quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Crítica - Lou Reed's Berlin (2007)

Realizado por Julian Schnabel
Com Lou Reed, Emmanuelle Seigner, Fernando Saunders, Steve Hunter, Tony Smith

Lewis Allan Reed é um célebre artista musical norte-americano que ao longo de 50 anos de carreira criou inúmeras maravilhas musicais graças ao seu génio volátil e incompreendido. Durante décadas, Reed foi um dos grandes rostos do Rock, tendo contribuído para a inovação do género com a apresentação de vários trabalhos polémicos mas de qualidade que misturavam letras irreverentes com sonoridades experimentais e completamente fora do comum. Um desses irreverentes trabalhos musicais foi o álbum “Berlin”, um trabalho demasiado controverso para o conservador ano de 1972 já que abordava temas como o adultério, prostituição, violação, violência doméstica e suicídio. Tópicos que hoje são banais mas que há 30 anos eram considerados demasiado ofensivos e polémicos. Este excessivo conservadorismo acabou por condenar o álbum ao fracasso comercial e à resistência de Lou Reed em tocar as músicas do álbum ao vivo.
Mais de 30 anos depois do lançamento de “Berlin”, Lou Reed juntou-se a vários artistas convidados para dar finalmente vida ao seu trabalho mais incompreendido. Durante cinco históricas actuações no St. Ann's Warehouse em Brooklyn, Reed e alguns dos seus mais próximos amigos interpretaram ao vivo as polémicas e obscuras canções que compunham o alinhamento de “Berlin”. Este magnífico e raro espectáculo foi captado por várias câmaras de filmar orquestradas por Julien Schnabel, o consagrado cineasta que nos brindou no passado com o galardoado “The Diving Bell and the Butterfly”. O concerto é adornado por pequenas curtas-metragens que correspondem às mensagens das músicas que acompanham, estas ilustram por imagens o que a voz de Reed tenta exprimir por palavras. Todas elas estão muito bem construídas e idealizadas e conjugam-se na perfeição com a história que Reed pretende contar, história essa que se assume como a essência narrativa do álbum “Berlin” e que tem como protagonistas dois drogados que através da música relatam as suas experiencias e traumas de vida.
Julien Schnabel fez um óptimo trabalho na realização mas o verdadeiro mérito do filme pertence a Lou Reed, um artista que marcou várias gerações e que inspirou vários artistas da actualidade e que em “Lou Reed’s Berlin” mostra mais uma vez ao mundo o seu talento e criatividade. Aos 66 anos, Reed apresenta-se numa forma extraordinária tanto a nível físico como mental. Este documentário/concerto musical leva o espectador numa viagem por estranhos caminhos obscuros que no final conduzem a um clímax de satisfação sonora e visual. É claro que os fãs de música comercial e banal não irão gostar deste trabalho, no entanto os apreciadores de música no seu estado mais qualitativo e significativo não podem perder esta fantástica obra.
“Lou Reed’s Berlin” é uma magnífica obra cinematográfica e musical que dá a conhecer ao mundo “Berlin”, um fantástico trabalho de Lou Reed que no passado foi arrasado pelo conservadorismo mas que nos nossos dias recebeu os louvores correspondentes à sua qualidade.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

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