizer que a única coisa que se aproveita do filme é (ironicamente) a cena final que faz a ligação com a história do 3º jogo, e que deixava alguma esperança relativamente ao futuro da saga. Infelizmente, como mais tarde viemos a ver, essa esperança afundou-se em águas mais gélidas que as do Titanic e a desgraça continuou.

Classificação - 1,5 Estrelas Em 5

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